A TSF paga a um ignorante para este dizer que "espera bem que a greve não seja contra o governo , porque mal estaríamos se fossem os sindicatos a fazer política, papel que pertence aos partidos". A meio da manhã, já depois dos cereais, tentou emendar e reconheceu que a greve "é política". A rádio, às vezes, pode ser uma alegria.
Se a guerra é séria demais para se deixar apenas aos militares, a política é séria demais para ser deixada aos políticos. Sobretudo quando houve uma quebra de confiança entre eleitores e eleitos a partir do momento em que o programa eleitoral sobre o qual o governo foi eleito foi rasgado pela acção governativa. Uma eleição ganha NÃO É um cheque em branco!
Gustavo o Boris Vian e ter um problema consigo. Extraordinariamente belo...e inteligente(?). "a política é séria demais para ser deixada aos políticos."
A questão é para quem votou no PS e vai votar PSD. A questão é da credibilidade do sistema político que permite a permissividade e o compadrio. E isto é a sério.
Para mim a grande qualidade da democracia NÃO É a eleição de governos pela maioria; Para mim a grande qualidade da democracia é a DEMISSÃO de governos após a legislatura, sem que isso acarrete um banho de sangue. Eu quero, sobretudo, demitir este governo com o meu voto pois já vi como trabalha (em maioria absoluta e relativa). O facto de a alternativa me parecer oca perde em relação à vontade de ver este governo a deixar de governar. É pena mas é o que temos.
Gustavo, a eleição é simétrica da não eleição (ou “demissão” após a legislatura, como diz). São as duas faces da mesma qualidade. Mas a maior qualidade da democracia é o checks and balances. O Cavaco que se mexa, peçam-lhe contas a ele. O Sócrates tem um mandato e leva-o até ao fim, como lhe compete e enquanto o deixarem. Quanto ao Pedro Marques Lopes (ouvi isso na TSF), acho curioso que consiga isolar nas manifestações sindicais a bactéria má da “politica”. Eu acho que a única forma de pasteurizar as reinvidicações sindicais, seria os chefes dos sindicatos voltarem a ir apresentar as petições nas mãos dos secretários gerais dos ministérios, com respeito, como nas antigas corporações. Acompanhado, eventualmente, por um prato de arroz doce. Só se discutiria tabelas salariais, contribuições para a caixa de previdência e promoções das classes profissionais, confiando-se que o que suas senhorias decidirem é do bem de todos. Vem desse hábito antigo, a noção que alguns têm de que politica é o que se faz nos gabinetes ministeriais, nunca na rua, e sobretudo que politica é coisa que se destina a regular princípios gerais de governação do Povo, nunca o dia a dia de cada um de nós, muito menos o que ganhamos ao fim do mês.
...o cerne da questão está no facto de que todos nós como cidadãos deveríamos ser políticos no sentido de participarmos activamente nos assuntos que implicam a nossa cidadania...da mesma forma que nos habituámos a conceber o Estado como uma 3º pessoa, situamos a política no limbo da nossa (ir)responsabilidade cívica...daí que os que assumem o epíteto se sintam tão à vontade para eleger a passiva do verbo servir a matriz da decadência nacional...
Há muita gente que ganhou eleições e tomou o poder legitimamente (Hitler, por exemplo). Ganhar eleições não é um teste à Democracia. Por isso é que eu volto para a minha ideia: fazer cair um governo sem ser por um golpe de estado é a maior benesse do regime democrático. Pode dizer-se que isso é pouco mas eu acho que é tudo. Quanto a pedir contas ao presidente, pedi-las-hei nas presidenciais (novamente vendo as alternativas). Agora, se me dão licensa, vou para ali para um canto chorar.
Gustavo, por isso é que eu disse que o maior mérito da democracia é o controlo mútuo, independente e continuo dos diversos órgãos de soberania. Não é ganhar, ou perder eleições, embora isso seja também fundamental (a tal “DEMISSÃO de governos após a legislatura”, não é perder eleições? Outra coisa, diferente, é a demissão durante a legislatura). By the way, o governo que lá estava antes do Hitler não perdeu o poder exactamente por golpe de Estado…). E as contas não se pedem nas presidenciais. Aí, saldam-se contas. As continhas vou-as fazendo eu todos os dias, não espero que o governo, ou o PR, mas apresentem de quatro em quatro, ou cinco em cinco anos. Logo se verá nas eleições qual é o resultado das ditas contas. Eu tenho que esperar, porque a constituição me diz que devo esperar e que não devo ir para a rua aos tiros contra os ministros. O PR não tem que esperar. Das duas, três: ou acha que vai indo bem assim, ou não sabe fazer as contas, ou não as quer fazer.
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