Este
resumo e
este resumem, mas vai sendo altura de tentar compreender a origem. Ao contrário do que já li no pequeno mundo dos blogues, não necessito de emoções para pensar este PSD. Escrevi um insignificante par de textos de apoio a MFL, não sou militante, não sou lisboeta-mediático. Sem reserva mental:
1) Passos Coelho chegou à liderança do PSD com a imagem do
homem do aparelho ( como Guterres) . A atribuição era feita com base em factos, mais do que em inferências: nunca tinha desempenhado cargos executivos, nunca tinha ganho eleições e até há pouco tempo tinha vivido
dentro do partido ( deputado e deputado europeu). Daqui não viria mal ao mundo do ponto de vista da imagem pública.Os problemas começaram depois.
A memória que as pessoas têm dos projectos inovadores é maior do que se pensa. Na primeira tentativa para ser eleito , PPC apresentou uma agenda liberal vincada. Na segunda corrida eleitoral começou a recuar. O episódio do haxixe ( só soube o que tinha fumado no dia seguinte) , irrelevante em si mesmo, foi a
urpflanze que passou a dominar o estilo: direi o que for preciso para ganhar. Ora, aqui as coisas começaram a azedar:
a uma imagem aparelhística juntou-se uma imagem de insegurança. O público aceita um aparelhista dominador, ou um
underdog inseguro, mas não um
aparelhista receoso.
2) Nestes meses de oposição, PPC entrou bem quando transmitiu ao público que, dada a crise grave ( antes apenas o produto da imaginação fértil dos ferreira-leitistas) , colaboraria execpcionalmente com o governo. O cabeçalho do
blogue CC mostra que PPC não tinha grande alternativa. Depois é que foram elas. Ao fim destes meses, o que é que o público regista como imagem do homem que quer desalojar Sócrates?
Uma ideia de revisão da constituição, um susto e um recuo. É menos que nada.
3) Uma explicação reside na inexistência de densidade política no projecto de PPC. Vindo do aparelho, agregou à sua volta pessoas que nunca se distinguiram pela coragem política. Pior: reuniu nomes que ao longo do tempo foram saltando, sem sombra de pudor, de facção em facção, quando não de partido em partido.Se, ainda por cima, recua, por causa das sondagens, nas poucas propostas em que supostamente acreditava, que atribuição faz o público à sua liderança? Pois.
4) A prova de vida de PPC mostra que num partido como o PSD o líder não pode ser de marca branca. Não pode ser gerado em laboratório, certinho e orientado no gabinete de um senador experiente. São os defeitos , alguma dose de loucura e um certo desprezo pelo lugar, que garantem a
identidade política do actor.
Passam a vida com Sá Carneiro na boca e ainda não aprenderam isto.