O título é o de um bom texto do Daniel Oliveira. Lembro-me bem da Zita Seabra deputada, de cabelo rapado, fulminando os burgueses e os fascistas. É natural que hoje não tenha amigos no PCP. Como da morte, que nos separa de quem precisávamos e bebíamos, uma funcionária do repúdio não pode guardar saudades. O Daniel Oliveira espanta-se - com uma agenda própria, claro - com o facto de ela não guardar amigos desse tempo. "Ó meus amigos, não há nenhum amigo !": a sentença de Aristóteles entra que nem mão fina em luva macia. Quando viramos as costas a uma linha recta não enviamos postais.
posted by FNV on 9:44 da tarde
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PORTUGAL AMORDAÇADO:
Um jornalista entrou numa repartição pública, dirigiu-se a um funcionário e perguntou-lhe o que pensava do primeiro-ministro. O homem ficou atrapalhado e fez-lhe um sinal: que o seguisse. O jornalista assim fez, e passado um bocado estavam no átrio de um piso inferior relativamente deserto. O jornalista repetiu a pergunta mas o homem em vez de responder voltou a fazer-lhe um sinal e encaminhou-o para um cabinete escuro e esconso. Quando entraram, o jornalista já admirava a coragem daquele funcionário ao mesmo tempo que se espantava com clima de coacção existente na repartição. Foi então que o funcionário lhe puxou por uma manga e sussurrou: "Sabe, eu até aprecio o nosso Primeiro".
posted by FNV on 12:49 da tarde
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É ZERO: O argumento "vocês não têm moral para falar" é de quem não tem moral nem argumento. É de quem não tem nada.
posted by VLX on 12:13 da tarde
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OUTRA INEXPLICÁVEL: Não me importo que Rui Rio queira brincar com os seus carrinhos, até simpatizo com eles. Que, em total desrespeito pelas pessoas, ele feche desnecessariamente uma porção de ruas e arme a maior das bagunças no trânsito num dia de trabalho é completamente inexplicável e deveria ser proibidíssimo.
posted by VLX on 11:41 da manhã
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A CHUVA MOLHA TODOS...: O país sente-se amordaçado (onde é que eu já li isto?...). Os funcionários públicos têm medo de falar ou de sequer pensar. Porque temem pelos seus empregos e lugares, calam-se e apelam ao Presidente da República. O facto deste se encontrar igualmente calado só se explica por também temer pelo dele. Isto é Portugal no seu pior.
posted by VLX on 11:36 da manhã
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SITUAÇÕES INEXPLICÁVEIS: Quando era criança assisti a coisa semelhante em casa dos meus Avós, em Arcos de Vadevez. A mula ruça dos caseiros era coxa, meia zarolha, também velha e preguiçosa. Mas mesmo assim toda a gente por ali dizia que a queria comprar.
Que quer dizer mais ou menos isto em mandarim: "Somos portugueses do Benfica". Com pouco mais de um mês de bolsa ainda só fomos alvo de duas OPA, o que considero manifestamente pouco. Onde estão as empresas canadianas (de Toronto) , americanas ( de Fall Rivers e Boston), brasileiras ( do Rio) e quejandas? Claro que os chineses são bem vindos ( até por causa de Macau) , mas ainda não vi os franceses do Credit Lyonnais nem os indianos da Satyam chegarem-se à frente. O maior clube do mundo ( 22,8 milhões de adeptos) tem de dar o exemplo. O Canal Panda pode assim ser tentado a investir no Sporting e o grupo Pellegrinetti no FCPorto. Até os pequenos ganham.
posted by FNV on 11:44 da tarde
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NOVO ESTADO: Face ao estado novo a que isto chegou, acho que devemos todos agradecer reverencialmente à Senhora Secretária de Estado o permitir-nos dizer mal do governo dentro de casa. Considero, no entanto, que se deveria precisar melhor a coisa. Cá por coisas. Assim, deveria ficar bem regulamentado (por portaria ou coisa do género) aquilo que se poderia dizer do governo, em cada casa, e como. Isto porque o meu vizinho fez ontem uma festa com umas 20 pessoas (sem contar a sogra, que se babava ressonando no sofá, e algumas crianças e adolescentes) e, de varanda para varanda, eu ouvi 24 vozes de adulto, todas diferentes, a dizer alto e a bom som: "cambada de ditadorezinhos que nos governa" (o que indicia, Senhora Secretária de Estado, que poderá lá ter estado, também, o Fernando Pereira. Mande investigar).
Ora se se me afigura legítimo que cada um diga mal deste governo em sua casa, já não me parece próprio da democracia e da liberdade socialista actuais que as pessoas possam andar a dizer mal do governo em casa de uns e de outros, ou de casa em casa. Alguns dos convidados do meu vizinho nem eram desta freguesia nem sequer do concelho! Cada um que vá dizer mal do governo para a sua freguesia! O que seria da liberdade socialista se as pessoas pudessem andar de freguesia em freguesia, de concelho em concelho, de distrito em distrito a dizer mal do governo? - seria seguramente um corrupio inacreditável de migrações, o caos nas estradas, a alegria das transportadoras. Naaaa, isto não pode ser permitido. Nunca por um governo socialista.
