Esta rede desmontada em Espanha é exemplar. Mostra várias coisas sobre o médio ( o do retalho) narcotráfico: a mobilidade, a organização, a flexibilidade e a adequação às exigências do consumidor. Não mostra, quer dizer, não está na peça , outra coisa que existe e da qual que ninguém gosta de falar: o nível de corrupção de que uma rede destas necessita. Pressentimo-la no México, no Brasil ou em Cabo Verde, mas negamo-la na Europa. I
sto ( 3º e 4ºs parágrafos), comparativamente, é uma brincadeira e só seria notícia escandalosa se o governo brasileiro fosse da temível direita securitária.
Quem estuda a
Prohibition ( "Lei Seca") aprende depressa o nível de corrupção que infectou a esfera judicial, política e mediática. Não pode ser de outro modo. Há muito dinheiro, há muita operação encoberta e há o sentimento generalizado de impotência. Em Portugal, os poucos casos conhecidos, que envolveram PJ, PSP ou GNR, não tiveram eco mediático. E , francamente extraordinário, não temos notícia de políticos, advogados ou jornalistas acusados de envolvimento no narcotráfico. Por que é que é extraordinário? Porque somos um dos principais pontos de recepção e distribuição da cocaína europeia.