Se a representação política for axial para o envolvimento dos cidadãos na vida da sociedade, o sistema actual titula que representação?
Já vimos que o percurso se faz numa cápsula que viaja dentro das estruturas e fidelidades partidárias. Uma primeira consequência é óbvia: o compromisso do futuro representante é com as referidas estruturas e fidelidades. É claro que, aparentemente ,o representante se reclama de um direito de representação. Vai a eleições e recolhe votos.
O problema é que as eleições e os votos são um excerto na cadeia. Não existindo alternativa, o cidadão transfere para o candidato um mandato de representação sem saber que, no fundo, está a apenas a validar o percurso da tal cápsula que viajou dentro das estruturas e fidelidades partidárias.
Os poucos casos que escapam a esta lógica são vistos como excêntricos. Veja-se o exemplo do deputado Vale de Almeida: candidatou-se a um mandato representativo com o único objectivo de contribuir para uma modificação legislativa específica ( o casamento de homossexuais). Isto significa, talvez, que uma possível linha de mudança reside mais na abertura dos partidos a viajantes de outra cápsulas do que no discurso anti-partidário.