As pessoas podem dizer mal do governo, sim senhor, estamos num país livre, mas só se for dentro das suas próprias casas, devidamente registadas em seu nome na CRP respectiva, apresentando (caso as autoridades ou qualquer vizinho bufo batam à porta a exigir) a dita certidão e a de nascimento actualizadas, bem como a permissão para falar mal do governo, emitida pelo Presidente da Junta de Freguesia, com selo branco, e actualizada anualmente. Originais. Os convidados não poderiam falar mal do governo nas casas a que fossem, com excepção dos que vivessem no mesmo condomínio ou num raio de 100 metros, mas desde que estivessem munidos de toda a documentação atrás referida. Isto é o que eu julgo que deve ser feito. Já inquilinos não poderiam falar mal do governo porque, em bom rigor, nunca estão nas suas casas. Os proprietários de diversas casas teriam de indicar, anualmente, aquela em que pretenderiam dizer mal do governo. E não poderiam alterar a declaração a não ser no ano seguinte. Assim evitar-se-ia que dissessem mal do governo nas suas casas de fim-de-semana ou nas de férias. Em férias, naturalmente, a maioria da população ficaria impedida de falar mal do governo, o que tornaria o AllGarve uma imensa área onde não se comentaria o génio do Ministro Pinho. Não esquecer determinar-se para os prevaricadores a instauração de processos de contra-ordenação (criminais não seria pior mas o governo de V. Exa. gosta de carregar nas coimas).
Pertinente também tratar da questão das zonas comuns. Deverá poder falar-se mal do governo nas zonas comuns? Pergunto porque o último convidado do meu vizinho a sair, ainda no corredor, perto da minha entrada, vociferou contra todas as progenitoras de todos os membros do governo, desde lá de cima até aos chefes de gabinete e assessores de imprensa. "Principalmente esses", berrava ele com a lucidez do bom vinho. Isto enquanto a pobre da mulher o mandava calar ou falar baixinho; "não estamos na DREN, a dride já acabou", clamava o homem um pouco confuso, "não sou o Charrua". Ora eu não estou para ouvir estas indignidades sobre o nosso digníssimo governo ou sobre as direcções regionais do que quer que seja. Devia estabelecer-se que nas zonas comuns não se poderia dizer mal do governo. Já agora, proibir também nos arrumos, arrecadações e mesmo nos lugares de garagem, ainda que pertencentes às respectivas fracções, para a criadagem não ficar a falar mal do governo quando vai lá baixo buscar batatas ou cebolas. Aproveite-se para alargar a proibição aos sótãos (nunca esqueçamos os ensinamentos da História) e durante os jogos de cartas, designadamente, sueca.
Evidentemente, junto às caixas registadoras das mercearias deveria igualmente ser proibido falar mal do governo. É por essas e outras que as pessoas se enervam e se enganam nos trocos, com prejuízos gravíssimos na economia nacional. Discretamente, dever-se-ia colocar um artiguinho no regulamento que atendesse a esta necessidade.
Não esquecer nunca as crianças. Isto é inconcebível! Em casa dos meus vizinhos estavam umas dez crianças entre os 8 e os 16 anos, todas ali a ouvir que eram governadas ora por uns ditadorezinhos, ora por uns ditadorezecos, ora por uns palermóides sem senso, onde é que isto vai parar? Em que lar nojento os filhos dos membros deste governo os irão meter? Acho que devia ser proibido falar mal deste governo, ainda que nas próprias casas, à frente de crianças. Só depois dos 18 anos. Talvez 21, não lhe parece melhor? Até lá elas não devem saber que este governo lhes anda a torrar o futuro, carregando-as de dívidas.
À frente dos velhos também não se devia poder dizer mal do governo. Os velhos já dizem, eles próprios, mal de tudo; se vão estar sempre a ouvir dizer mal do governo a vida deles transforma-se num inferno e queima o governo: vão começar a reclamar mais pelas pensões. Ora isto não pode ser que a malta precisa da massa para brincar com os comboios e os aviões. Onde se viu gastar com velhos quando há por aí tantos aeroportos novos para fazer, montanhas para deitar abaixo e a necessidade premente de reduzir em dez minutos a viagem ferroviária Lisboa/Porto? Eu sei que a sogra do vizinho não ouve nada, mas uma admoestaçãozinha pela manifestação (sim, Senhora Secretária de Estado, aquilo parecia uma manifestação à séria) que o meu vizinho promoveu era coisa que se justificava seguramente. Talvez umas chibatadas na praça, aos domingos de manhã.
