Uma provocação gratuita e boçal. E pode ter obrigado um miúdo, ou uma miúda, a fazer a prova em condições de humilhação. O clima em volta destas coisas anda a ficar pesado.
Na verdade, o enunciado de um exame da faculdade não será a sede mais própria para este tipo de piadolas... No meu tempo, quando por lá passei, não me lembro de ter visto coisas destas...
Luis Pires, e porque razão é uma "afronta" referir a poligamia ou a bestialidade? Por que é que insiste em não aceitar que outros pensem (e vivam) de maneira diferente?
Para si pode ser impensável e ultrajante o casamento polígamo, mas se calhar deveria ser mais tolerante e não julgar os outros...
Não consigo inferir ironia do tom do FNV - as duas leituras do seu post parecem possíveis. Presumo que o FNV concorde com os Jugulares que tal exame é uma afronta (embora não se veja bem a quem nem ao quê), mas corrija-me se eu estiver errado.
Francamente, o exame parece bem feito. As perguntas suscitam que o aluno articule, à luz dos vários direitos aplicáveis, argumentos a favor das posições referidas. Tal qual um jurista terá de fazer repetidamente ao longo da sua vida profissional, com diversas situações que muitas vezes não serão do seu agrado.
E o sururu dos Jugulares é por causa da associação entre casamento gay e bestialidade? É que são eles a fazer os juízos de valor.
Magalhães, um jurista terá ao longo da vida oportunidade de informar outros simples juristas, meritíssimos e até Professores Doutores Meu Deus, que são imbecis, que isto mesmo entre juristas não é só articulações, até quando se responde a perguntas. Isto é: quando as coisas não são do seu agrado, como diz, até os juristas frequentemente reagem de forma pouco articulada. Infelizmente, os alunos, salvo honrosas e arriscadas excepções, não o poderão fazer assim tão directamente e lá terão que articular qualquer coisa que se lhes peça, para sobreviver. Em certas épocas em determinados lugares perante certos professores, um aluno negro poderia ter de elocubrar sobre a magna e pertinentíssima questão de se saber se seria constitucional uma lei que, em complemento à lei que impedisse a discriminação racial, autorizasse a contratação de macacos. Isto não vai articulado, mas espero que se perceba.
Ruben: Justamente! Eu não quero julgar os outros. É católico? Viva feliz. É homossexual? Viva feliz. É judeu? Viva feliz. É vegetariano? Viva feliz. É ateu? Viva feliz. Não lhe interessam nada estas opiniões/opções? Viva feliz.
O Ruben entende perfeitamente mas... deve estar a fingir que não.
Eu entendi o post do Filipe da mesma maneira que ele, só isso.
O enunciado não devia ter a introdução, essa sim boçal. Quanto a constitucionalidade do casamento polígamo, até 1952 era "constitucional" na Tunísia "primeiro país a considerá-lo contra a lei no mundo árabe", salvo erro. A Constituição julgo que define o casamento. Se for "entre pessoas" é constitucional o casamento polígamo. Se fosse entre "seres" então podia ser com outros animais, e aí eu já punha a hipótese de casar. Se fosse aluna da FDL garanto-vos que o Professor, quer quisesse quer não, ia-me dar a nota máxima. Fosse eu gay, lésbica ou hetero, o meu poder de argumentação aumentaria na relação directa com a injustiça e cega por me terem magoado, seria ainda mais brilhante. Depois sózinha e triste consideraria que não vale a pena neste país, nesta Faculdade, assim, e é para essa fase e para esses alunos que escrevo este comentário.
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