Quando César apelida Bagão Félix de delator por ter considerado Sócrates um mentiroso (por Sócrates ter negado que determinada situação foi discutida em Conselho de Estado) esquece-se certamente de que, por direitas contas e seguindo à risca o seu raciocínio, aquele que nega que determinada situação se terá passado no Conselho de Estado é igualmente delator do que lá se passa (ou não), pelo que César está a chamar também delator a Sócrates.
E, pelo que oiço a António Capucho e no especial caso de Sócrates, Sócrates não só é delator como também mentiroso.
O raciocínio não está mal desenhado, mas enferma de duas falhas.
Primeira: Sócrates foi perguntado sobre uma matéria que teria sido discutida em Conselho de Estado porque o Expresso deu a cacha. Seguindo as pistas, não é preciso pensarmos muito para saber quem foi o garganta funda recém empossado, pois não? E a começar em grande o mandato que lhe foi confiado.
Segunda: Sócrates disse que uma determinada matéria não foi objecto de discussão em sede de CE. O que é substancialmente diferente de, como o fizeram outros conselheiros, vir dizer, para a praça pública, o que foi efectivamente matéria de discussão. Quem não perceber a diferença não tem estofo para lá estar.
Estamos a falar do mesmo António Capucho, o conselheiro de estado de "o governo terá de levar uma rasteira", certo?
Não, Vasco. Dizer que uma determinada matéria não foi discutida, não revela o que lá se passa. Revela o que lá não se passou. Continua a não querer ver a diferença.
Vejo que a imputação de mentirosos é uma sua profissão de fé. Sócrates, e os socialistas em geral, são mentirosos porque o Vasco acha que são desprezíveis mentirosos. Para o demonstrar, apoia-se na espectacular triste estreia do dr. Bagão como conselheiro de estado e nesse outro grande vulto de estado, o dr. António “o governo terá de levar uma rasteira” Capucho. Deve ser um estilo, esta direita caceteira e mal-educada.
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