É isto mesmo, mas. E logo dois "mas". O primeiro envolve a cautela. A peça do jornal é antropologia de
veranda: não sabemos exactamente o que foi dito nem como foi dito. O segundo "mas" tem a ver com o risco da situação: como se pode verificar, existem divisões que denunciam a delicadeza da escolha final.
O erro reside no falar demais, o que é estranho tendo o partido tantos mestres de comunicação. Passos podia ter-se limitado a a dizer que não vota moções travestidas. O excesso verbal deve-se, calculo, ao incómodo: se o governo é infecto, como convencer as pessoas de que podemos desperdiçar a primeira oportunidade de a tratar a infecção?
Passos Coelho pode estar a exibir desnorte ( que vai ser aproveitado com
gusto no sítios do costume)
ou, a conselho de alguém que sabe muito, a aplicar uma velha regra da política árabe:
beija a mão que não podes cortar.