2006: Que seja estupidamente melhor que 2005! E tudo de bom para as minhas famílias mais chegadas, nas quais se inclui a tripulação.
posted by Neptuno on 4:46 da tarde
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O CANDIDATO DOS JORNAIS: Soares descobre agora que há um complot contra a sua candidatura e que a imprensa é manipulável e que as opções e/ou simpatias dos media podem influenciar a dimensão e o teor das notícias. Parabéns por essa tremenda descoberta ao fim de oitenta e um anos e num momento em que, como tudo o indica, o flop eleitoral está iminente.
posted by Neptuno on 4:41 da tarde
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2005: Um dos factos que em minha opinião marcou o ano de 2006 foi o luto nacional decretado por ocasião da morte de Álvaro Cunhal. Penso que se trata de uma suprema hipocrisia e que reflecte bem a tirania politicamente correcta vigente. O seu período de luta anti-fascista "limpa" da memória colectiva oficial aquilo por que, de facto, lutou toda a vida: por uma ditadura de inspiração soviética. O que faz dele um inimigo da democracia. E não me parece que os inimigos da democracia devam ter honras de estado.
ALTOS & BAIXOS: Jerónimo de Sousa, um estalinista empedernido, consegue provocar em mim um sentimento de simpatia. Não, não sofro do complexo da avestruz ( título de um livrinho antigo sobre o sentimento de inferioridade dos intelectuais de esquerda face aos homens de mãos calejadas). A simpatia advém da coincidência em Jerónimo entre o que diz e o que faz ( não o que é, isso seria outra conversa). Com Soares acontece o oposto. Um senador da alta cultura, habituado aos salões e aos mapas, agora travestido de Jerónimo. Isto não liga nada bem. Mas pior é a sensação ( coisa que ocupa os psicólogos desde as experiências de Wundt no século XIX ) que se aproveitam dele. Esta crença que ele exibe que nos debates é invencível, esta estranha, porque entranhada, mania da superioridade parece-me enxertada. O bacelo talvez tenha sido importado pelos batalhões de supostos jovens esquerdistas universitários que por ele falam e escrevem: não tiveram pai ( Jerónimo é não é capaz, Louçã demasiado sagaz, Alegre tanto faz), viram-se para o avô. Eles comem tudo e não deixam nada?
posted by FNV on 8:39 da tarde
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CADA UM FALA DO QUE SABE: A TSF está a passar as declarações de Mário Soares hoje na Feira: a culpa agora é "das televisões", no meio de alusões ao "tempo da ditadura". Acredito que deve ser dificil actualizar o discurso, mas ninguém o mandou meter-se nisto.
posted by FNV on 6:05 da tarde
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A LER: O blog de Manuel Gomes ( www.mgomes.blogspot.com), o Atento. Pedaços da história recente nos seus documentos ( revistas, jornais, cartazes), muitas vezes com um humor educado mas nem por isso menos certeiro. Coisas mais sérias também lá se encontram, como por exemplo a possibilidade de podermos ler na íntegra o folheto distribuido aos estudantes pelo MRPP, depois do assassínio de Ribeiro Santos. Para terminar, e a julgar pela capa de um "Século Ilustrado" de 1973 dedicada ao Benfica, o Manuel Gomes é um homem de bom gosto e um bom chefe de família.
posted by FNV on 4:14 da tarde
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DESEJOS PARA 2006 (IV):" Que os corações dos homens escondam menos perigos do que as montanhas" ( Chang K'o-chiu).
posted by FNV on 11:53 da manhã
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NOBEL DA ECONOMIA: Parece que, afinal, devemos todos ter fé na gestão de José Sócrates: um homem que com menos de mil contecos por mês consegue passar as férias de verão em safaris no Quénia e as de inverno do mesmo ano a esquiar na Suíça faz milagres com o dinheiro. É pedir-lhe a receita e seguir-lhe o exemplo.
