1) A esquerda comunista
identifica os actuais movimentos separatistas belgas, holandeses e húngaros com o populismo de direita. Como por magia,
neste movimento separatista catalão já aparece uma estrela vermelha. Andamos um bocadinho para o lado
e a Lega Nord , preocupada com a evasão fiscal do Sul, já é populista de direita outra vez. Sobe-se um pedaço até à
Bretanha e o movimento separatista já é de novo de esquerda. O nacionalismo é uma ementa, o populismo um
garçon.
2) Thomas Mann, no Outono de 1918 (enquanto Preuss esboçava o texto fundamental de Weimar), queria* a monarquia:
O parlamento e o trabalho partidário minam a a vida da nação . Não quero política: quero eficácia, ordem e decência. Acontece que em 1948, numa espécie de sinopse da sua obra (
Dezasseis anos), Mann regressa a
Mário e o Mágico (1930). Afinal, a novela era sobre a psicologia de massas do fascismo. Em Abril de 1932, numa carta ao editor checo, negava tal leitura. A página tantas ( 69 da minha edição da Grasset), Mann descreve as ferramentas e o método de Cipolla, o Mágico. Enquanto adormece um jovem num sono profundo, e diante da reacção da plateia, o feiticeiro explica:
Eu é que sofro. É a caricatura do ludibriador , do hipnotizador, que , no entanto, carrega o peso ( sofre) de conduzir os destinos que nele confiam.
Tanto pior para a
eficácia , ordem e decência, não é, sr.Mann? Podem elas existir
assim sem
aquilo?
* a partir da tradução de Ellen Kennedy.