Não temos jazidas preciosas nem recursos naturais em quantidade suficiente (o território é minúsculo) , não temos nenhuma indústria que qualquer outro país não suplante facilmente, estamos envelhecidos, nasce menos de uma criança por cada par de amancebados e o estrangeiro não nos vai ajudar nos próximos 30 anos. Em que é que somos realmente bons? Ora pensem. Todo o português sabe fazer pelo menos uma das seguintes coisas:
a) Plantar couves, batatas e vinha. b) Caçar c) Pescar d) Falar
Não estamos habituados a cindir o átomo, desenhar aviões, inventar remédios milagrosos ou escrever manuais de filosofia. O novo Portugal será novo porque descobrirá as suas capacidades. Descobrir é inovar, não é? A susbsistência ficará assegurada. É melhor uma cave com batatas do que várias contas a descoberto. A organização será feita a partir da base. Aqueles portugueses que só sabem falar ( deputados, candidatos, comentadores, etc) serão muito úteis. Formarão centenas de equipas que ligarão todas as vilas, cidades e aldeias, transmitindo pessoalmente as mensagens dos seus compatriotas: um verdadeiro LMS - long message service.
Estou a falar a sério. Saltou-me à vista logo na leitura do post e depois percebi que não foi só a mim. O que mostra que nem todos os lampiões sofrem de cegueira cerebral.
E há os mentirosos da caça e da pesca, que também falam muito. Esses, como acumulam, seriam os da classe superior e presidiriam ao conselho de anciãos da aldeia. Estou a gostar disto.
Estava a comentar hoje esta série do seu blog do regresso, diferente, as origens (lavoura) e disseram-me que em Montalegre muitos campos que não eram cultivados este ano estão a ser cultivados.
Existe já quem tenho posto em prática a frase: "É melhor uma cave com batatas do que várias contas a descoberto."
Sinto-me a contagiar do seu entusiasmo neorural, caro Filipe! Vou convencer amigos a estabelecermos um castro no morro da Pena Ventosa e a adquirirmos terrenos no Vale de Campanhã para a nossa agricultura. E quero trocar os meus sapatos de vela por tamancos de pau!
Essa frase, mais do que brilhante, é prática; um conselho de boa administração, na boa tradição dos mandamentos do Confúcio aos mandarins. No entanto, como sabes, somos agora quase todos rendeiros de minifundios de cimento, onde a batata não medra bem. Para sermos auto-suficientes na batata, dispensando infra e super estruturas, e poder espalhá-la nas caves, ou o milho nos terraços, iamos precisar de uma reforma agrária. Tens que explicar isso bem, quanto mais não seja para baixar um pouco a febre ao movimento de regresso às raizes ou aos “valores primários”, que, malgré toi, parece que iniciaste ;). O primeiro que entrar no quintalito que me deixou a minha avó, leva uma sacholada!
Porque o Caramelo estará portanto, a cavar? Obrigada pela subtileza da comparação com Einstein ;) Não fique agora antipático por eu dizer isto. Já disse neste blog que não pode haver mais nenhum homem de Coimbra que me arrelie senão ponho aí o parlamento, o governo e o presidente da republica e nós (Norte) ficamos com as batatas, que é o que realmente importa.
Barba azul pode ser que sapatos de vela seja bom para o seu nick name mas não para a qualidade das mulheres que encontra, se gostam de sapatos de vela... Mas socos de pau...magoam os pés. É que a lavoura custa, não é suave como escrever em blogs.
Qual subtileza? Eu sou um lavrador, trabalho na lavoura, ali na horta, a sachar todo o dia, não tenho cá tempo para sutilezas. Henedina, agora a sério, porque haveria eu de ficar antipático consigo?
Henedina, obrigado pelo seu alerta. Tenho a certeza que na organização desse novo mundo rural de que o Filipe está a lançar as bases também haverá lugar para os inadaptados para as tarefas rudes da agricultura. Penso propôr-me a bardo, ao lugar de poeta da aldeia, animar os bailes das Robigalias e das festas das colheitas! E os meus sapatos de vela, coitados, estão tão velhos e cambados que não valem um bom par de tamancos de teixo (os mais macios).
Eu acho bem que a malta regresse aos campos, numa recriação da saudosa colonização interna. Na falta de wagons puxados por bois, podem mesmo usar jipes. Mas há uma outra coisa que me está a preocupar, para além das pisadelas de sapatos de vela na minha hortita: o Imaginário da Lavoura. 1º aviso, as vestes: As mulheres não andam de arrecadas de ouro nos lameiros, não se vá perder alguma, nem com saias rodadas com desenhos do galo de barcelos. E nem todos os homens usam boné, colete e suiças com um pau comprido na mão. 2º aviso, o comportamento: Nem todos, homens e mulheres, se pôem a rodar uns com os outros, de braços no ar ao som da concertina e dos ferrinhos, sempre que se encontram, a cantar a laurindinha. Vá, em chegando ao campo, comportem-se com termos.
Eu, depois de regressar dos campos verdejantes, e ao ler este post, pensei nas encantadoras linhas de Joyce: "os movimentos que provocam revoluções no mundo nascem dos sonhos e das visões do coração de um camponês das colinas. Para eles, a terra não é um territorio explorável, é a mãe.
O ministro das finanças acabou de lançar o repto de que se alguém tivesse uma ideia para reduzir despesa que dissesse, vou dizer: haver um tecto nas reformas e esse tecto não ser ultrapassado com acumulações.
Olá, Ana! Muito bonito, esse trecho do Joyce. Fez-me lembrar aquela maravilhosa carta do Chefe Seattle ao Grande Chefe Branco de Washington, em 1854: "... Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa ideia parece-nos estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. ..."
O ministro das finanças acabou de lançar o repto de que se alguém tivesse uma ideia para reduzir despesa que dissesse, vou dizer: na proxima legislatura ter o nº minimo de deputados que a constituição permite, que está longe de ser a actual.
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