Enfim, estas são apenas algumas ideias para a redacção do diploma. Eu oferecia-me para o redigir, mas V. Exa. tem seguramente no governo pessoas com muito maior capacidade e imaginação para o fazer. Força! Mãos à obra!
Enquanto o PSD se agarra a episódios que lhe são muito familiares ( partidarização das chefias), o resto da oposição fala sozinha: é uma tristeza a lista de espera para cirurgias a doentes com cancro. Este é exactamente o território no qual Correia de Campos devia ser marcado em cima. É social, é humano, é um caso de decência relativamente ao qual a empáfia do ministro se torna ( ainda) mais ridícula.
Descobriram agora que o cargo de director de um Centro de Saúde ( ou de um Centro de Atendimentos a Toxicodependentes...) faz parte da omertá partidária? Têm andado por Marte, é?
posted by FNV on 1:23 da tarde
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ANTES COR-DE-ROSA DO QUE ÀS RISCAS:
O nosso novo equipamento cor-de-rosa assenta muito bem ao Petit e coloca o Benfica na rota da sobremodernidade gay. E muito bem. Tudo é preferível ao tecido riscado *, adorado por revolucionários, usado por presidiários e imposto aos doidos concentrados. Risca, stria, streifen, riscar ( embora os filólogos discordem, porque associam streifen a stren e à ideia de estender, expor); Strafen, punir; Strip off, excluir ( às vezes a roupa em bares de má fama). As riscas ( azuis ou verdes) são boas para os papagaios, barracas de praia ou para os pijamas. Não fazem falta num relvado. Na Roma Imperial, o bobo - scurra - usava fatos listados; na Renânia medieval, os prebostes e os moços de estrebaria também eram vestidinhos às riscas. Habituem-se a perder para os gajos de cor-de-rosa. Vão ver que até é bonito.
Apesar de vaguear já algum tempo pela www.sudan.net/ - um bom directório para publicações e sites relacionados com o Darfur - , ainda não consegui compreender a explicação oficial para a ausência de imagens dos acontecimentos na região. O terreno é difícil e há mortos? Claro: como em muitos outros locais. Há alguma sensibilidade islâmica especial a considerar? Se for esse o caso, estamos mal. Muito mal.
ELE JÁ SABIA: Expulso de Portugal porque era judeu, excomungado pela comunidade judaica porque via mais além (não por acaso, polia lentes de óculos na Haia para ganhar a vida), traçou sem saber, no fim do século XVII, o perfil dos "pensadores" portugueses do século XXI: "Concebem os homens, efectivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem. Daí, por consequência, que quase todos, em vez de uma Ética, hajam escrito uma Sátira, e não [tenham] sobre Política vistas que possam ser postas em prática, devendo a Política, tal como a concebem, ser tomada por Quimera, ou como respeitando ao domínio da Utopia ou da idade do ouro, isto é, a um tempo em que nenhuma instituição era necessária". Bento de Espinosa, Tratado Político (trad. de Manuel de Castro).
Foi em 1810 que o último soldado estrangeiro pisou solo nacional com intenções malévolas. Se compararmos com o panorama europeu é uma coisa boa, não esquecendo que as fronteiras permanecem imutáveis desde 1640 ( descontando Olivença, perdida precisamente na altura da 3ª Invasão francesa). Estabilidade, homogeneidade religiosa e linguística, paz. Desconheço por que razão não valorizamos estes remédios venenosos. Suspeito que nos agrada mais o veneno - isolamento, anomia - do que o remédio: sossego, poucos cemitérios militares, ausência de contas por ajustar. É natural que, num país que ficou à margem das grandes convulsões modernas, o discurso ressabiado - por vezes justo e certeiro- obtenha sucesso. Também é natural que a saudade - um barco dentro de uma garrafa - seja o sentimento nacional.
Está para nascer a pessoa que falhe uma carreira e não venha para os jornais queixar-se do sistema: musical, desportivo, político, etc. Deve ser muito difícil aceitar que não se chegou onde quis por culpa própria. Este traço explica-se, talvez, pela falta de vaidade cruzada com um narcisismo de terceira ordem. A vaidade procura, no pouco que se consegue, um motivo de orgulho. Um tipo é gordo e careca mas é rico? Óptimo. Se não existir vaidade estamos sempre dependentes do elogio de terceiros. E aqui a coisa descamba. Um narcisismo de terceira categoria alimenta-se da facilidade com que somos criados. Somos sempre os melhores, e mesmo que a nossa professora entenda que só servimos para assentar tijolos, os paizinhos estão lá para corrigir a docente. Estes paizinhos, por sua vez, são filhos dessa cultura e projectam na prole toneladas de frustrações bolorentas, cuidando resolvê-las através dos petizes. O narcisismo barato é muito frágil e não encontra suporte na justa vaidade por coisas pequenas: estamos destinados a grandes feitos. Quando a realidade chama para jantar, a culpa é dos outros. Inevitavelmente.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.