Estas coisas interessam-me muito. Constituem, na minha opinião, o veld mais difícil da análise psicopolítica, porque desafiam a análise política pura. O psico, aqui, não significa rebuscadas interpretações psicanalíticas, antes bebe na psicologia social dedicada à área política em sentido lato: atitudes, atribuições, inovação, conformismo, etc. O que gosto de acrescentar é o que falta muitas vezes a essa área: um arquivo da história de processos políticos, observações recolhidas da literatura e a interpretação de espectadores comprometidos.
A equação parece misteriosa: seis anos de PS, crise, FMI e uma eventual reeleição de Sócrates. Continuo a pensar que não será assim. A lei da política falará mais alto e o o partido do governo será castigado. Seja como for, joguemos o jogo:
1) A primeira linha é fraca: o povo é conformista é conservador. Não há nada que suporte esta teoria se aplicada a uma situação excepcional. Para além disso, o povo não é nada. Nós é que projectamos nele as qualidades que nos dão jeito em determinada situação. É como dizer que os leões são ferozes. Não são. Ferocidade é um conceito exclusivamente humano. Os leões estão equipados com um conjunto de atributos necessários à sobrevivência .
2) A segunda linha é mais tentadora: a alternativa é incipiente. Poderia ser uma boa linha se estivéssemos numa situação normal. Não estamos. O valor da qualidade da alternativa é inferior ao da angústia da situação. Dito de outro modo: em situações de incerteza total, tudo parece pouco fiável. Para além disso, a inexperiência deste PSD é um logro: as pessoa sabem que se candidatam políticos do regime ( muitos já foram governantes, alguns são velhos sabidos). É uma fraqueza que pode vir a ser uma força.
Existe um terceiro nível. Desviemos o olhar do jogo das culpas e centremo-lo naquilo que habitualmente decide uma eleição: quem dá mais? Nesta altura, a fórmula sofre uma mutação: quem tira menos? O PS, ao qual se atribui, geralmente, uma história de solidariedade (esquecendo o esbanjamento), parece melhor colocado. Não ignoram as responsabilidades de Sócrates? Não, mas valores mais altos se levantam.
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