Um golpe militar é uma possibilidade mais real do que imaginam. Começa porque temos essa tradição peri-moderna ( 1640, 1820, 1926 e 1974) e acaba porque as actuais circunstâncias são propícias a uma iniciativa desse género: a bancarrota, a perda de soberania e o beco sem saída.
Dir-me-ão que :
a) é impensável. Será. Muitas coisas que têm acontecido recentemente no mundo eram impensáveis segundos antes de terem acontecido. Como sempre.
b) as Forças Armadas estão domesticadas e aburguesadas. Os comandos talvez estejam, mas as patentes intermédias talvez não. Ninguém sabe.
c) um golpe não resolveria nada. Meus caros amigos: essa não é a lógica de um pronunciamento militar. Um golpe acontece porque tem de acontecer. É um imperativo fisiológico. d) que a nossa filiação na UE impede este tipo de aventuras. Dizem bem: a nossa filiação na UE. Acontece que nesta altura estamos mais desfiliados do que filiados.
Depois, a realidade. Se no dobrar do semestre não houver dinheiro para a satisfação das necessidades básicas ( salários, transportes, etc), a desmoralização instalar-se-á. Pouco importará que no (des)poder esteja um governo de concentração ( e não de concentração nacional, uma tautologia dispensável): na rua, ou melhor, em mil ruas, estará a desconcentração regional.
Dir-me-ão que este meu exercício é disparatado. Será, mas sempre vos recordo que existem três maneiras de fazer as coisas: a certa, a errada e a militar.
E às tuas armas... (safa! agora tens armas!), e ao quico da tropa (mas não o puxes para os olhos, senão transforma-se num capuz). O Loureiro dos Santos finalmente terá razão. A longo prazo somos todos visionários.
O seu exercício faria todo o sentido num cenário pré UE...Hoje em dia essa hipótese se não é um exercício humorístico anda lá perto ou pelo menos é encarada como tal. Lembra-se daquele General (?) que há um ou dois anos atrás disse que altas figuras do meio empresarial, académico, entre outros tinham "falado com ele" para encabeçar um golpe de estado? Que eu saiba o militar em questão nem sequer foi questionado sobre o assunto por nenhuma autoridade... Hoje seria um bom dia para tomar o Parlamento. Está sol, uma brisa suave e temos um PM demissionário. Seria um bom dia para mudarmos para um regime a sério (dentro do quadro democrático), que não se limitasse a ser uma amostra do pior que há em Portugal...
Pois .... e a esses sintomas, eu acrescentaria esta doença tão Portuguesa e que não ataca apenas os políticos, a incapacidade de se cumprirem as promessas !!!! À melhor ou à pior oportunidade, lá vai a promessa ao ar.
Creepy, caro Filipe, mas pertinente. Interrogo-me também se nessa eventualidade a maioria silenciosa E decente (i.e. que vota à direita de Ana Benavente e à esquerda de Manuel Monteiro) sairia literalmente às ruas para defender o regime actual. Dou por mim a ter dúvidas. E você, Filipe?
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