"Os velhos do baby boom, ironia da história, já não protestam." Perderam o espírito reformista. Só deixam de ser "Os velhos do baby boom" quando o reencontrarem.
Sou um grande admirador da linguagem de FNV. Sou um "velho do baby boom". Sou dos que se habituaram a refilar/protestar mais para os familiares. Ainda me não mandam calar, mas já pressinto para breve essa situação. Que sei que será normal, pois é impossível para mim ser claro - a choldra em que todos estamos metidos, não é entendível pelos meus filhos entre os 26 e os 41 anos.
Eu tenho de facto alguma coisa a dizer sobre isso do “sossego dos pequeno-burgueses”. Esses jovens, meu caro FNV, mais não são do que vitimas do sistema capitalista. Que é, no fundo, o sossego que reinvidicam os velhos pequeno burgueses, os reciclados da Revolução, os que capitularam, desistiram do sonho? Mais não é do que o cimento de que são feitos os pilares desta sociedade repressora, que oprime os jovens, que os impedem de construir o Mundo Novo. O que os jovens fazem mais não é do que abalar esses pilares. Bater portas de madrugada, falar alto, tocar tambores, dizer palavrões, é o meio mais eficaz para acordar consciências. Que é o palavrão, por exemplo, se não a libertação da Palavra? Era isto que eu tinha a dizer, por agora.
"Que é o palavrão, por exemplo, se não a libertação da Palavra?" Boa. Vou usar como argumento. Em vez de pedir desculpa qdo escrevo um palavrão vou usar esse argumento: estou a ser jovem e a construir um mundo novo libertando-o. Estes pequeno-burgueses que foram jovens nos anos 60 e agora se zangam qdo eu liberto a palavra (não tem nada a ver com má educação). Como lhe agradeço que escreva isto.
Não tens nada que agradecer, henedina. Passa a palavra. Saudações revolucionárias. By the way, também houve por cá baby boomers? Isso dá um certo ar rock'n'roll ao nosso País dos anos 50/60. That's nice.
Eu sei que não foi a henedina que disse isto. Referia-me ao link. Na cultura popular (e não só), os baby boomers são os nascidos no pós guerra nos Estados Unidos (e parte do restante ocidente), num periodo particularmente optimista e "fértil", e que originaram um choque geracional com a geração dos seus pais, cultural, de costumes, etc. Não associo isso facilmente a Portugal nessa época, e por isso estranhei a expressão. Dá uma discussão interessante.
Não propriamente "baby boom", porque as mulheres portuguesas não podiam estar optimistas porque sabiam que os seus bebes iam ser para dar ao estado para a guerra do "ultramar". Mas "baby boom" como geração rebelde, que cortava com o instituido, que saia a rua e fazia discursos com a PIDE a espreitar, mas que sabia de controlo de natalidade e fazia questão de não ter um baby boom mas sim um culto pelo corpo diferente dos seus pais e avós. Esses que tomaram a juventude e a idealizaram como a sua, a mais romantica e engage, tiveram a ribalta desde os 40 anos e agora cerca de vinte anos passados e continuando na ribalta, não podem ser uns desiludidos da vida, senão, são uns hipocritas, porque não há geração que mais foi promovida e auto se promoveu que esta dos "velhos" do baby boom.
Ah, henedina, mas nesse sentido ainda foi menos boom, foi um pim. A propósito disso, nunca mais me esqueci de uma entrevista da Maria João Seixas à Isabel do Carmo, há uns quinze anos, mais ou menos. Foi uma lição. A Lição. Dizia a Maria João: ah, Isabel, no nosso tempo eramos mais solidários e intervenientes. E a Isabel do Carmos, com essa frieza e lucidez que, se calhar, só um revolucionário da têmpera dela consegue ter, respondeu: Não, Maria João, eramos só um grupinho….
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