É Wassyla Tamzali,
que certamente apoiará a iniciativa, mas faz mais. Advogada argelina, ex-directora da ONU ( direitos das mulheres), feminista, escritora. Muçulmana. O título do post é o título do seu livro ( Gallimard 2009). E é um livro zangado.
Wassyla não vai em futebóis. Foulard, niqab, lapidações, proibições de tomar banho de mar em biquini: tudo é , simplesmente, um quadro de subjugação da mulher. Wassyla irrita-se ( e muito) com a extrema-esquerda europeia (e com alguma esquerda dita moderada) que usa o pretexto da estigmatização do Islão para aceitar o aviltamento feminino. Recusa o argumento do racismo, do apoio de pró-israelitas e da islamofobia e pergunta se as mulheres muçulmanas terão de esperar pelo nascimento do estado palestiniano para poder começar a viver .
Quanto aos adeptos do multiculturalismo* e aos soldados do laicismo ( em França, sobretudo), Wassyla considera-os cúmplices do estado de coisas. Diz que o foulard e o hijab não são escolhas nem adereços, são instrumentos de dominação masculina inseridos numa lógica mais vasta e implacável. Diz que não há comparação entre um crucifixo ao pescoço e um foulard. Pois é, mas vemos frequentemente pretensas confusões
como esta, que tanto irritam Wassyla. É que a nossa argelina, ao contrário da doutora branca europeia, sabe a diferença entre cobrir os ombros para entrar num templo ( e poder criticar isso) e ter um templo dentro da cabeça. Irritada, muito irritada, a Wassyla.
Quando este vosso escriba , ao longo dos anos, utilizou argumentos iguais aos de Wassyla, foi , não raras vezes, apelidado de islamófobo. Tenho pena de não poder ter a Wassyla aqui em directo e ao vivo. Gostava de ver o filme.
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Vão ver o "multiculturalismo" às vossas banlieues, diz Wassyla.