Orgulho. De que massa é feito? De muitas, certamente, mas a nossa será esta: a vergonha. Estranhais? Não desesperais, que já entranhais. Depois de muitas voltas, o cão acaba por se deitar onde já se tinha deitado. O nosso orgulho nascerá, como a esteva, da impossibilidade de sermos outra coisa qualquer. Tentámos ser ricos, socialistas e novos-ricos. Como o cão, voltamos sempre ao mesmo sítio - a pobreza. Envergonhemo-nos, portanto, de termos vergonha de ser o que somos. O orgulho de encontrar , finalmente, uma causa - ancestral e familiar. A pobreza fará com que , por necessidade, voltemos a respeitar coisas que até hoje desprezámos. Nem todas materiais. Somos um conjunto antigo de língua e História. Os miúdos sabem quem são o Batman e o Che Guevara , mas nem sonham com Gonçalo Mendes da Maia. Cosmopolitismo de chinela e palito nos dentes. Há ganguelas com mais orgulho e conhecimento do seu passado.
Pois é Filipe...mas não fomos novos-ricos coma monarquia e o Brasll, ou com a ditadura e as colónias, ou ainda com Cavaco e a CEE ? O novo-riquismo não tem época nem ideologia. Quanto ao resto gosto, mesmo que não estja de acordo. Um abraço
Claro que fomos, ficava era muito longo o resumo e não acrescentava nada à ideia ( maníaco da síntese me confesso). abraço tipo penalty indecente eheheh...
Do que percebi, os pobres dão mais valor ao que têm. É claro. Pode-se chamar orgulho, não há mal nenhum. Como se dá daí o salto para o Mendes da Maia, o Geraldo sem Pavor ou o Condestabre, é que não sei. Normalmente, os pobres também dão muito valor ao que não têm, sobretudo ao que nem sequer existe, como o Batman e a Santa Bárbara. Os pobres são internacionalistas. Daí que também prefiram ir para os chantiers de Champigny do que para o chantier desse tal Novo Portugal.
E por que nao Montparnasse? Os tipos que la' viviam no principio do seculo tinham pouca cheta, nao pouca lata e vergonha nenhuma. Acho que como modelo de comportamento e aspiracao e' isso que faltara' aos teus portugueses. O dinheiro como um meio para um fim, um proposito qualquer nas artes, nas ciencias, em qualquer coisa.
"Orgulho. De que massa é feito? De muitas, certamente, mas a nossa será esta: a vergonha" A vergonha pode confundir-se facilmente com o orgulho, mas não é a mesma coisa. Como a timidez com a arrogancia, num outro contexto. "Envergonhemo-nos, portanto, de termos vergonha de ser o que somos." Filipe tem toda a razão.Porque nao escreveu este post antes de eu ir de férias? Pensei em Dostoievsky esta semana: o crime e o castigo. O crime é viver atormentado (pelo crime) mas qdo o castigo sobrevem e é tal forma que nem acreditamos que alguem o "prescreva" de forma tao fria e irredutivel a vergonha que nos acompanhada e nao permite a abordagem ao executor com o tempo vai, concerteza, transformar-se em orgulho porque se o executor nem der a oportunidade, de mostrar que os portugueses mudaram e que finalmente sao um povo adulto que admira, respeita e gosta de lideres mas já nao tem a postura de adoraçao do "mestre" que os caracterizava e que demorou e foi doloroso perder mas é um povo adulto que finalmente normalizou a relaçao com o líder(es). Se ele(s) não o perceberam então resta-nos o orgulho. "Envergonhemo-nos, portanto, de termos vergonha de ser o que somos" ja que a vergonha de ser o que fomos, por maior que tenha sido o crime e cometemos crimes, o povo confessa, perde a significancia em relaçao ao castigo cego, exorbitado e tomado sem carinho, consciencia, consideração, com total desprendimento e sem emoção anulando o crime.
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