O homem* perdeu a mulher há quatro anos ( cancro da mama migrado para áreas adjacentes) e há dois anos que vê a filha morrer todos os dias. A miúda tem dezoito anos e um cancro ósseo, raro e eficiente como um cutelo que aos poucos vai separando a vida dos tecidos. Só no outro dia a fé veio a terreiro com lanças e tudo: "É o que eu tenho, é tudo o que eu tenho". Um primeiro derechazo descobre apenas resignação e esperança. Nestes dias de endeusamento da última macaquice da Apple e da mais recente parolice cripto-erótica ( "cada vez mais mulheres portuguesas aprendem a dança do varão para estimular o companheiro" ), parece pouco e contraditório. Claro que se nos submetermos a algo que não se pode comprar nem discutir, já faz sentido. Um segundo passe de peito já vê mais qualquer coisa. Acreditar num ordenamento que escolhemos como bom, mas que nos pode tirar o que amamos, é tão corajosamente avassalador que, de facto, é tudo o que se tem. Não há mais nada. Bom, isto é um mero agnóstico a falar.
* recordo, porque há muitos idiotas, que altero sempre os dados biográficos de forma a ser impossível a identificação.
E eu a achar que tinha tido coragem a lidar com o carcinoma da supra-renal esquerda, que ma levou mais o respectivo rim !(e o dito rim estava limpinho,precaução oblige)
Tive sorte e se Alguém olhou por mim, outro alguém olhou para o lado e deu-se por vencido. Como o compreendo,caro FNV.Abraço.
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