DESEJOS PARA 2006 (III): Fazer de Richard Burton no remake de Amarga vitória do Nicholas Ray, só para poder dizer desesperadamente orgulhoso: I always contradict myself.
posted by FNV on 11:53 da tarde
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DESEJOS PARA 2006 (II): Um filme português sobre a viagem do Gama ou melhor, sobre a Peregrinação do Fernão. Se tal não for possível, uma fita sobre o Conde Andeiro ou sobre qualquer outro homem clarividente. Mas só depois de financiada a habitual quota de fitas, onde terá por certo lugar o drama da traqueorragia de um divorciado apaixonado por uma abóbora-cyborg.
posted by FNV on 10:50 da tarde
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DESEJOS PARA 2006 (I) : Acordar no primeiro dia, a cavalgar no Hindu-Kuch, servindo fielmente o Durrani. Beber pela manhã o leite de cabra e jurar defender o namuz até que a noite me tenha abraçado de novo.
posted by FNV on 10:40 da tarde
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NO REINADO DE JIAJING: Soares fala-nos de forças superiores que manobram em infecto conúbio para denegrir a sua imagem mediática. Forças confiadas a à sempre eterna associação malfeitora entre jornalistas, políticos e governantes?
posted by FNV on 7:24 da tarde
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CAIM E ABEL: Meu caro Pedro, essa tua interpretação é muito familiar ( talvez por isso freudiana, porque o Sigmundo escreveu a partir da família judaico-cristã). Gosto mais de trabalhar a oposição entre o Caim sedentário/agricultor e o Abel nómada/pastor. Digamos então que Soares nunca poderá ser Caim, o sedentário...
posted by FNV on 5:10 da tarde
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A DONA DA VERDADE: Não me impressiona a intervenção presidencial em áreas que não são as suas. Ao longo destes últimos 10 anos, assistimos a inúmeros discursos de Jorge Sampaio com recados para o executivo. E, mesmo quando essas mensagens não eram perceptíveis no texto (a grande maioria das vezes), vinha sempre um assessor, antes ou depois do discurso, explicar o que se pretendia dizer ou se tinha dito.
Cavaco Silva tem sido acusado pela esquerda de interferência (ou de "intermitência", na particular opinião de Soares) nas funções governativas por ter aludido ou mesmo sugerido numa entrevista a criação de uma secretaria de estado. Veio logo a esquerda dizer dele que não conhece a Constituição e as funções presidenciais e que apenas pretende usurpar o poder executivo.
No dia seguinte, o candidato presidencial Louça clama que a proposta do governo para aumento na função pública é um "erro inaceitável" e o candidato Jerónimo de Sousa apela à intervenção presidencial de Jorge Sampaio (de Alegre ainda não ouvi nada e Soares deve andar ainda a treinar-se soletrando a mensagem que querem que profira).
Mesmo já habituado a que a esquerda se julgue sempre dona da verdade, confesso que me espanto sempre com a facilidade contorcionista como ela defende poder fazer aquilo que criticou aos outros no dia anterior. Na verdade, porque estranha razão umas intervenções serão legítimas e permitidas e outras não?
NÍQUEL DOS PIERCINGS É PERIGOSO: Muito cuidado com a não observância da directiva comunitária 2004/96/CE que veio alterar o Decreto-Lei nº 264/98, parece que dá lepra. Quer dizer, pus um piercing e acabei no casting do Apocalipse Now.
posted by FNV on 12:52 da tarde
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NESTE NATAL, 320 MILHÕES DE SMS: E não recebi nenhuma.
posted by FNV on 12:51 da tarde
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EU, EUNUCO: O Franco Atirador, o nosso Luís M. Jorge, diz a propósito do meu post Moitas que "um terapeuta do sexo oposto é um convite à traição". Bem, esta é uma daquelas situações em que cada um fala por si. No meu caso, posso garantir que embora já tenha estimulado algumas mulheres a "trair", nunca me alcandorei a beneficiário da coisa. Por outro lado penso muitas vezes que o setting psicoterapêutico é dos poucos em que um homem pode ser realmente amigo de uma mulher. Em psicoterapia ou em aconselhamento, e calculando por alto, 80% dos meus doentes são/foram mulheres, algumas interessantíssimas, e julgo que acabei por ficar amigo de muitas delas. Não que vá ao cinema ou almoce com elas, claro está. Mas tantas horas a falar de desespero, de amor, de sexo, de dinheiro, de filhos, acabam por confiar um laço. E os laços, que tanto trabalho dão a apertar, não se atraiçoam facilmente.
posted by FNV on 11:55 da manhã
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AI ELE É ISSO?: Então o Lisboa-Dakar parte da Praça do Império e o Bloco não se mexe? Era preciso que lá estivesse um bispo a benzer as carripanas?
