Percebi e achei natural que a decisão fosse lida por súmula numa sexta-feira e apenas entregue posteriormente. Primeiro porque no processo de copiar os ficheiros e imprimir os documentos poderia haver fugas de informação, o que permitiria que, no limite, à comunicação social fosse possível tomar conhecimento da decisão antes dos próprios arguidos e advogados a ouvirem. Depois porque não é impossível que na leitura se detectem pequenos erros e gralhas que necessitem de correcção.
Já não percebo que no fim-de-semana se não consiga proceder a essa eventual correcção de gralhas (cerca de 700 páginas por magistrado) nem que na segunda-feira seguinte se não consigam fazer as impressões e copiar os ficheiros para notificação dos interessados.
Não fica bem na fotografia, a máquina judicial, mas na verdade isso não afecta em nada a substância da decisão.
A substância não afectará, mas convenhamos que o impacto da condenação de 6ª feira é já irreversível. Quanto à fundamentação, mero prolegómeno, dessa já poucos quererão saber...sendo certo que, a ter sido apresentada, também ela, na própria 6ª feira, poucos a consultariam ou, a fazê-lo, entenderiam. Em qualquer caso, parece-me evidente que os legítimos receios de fugas de informação poderiam facilmente ser ultrapassados. Não acha? Em suma, julgo que o impacto mediático de tudo isto exigia um cuidado que, no caso, não existiu.
Quanto à leitura da fundamentação do acórdão era perfeitamente impossível. São mais de seiscentos crimes (não apenas aqueles em que houve condenações, mas também os que terminaram em absolvições), o que implicaria a leitura dos fundamentos da decisão relativamente a cada um deles, o que, já se vê, significaria a leitura integral do acórdão (a qual demoraria 3 dias, pelo menos).
Quanto à entrega das cópias, de acordo com o post do VLX. Uma coisa era ela não ter ocorrido na sexta-feira (e vir a ocorrer na segunda). Outra coisa é estarem a ser desrespeitados os prazos auto-impostos pelo tribunal, o que não fica, de facto, bem à justiça. Dito isto, também de acordo com a conclusão: é uma questão de somenos importância, tendo em conta que os direitos de defesa não são minimamente atingidos.
E quanto à questão de saber quem lê o acórdão quando ele for publicado, estou convencido de que durante uma semana não se falará noutra coisa. Aliás, de forma histérica, o que, neste país, se afigura inevitável.
Acho que um risco muito grande conceder-se a possibilidade de haver uma fuga de informação enquanto se estivesse ainda a ler o acórdão. Isso sim, seria gravíssimo. Se os juízes entregassem a alguém o ficheiro ou as impressões, era muito provável que pudesse haver uma fuga de informação. É humano. Por isso percebo a entrega do acórdão em momento posterior.
Concordo que deveria haver mais cuidado, principalmente neste caso. De todo o modo, quem conhece as deficiências tecnológicas e informáticas dos tribunais não se espanta muito com o sucedido. O apoio técnico também não deve ser dos melhores: qualquer informático já tinha resolvido isto.
Não é bem ‘a justiça’ (o que quer que isso seja) que fica mal, neste caso. É mais a máquina judicial, e isso implica também o Ministério da Justiça, o Governo, o país, todos nós e os meios que concedemos à justiça.
Seja como for, isto não afecta a substância do acórdão.
Apenas permite aos condenados andarem por aí aos berros a lamentarem-se. Tem sido uma vantagem para eles pois imagino que, quando aquele acórdão for conhecido de todos os portugueses, eles não irão mais para as televisões nem deambular como virgens ofendidas. Não irão sequer sair à rua para tomar um café ou comprar um jornal.
Acho que um risco muito grande conceder-se a possibilidade de haver uma fuga de informação enquanto se estivesse ainda a ler o acórdão. Isso sim, seria gravíssimo. Se os juízes entregassem a alguém o ficheiro ou as impressões, era muito provável que pudesse haver uma fuga de informação. É humano. Por isso percebo a entrega do acórdão em momento posterior.
Concordo que deveria haver mais cuidado, principalmente neste caso. De todo o modo, quem conhece as deficiências tecnológicas e informáticas dos tribunais não se espanta muito com o sucedido. O apoio técnico também não deve ser dos melhores: qualquer informático já tinha resolvido isto.
Não é bem ‘a justiça’ (o que quer que isso seja) que fica mal, neste caso. É mais a máquina judicial, e isso implica também o Ministério da Justiça, o Governo, o país, todos nós e os meios que concedemos à justiça.
Seja como for, isto não afecta a substância do acórdão.
Apenas permite aos condenados andarem por aí aos berros a lamentarem-se. Tem sido uma vantagem para eles pois imagino que, quando aquele acórdão for conhecido de todos os portugueses, eles não irão mais para as televisões nem deambular como virgens ofendidas. Não irão sequer sair à rua para tomar um café ou comprar um jornal.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.