Nós não sabemos se aqueles condenados são culpados, dizia eu, mas os juízes do colectivo sabem-no muito bem. Como advogado, já tive de me deparar com vários erros judicais, erradas apreciações, diferentes interpretações. Dos Magistrados Judiciais ou do Ministério Público. Acontece. Errar é humano. Há diferentes interpretações. Mas como observador custa-me a crer que num caso tão badalado, tão mediático, tão falado, os investigadores, as autoridades policiais, o Ministério Público ou os três juízes que analisaram o caso tão atentamente se tenham todos enganado.
De resto, as críticas que tenho ouvido aos magistrados judiciais não me convencem. Por duas vezes aqueles sugeriram ler o acórdão na íntegra. Por duas vezes foi aceite que isso não fosse feito. Louvo até a sua atitude (a dos magistrados): sem pretender denegrir os funcionários judiciais ou outros intervenientes, admito que se tivessem divulgado o cd com o acórdão para cópia ou para impressão para oferecer aos ilustres advogados, a totalidade do acórdão estaria na comunicação social muito antes de se ter concluído a sua leitura. Tenho a certeza de que aquele acórdão não foi feito sequer em computador integrado na rede do Tribunal. Por isso ninguém soube dele antes de ser lido. Numa altura em que todos criticam essa entidade abstracta a que denominam “Justiça” (esquecendo-se de que esta mais não é do que aquilo que o legislador pretende), é de louvar a manutenção de um segredo.
Sempre segundo a comunicação social, temos um embaixador com um historial penoso, um empregado e antigo aluno (e vítima) da Casa Pia que confessa os crimes, um médico dos miúdos da Casa Pia que, segundo se diz, atestava a qualidade e higiene ‘do produto’, para além de tudo o mais que foi provado, um vice-provedor da Casa Pia que, no mínimo, tudo deveria conhecer, um apresentador da televisão que já há vários anos era referenciado neste tipo de coisas, amigo de um tal fulano também referenciado nestas actividades, que entretanto fugiu às autoridades e terá desaparecido do país, e um estranho personagem que estranhamente aparece em cena a defender o principal arguido, até ser substituído e constituído igualmente como arguido. Passam-se anos em julgamento, a analisar o caso, e os três juízes estarão enganados? Relativamente a todos os condenados? – É possível, mas não é impossível pensar o contrário. (cont.)
Faltou apenas lembrar que, para além dos 3 juizes deste colectivo, as provas/indicios foram vistas pelo Juiz Rui Teixeira, que decretou a prisao preventiva, pela Relacao em recurso das medidas de coacçao, por que ordenou a prisao domiciliária e pelo Juiz que proferiu despacho de pronuncia. Para além, claro está, dos magistrados do ministério publico. Podem estar todos errados? Podem. Mas, estaräo?
VLX, tb não conheço os promenores processuais (provas, diligencias, recursos, etc) pelo que não posso opinar sobre a "justiça" ou "erro" da sentença agora proferira, mas...
partilho consigo totalmente a indignação por todo o "folclore" e "indiganção" (qual nuvem de fumo) que se tem levantado agora.
Não faço ideia se o CCruz é ou não culpado. Cresci e fiz-me homem a ve-lo na TV com um capital crescente de credibilidade. Custa-me imaginar que uma pessoa culta, com meios, familia, apresentação, frequentador dos melhores circulos, rodeado de assistentes sempre "suadaveis"...é me dificil imaginar uma pessoa assim envolvida em algo tão baixo e retorcido como o caso em epigrafe.
Mas, é para mim muito mais inconcebivel inacreditavel e monstruoso que se alvitre que isto tudo tenha sido montado : testemunhas, provas, pericias, juizes, processo, sentença ! Ainda mais porque se esta inverossivel hipotese se mostrar verdadeira, estaremos perante 7 esquemas distintos, ou seja 7 montagens perfeitas concluidas com o "carimbo" de 3 juizes "combinados".
...para mim, não faz sentido!!! Não conheço o processo, mas se tivesse de entregar a minha filha, ela iria para os Juizes! É esta a minha percepção de leigo.
Duvida Final: Então foi tudo montado e orquestrado, juizes manipulados e tudo, e no próprio dia da sentença, esqueceram-se e deixaram os condenados falar em "roda livre" por todas as TV's ??? (...já sei, vão dizer que foi para disfarçar...)
Meu caro, eu também não sei se são culpados ou não. Para isso o país tem os tribunais.
Mas sei que um criminoso, particularmente deste tipo, não tem de ser inculto, sem meios, sem família, sem apresentação e apenas frequentador de guetos.
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