O meu pai nunca teve um gesto de carinho, não me lembro, nunca fui a sua menina como outras. Chegava da oficina, jantava, resmungava qualquer coisa e ia dormir. A minha mãe passou a vida a queixar-se. O ambiente era terrível, zangas, o meu pai chamava nomes. Quando fui estudar, ele teve de fazer mais horas na oficina, parecia que me odiava por causa disso. Hoje tenho 26 anos e não me consigo libertar, nada me dá prazer, falta-me sempre alguma coisa. Livre-me disto.
Confunde-me com um vidrão. Foram anos duros e você conseguiu o que não teria conseguido se esses anos não tivessem sido duros e se o seu pai não tivesse sido duro. Você é dura. Agora tratemos do resto. O que lhe falta não encontrará nas lamúrias. Agarre no que sobrou e corrija, metro a metro, o que deve ser corrigido. Dê com prazer. Verá que não é fácil.
Este post levou-me a Ruy Belo.Já aqui o trouxe e eu não esqueci: "Quando o último pássaro morrer na última oliveira a ocidente opõe o peito ao que acontecer e levanta a cabeça dignamente."
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.