Com Sá Carneiro e Cavaco Silva (sobretudo na segunda eleição) , o partido soube transmitir ideias simples e precisas. Ambos atiraram a matar sobre anacronias ( medias estatizados, extinção do Conselho da Revolução, etc) e ambos revelaram desprezo pelo aparelho ( das birras de Sá Carneiro ao eucaliptal cavaquista). No plano comunicacional, nenhum durava dois dias às mãos das agências de maquilhagem de hoje.
Ao contrário do PS, que tem apresentado um semi-quadro doutrinário estanque ( solidariedade social, educação gratuita e pública, SNS inviolável, etc), o PSD só conseguiu afirmar-se através de uma espécie de liberdade negativa: libertar as pessoas dos sucessivos espartilhos socialistas. Sendo um partido verdadeiramente popular, ou seja, sem guião pré-definido, os inúmeros funantes têm sempre agendas particulares por uma simples razão: não existe agenda colectiva e os limites são desconhecidos. De Jardim a Miguel Veiga, o sertão é vasto.
O reverso da vivacidade é, logicamente, a rebeldia. Sempre que uma liderança emana de um reino, os outros olham-na como uma delegação plenipotenciária: Vejamos o que nos oferecem, e o que conseguem, e depois falamos. A famosa disciplina não nasce de receitas obscuras ou místicas. Os vários reinos só se subjugam quando compreendem que perdem mais rebelando-se do que obedecendo.
Num cenário destes, uma liderança só convence se for capaz de um bypass político: falar para fora do partido. A hesitação, o medo das sondagens e a hiper-produção das agências de comunicação não são palavras desse discurso. A atribuição decisiva é a que concede à liderança uma movimento excêntrico: a força vem do exterior.
Privatizar o SNS é um tiro no pé para ter essa força exterior. Privatizar a CGD é outro. Já com 2 tiros no pé e com um cabeça de lista por Lisboa que me desilude em toda a linha a carinha laroca do PSD tem de ter cuidado para não ser um PM preso ao capital, sem o povo e sem o partido. Acho que o Miguel Portas tem razão, somos um povo e temos soberania e a maneira sobranceira de quem ganha com operações bancarias e faz perder a quem trabalha e sua tem de despoletar em nós outro tipo de reacção que não seja aceitar e endividarmo-nos cada vez mais. Um pouco mais Islândia, PPC.
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