No pequeno gabinete fazem um par emocionante. Ela, pelos setenta, é um chavão da mulher portuguesa do campo. Mirrada, veste uma saia preta e uma blusa com flores azuis e brancas. Está de pé, o cabelo apanhado num toutiço, as mãos enormes e inchadas, uns olhos bruscos que completam a figura tensa e elegante. Ele está esparramado na cadeira, exibindo um triplo queixo que vigia um enorme babete improvisado a partir de um resguardo. Grunhe sons avulsos e pousa as mãos oleosas em quilómetros de coxas oprimidas nas calças pretas. Vieram de camioneta, deixando uma casamata em cimento rebocado. O espaço no campo é para o turista com cartão pousadas. O casebre do par improvável não tem mais de cinquenta metros quadrados. Do caminho à casa são vinte passos e ao lado há tempo para umas couves, galinhas acomodadas numa rede enrolada e pouco mais. Na saleta, que nunca usam ( é para o padre e para as visitas), uma Nossa Senhora de Fátima emoldurada absolve uma mesa velha e manchada. Ela é viúva, tem mais dois filhos na Alemanha e um cancro no estômago, que menciona com uma secura intraduzível. Não precisou de estudar para saber que o que aí vem: quem vai tomar tomar conta da montanha de gordura com cérebro de bebé. O meu bebé.
Queria reforçar, como se faz com as crianças, o comportamento que achamos adequado (não falar de futebol) mas não sei como comentar aqui. E névoa, é meterologia...
"O espaço no campo é para o turista com cartão pousadas". E o campo romantico é para o citadino, tipo "a cidade e as serras".
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