GOLPE DE ESTADO EM PORTUGAL: Candidato presidencial propõe nomeação de manga-de-alpaca para monitorizar as dificuldades das empresas lusas por esse mundo fora. Não nos tirem é o moço da emigração-e-das-comunidades que voa até Joanesburgo para comer bacalhau e até Toronto para beber jeropiga.
posted by FNV on 9:41 da tarde
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MOITAS: Dizia-me ela no outro dia e depois como nos filmes ele vinha atrás de mim. Não me canso de ouvir as outras mulheres: gaspiadeiras, médicas, informáticas, a casa do 30 é uma boa casa. Há sempre um caramelo que tem qualquer coisa que falta ao legítimo, normalmente centímetros ( a corneação é um padrão como outro qualquer). O caramelo exibe ainda, pletórico, outra divisa tépida: a ambição. Mas o problema de "como nos filmes" liga-se ostensivamente ao desfecho. A outra, mesmo nestes dias de laços brandos, move-se com dificuldade. Com insalubre certeza são todas postas de parte. É a revolta, "o horror", como dizia o Albarran. É nessa altura que desejam que tudo se passasse como nos filmes, com eles atrás delas. E é precisamente nessa altura que eles se escondem atrás delas.
posted by FNV on 8:54 da tarde
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ABRE-TE SÉSAMO: Para desanuviar, talvez passe esta noite no TAGV para assistir a um pedaço da conferência de imprensa dos 40 cidadãos de Coimbra preocupados com a política cultural da câmara. Lá estarão, porque signatários do documento de protesto já publicitado na imprensa regional, dois compadres do Mar Salgado: o Luís Januário e o Vital Moreira.
Adenda: no jornal de ontem, a conferência de imprensa estava afinal anunciada para as dez horas, mas da manhã. Acabei por saber ao final de tarde de hoje que a coisa ocorreu às 15h.
AMARGOR: Numa entrevista concedida a Frederico de Melis e publicada no Il Manifesto de 5 de Maio de 1981, Primo Levi é convidado a fazer uma comparação entre os seus livros e os de Kafka. Diz-lhe o entrevistador que onde Kafka é sempre rarefeito, pessimista e artesão de uma vida perdida, Levi, mesmo no "Se isto é um homem", parece respirar outra atmosfera. Levi explica que ter sobrevivido ao Lager nazi fez dele na altura um optimista, é bom tudo o que acaba bem, ao contrário de Kafka, que perdeu as irmãs num campo de concentração. Levi, na altura da entrevista, já velho, diz-se então finalmente pessimista. O que mudou? Para Levi, a sensação de sobrevivência à máquina de matar declarou um sentimento de que só coisas boas poderiam nascer a partir daí; hoje ( 1981) pensa que o mal pode - e deve - repetir-se. A idade traz-nos o dom do presságio? Ou a idade traz-nos apenas, com a flacidez dos músculos, a certeza de que os piores tempos já não serão nossos? Levi cita ao jornalista um canto de Leopardi: "Altro dirti non vo'; ma la tua festa/ ch'anco tardia venir non ti sia grave". Ou seja, a nossa festa ainda vem longe.
UMBIGOS: O tom opiniático das peças das televisões vai galgando degraus. Acabo de ouvir na SIC-N, pela boca do jornalista, que "o acidente do autocarro na Madeira pode vir a ser muito prejudicial para o futuro do turismo na região". Se o acidente tivesse ocorrido em Lisboa, poderia vir a ser prejudicial para o futuro do turismo na região de Lisboa e Vale do Tejo?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.