A frase é de Simenon e explica por que motivo as mulheres já não cozinham. A cozinha da mãe (
Simenon definiu-a magistralmente) desapareceu. Essa cozinha , que podia ser da mãe, da avó ou da cozinheira da casa, não se aprende em cursos
gourmet num hotel ou em casa de qualquer perna-fina que ainda mal sabe fritar um ovo e já disserta sobre a textura do creme de fava-penca da Nigéria.
No livrinho de homenagem às memórias de Simenon, Courtine conta-nos as recordações apetitosas do escritor . Fala de receitas simplicíssimas, de sabores que reecontrou nos dias do fim: a carne assada à flamenga , os guisados em lume brando, a tarte de arroz, o bolo de manteiga, os
maatjes ( arenques novos e gordos que se comem crus), o pudin flan que a mãe lhe fazia nos dias de gripe.
Esta cozinha murmurosa era do tempo e da união. Vivia da sazonalidade e dos mercados, mas também da vida em família, essa taça mágica, e cruel, que dissolvia egos e criava laços. Quando lhe perguntaram qual o seu ideal de mulher, Simenon respondeu: "
A senhora Maigret".