Não estive em Beirute 82, mas acompanhei uma rija velha, de um lugarejo bairradino, que no espaço de três anos viveu dois episódios: caiu de um tractor, ficando paraplégica, e sofreu um acidente numa ambulância ( sim, dentro de uma ambulância...) que a reenviou para uma longa estadia no hospital de onde saiu para morrer em casa umas semanas depois. Um dia antes, deixou claro o que queria levar vestido para dentro da caixa abafada. Aguentou tudo isto porque tinha treino. Viúva de um malfeitor alcoólico e mãe de um filho morto num acidente, no tempo do segundo mandato presidencial de Sampaio. Primeira moral da história: nunca desistir de sofrer. Segunda: não encontram heróis porque não os procuram.
Reclamamos com o estomago cheio. Não digo isto com o intuito de nos vergastar na onda do "complexo do homem branco ocidental"... Até porque conseguimos arcar com as circunstâncias mais terríveis. Acho é que estamos gordos, sentados no sofá e a nossa noção de sofrimento (e o que nos faz berrar) é a ideia de termos de nos levantar para ir buscar o comando. Falta-nos raspar a camada de verniz e pó que gera tanto enfado para tocar no núcleo, no que é ser Homem. Vem aí uma crise? Sim, e depois?...
"nunca desistir de sofrer." "não encontram heróis porque não os procuram." Já aqui lhe disse uma vez acerca da 1ª mulher de Sá Carneiro, melhor que corajosa era ter sido feliz. Devemo-nos perdoar do que nos faz sofrer e deixar que a felicidade nos invada. Estou aqui estou a receber(?) uma resposta que não me vai agradar, 1000, 10 000; como os juros da divida, sempre em alta.
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