Há uma campanha engraçada contra a tolerância de ponto concedida pelo Governo. Não passa na cabecinha dos exaltados que a coisa possa ser concedida por razões de segurança ou para facilitar a vida e até os sindicalistas se vieram insurgir. Por mim, egoisticamente, dispensava a tolerância de ponto: não me serve de nada nem altera a programação da minha agenda, embora admita que facilite muito a vida aos que queiram estar presentes nas cerimónias.
Aos raivosinhos, sugiro que comecem desde já a insurgir-se também contra as tolerâncias de ponto nas tardes da véspera de Natal e da Quinta-Feira da Paixão (incompreensíveis num estado laico), e do Carnaval (cuja ligação ao período quaresmal subsequente é evidente).
E esta história de, em Agosto, não se pagar portagem na ponte sobre o Tejo também não me parece nada bem para as finanças. Se as agências de rating sabem desta borla...
"A FÉ MOVE MONTANHAS, mas os mais apressados usam a dinamite. A frase não é minha, encontrei-a na casa de banho de um restaurante lisboeta, o que prova, uma vez mais, que a cultura nacional anda de calças na mão. A sentença logo me levou a fazer a ligação com a visita do papa que, asneirada, chega na terça-feira. Explico.
Não gosto de papas, das de maizena, das de linhaça ou dos de Roma. Abro parênteses: minto; não me referi, intencionalmente, às de sarrabulho, de chupar os dedos até aos cotovelos. Fecho parênteses. E deste então, nem se fala, ou seja, se há graus de não gostar dos bispos do Vaticano, este Bento ocupa o lugar cimeiro da escala. Ratzinger - que foi no Vaticano guardião da dita Fé – não, obrigado. No almoço comemorativo dos cinco anos deste blogue, reunião muito simpática e gratificante, um dos participantes insistiu com um outro no sentido de fazer um esforço final, nestes dias que faltam para a despudorada visita, na denúncia e crítica dela. Com factos, acrescentou. Concordei. Concordo.
Há que o dizer, tal como no estrangeiro, que a chegada do pontífice não é desejada por muitíssimos Portugueses. A Time, por exemplo – e continuo a seguir o raciocínio do primeiro conviva que a citou – pergunta se Bento se vem lavar na água benta portuguesa. Vem. Um sujeito que defendeu o encobrimento da pedofilia sacerdotal e bispal e sei lá qual mais eclesiástica, que continuou a proibir os seus seguidores de usar o preservativo, não é flor que se cheira.
Resumindo: para o papa, tolerância zero. O busílis é que ele é acompanhado de tolerância… de ponto. Poderão perguntar-me: mas porquê a referência supra sobre a dinamite? Que tem o explosivo a ver com a alva tourné? Tem; no percurso papal serão retirados, presumo que provisoriamente, todos os lixões, nos quais mãos criminosas poderiam deixar lembrança com detonador. Os Portugueses são pacíficos e acolhedores, mas, por via das dúvidas…
Homens de pouca Fé, atentai no discurso antecipado do desvelado encobridor dos amigos muito chegados das crianças. Ele prevê uma chegada apoteótica e a demonstração dos fidelíssimos filhos de Portugal, nação valente, digo, fiel até à última gota de cálice. Simpático, o senhor. Aliás, foi o Chefe dele que lhe ordenou a viagem a este País destemperado. Vai, para impedires que o meu filho seja de novo crucificado. O do Benfica, é óbvio. E é tanto assim, que o LF Vieira lhe vai oferecer uma camisola vermelh.., perdão, encarnada. E, pelo sim, pelo não, o JE Bettencourt também vai. O futuro a Deus pertence.
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