Nada se modificou desde a última vez que escrevi sobre a situação política. Não obstante, tenho passado os olhos por rolo imensos de arguta análise. Não há contradicção: um conjunto de pessoas encerradas num elevador avariado não aguarda o socorro em silêncio.
A ausência, quase total, de sentido colectivo no inconsciente grupal português ( que não sei explicar) continuará a permitir , durante algum tempo, a fragmentação do trabalho social para a resolução dos problemas. Os partidos de poder continuarão preocupados com sondagens enquanto geram as futuras gerações de controleiros profissionais, os partidos de protesto continuarão a tentar capitalizar o desespero. As pesoas comuns terão um único objectivo: resistir e salvar o que é seu.
Não creio que o esboço de Rui Rio valha alguma coisa. Num condomínio que se endividou até à morte e em que os vários grupos organizados de condóminos nem querem ouvir falar do véu de ignorância ( a experiência de Rawls), a solução dificilmente partirá de um rearranjo colectivo.
Sei que a hipótese de uma solução é arriscada, mas um liberal à moda antiga acredita sempre no indivíduo. Nos partidos, nas escolas, nas empresas, nos media, existem com certeza homens e mulheres indiferentes à letargia e à subserviência. Não falo de condutores do povo ( demagogos), falo de acções individuais de pessoas descomprometidas com os aparelhos de dominação política , económica e intelectual. Uma espécie de gente a quem falta uma coisa: ambição de glória.
As grandes mudanças não se fazem por inspiração divina, fazem-se por necessidade.
Belo texto Filipe. Não despreze uma coisa: da dita geração "à rasca" há ,apesar de tudo, mais gente com melhor preparação. Claro que há aqueles que aspiram àquilo que a geração anterior aspirou: o quentinho conforto do papá estado contra quem, até para não ficar mal, se ensaiam uns protestos. A minha esperança está na necessidade que menciona na última frase junta com as maior literacia da população jovem. Alguns até podem ter cursos inúteis, facilitados, para inglês ver mas uma população mais culta é SEMPRE mais capaz. O futuro de Portugal vem por aí...
Não se pode dizer que se entretêm a jogar xadrez enquanto os bárbaros se vão aproximando cada vez mais das portas da cidade. É manifesto que quase nenhum sabe jogar xadrez.
Nos partidos, nas escolas, nos hospitais, nas empresas, nos media, existem com certeza homens e mulheres indiferentes à letargia e à subserviência. A seu outro blogue não tem comentários e comenta-se aqui? Então: não sei o que aconteceu em Braga mas quem lhe diz que foram braguistas? Há muitos benfiquistas em Braga.
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