A série ODI ET AMO vai de férias e agradecida aos leitores que, surpreendentemente, tanto a mimaram. Espero que regresse melhor.
posted by FNV on 12:45 da tarde
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NARCOANÁLISE ( Nova Série):
No Afeganistão foi batido o recorde de área cultivável : 165.000 hectares de papoila. Lord Malloch-Brown ( responsável do Foreign Office para a região) está estupefacto: milhares dos melhores soldados e milhões de dólares depois, o ópio mostra a sua força. Se na Europa a heroinodependência está estabilizada ou mesmo em queda, na Rússia e nos seus antigos satélites a coisa pia mais fino. A heroína vai ser, nos próximos anos, a droga da integração europeia. No próximo dia 20 de Agosto, Bush e Caldéron vão assinar um acordo de cooperação que pretende imitar o Plan Colombia de 2000. Diz-se ( ver o Washington Post de anteontem) que serão centenas de milhões de dólares em meios e treino de pessoal. Os mexicanos estão satisfeitos mas desconfiados da possível presença de soldados americanos em território de Zapata. Os americanos sentem a war on drugs cada vez mais perto de casa. Vai ter de se estudar muito, ler muito. A intoxicação não mudou desde a primeira war for drugs - feita para se poder vender ópio - que terminou há apenas165 anos, mas a geopolítica associada é assaz instrutiva. É tempo de análise e é tempo de abandonar as parangonas, caso contrário teremos problemas. Velhos-novos problemas.
"O Amor de novo sob pálpebras azuis" : tem razão Íbico, temos razão nós. Não há forma de nos convencermos que amamos sobretudo a vida, um copo gelado entre amigos ou uma mulher há muito desejada. Há muito tempo que nos esquecemos comos éramos quando a quisemos. E depois a batalha das palavras, daquilo que nos divide. Separo-me, deixo-te, odeio-te. Nem damos conta dos laços que ficam, das úlceras que nos agradecem.
posted by FNV on 9:20 da tarde
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ODI ET AMO (XX):
As férias pequeno-burguesas estão aí para meu deleite. Os regimes iluminados tentaram sempre controlar as férias do povo ( Hitler organizava acampamentos de Verão, os soviéticos recomendavam leituras, Salazar tinha a FNAT e etc...), por isso gosto desta debandada mansa e desordenada para lugares previsíveis. A única nuvem é a mania das fotografias. Tiram-se muitas. Demasiadas famílias inteiras. Vai custar, mais tarde, esta suposição de felicidade. Todos juntos, só no papel.
Se Sarkozy o fez, fez bem. Mas tivesse Zapatero libertado os reféns, ao mesmo tempo em que por coincidência vendia 268 milhões de euros de tecnologia espanhola ao amável regime líbio, os fraldiqueiros do costume não se calariam: "oportunista politicamente correcto", "invertebrado" e "aldrabão". Depois viriam as habituais ladainhas de costureira excitada sobre a virilidade do charuto de Churchill e a rectidão dos bigodes de De Gaulle.
Nuno Assis é, dentro de campo, a imagem do seu treinador: abúlico, amorfo e confrangedoramente ineficaz. Não por acaso, jogou quase toda a partida. Fernando Santos está há mais de um ano à frente do SLB e a equipa continua a iniciar as jogadas ofensivas com um balão para a frente. Isto ainda vai piorar ( muito) antes de começar a melhorar.
posted by FNV on 11:22 da tarde
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NARCO ANÁLISE ( Nova Série):
Na anterior série escrevi sobre a corrupção que o narcotráfico causa em algumas ex-Repúblicas Soviéticas, agora começo pelo caso da nossa Polícia Judiciária. Obviamente não farei referência a aspectos concretos: anda por lá muito ajuste de contas. É inevitável, é dos livros, que quando uma zona produz muita droga, ou intercepta muita droga, a corrupção aumenta nas forças policiais. Já em tempos aqui trouxe a odisseia do comissário Lin Tse-hsu e da sua comissão de serviço em Cantão ( 1839-1841). Foi, provavelmente, o primeiro quadro completo - proibição/corrupção - da história das drogas. Também já aqui avisei, e por diversas vezes, que o aumento espectacular das quantidades apreendidas não se deve a uma eficácia sobrenatural do DCITE. Tem uma causa bem mais prosaica: o espectacular aumento da quantidade de droga em trânsito no território nacional. Nos EUA e no México, há muito habituados à corrupção que o tráfico causa na forças policiais, o desenvolvimento dos novos esquemas dos carteis mexicanos tem causado problemas novos. Também já aqui em tempos referi a fragmentação das velhas famílias, responsável por uma maior porosidade da vigilância e a uma maior quantidade dos canais de tráfico. Resultado: maior descentralização do combate ao narcotráfico e maior possibilidade de corrupção policial. Em Villahermoza, Tabasco, uma esquadra inteira foi tomada de assalto por forças federais em Março deste ano. Eram todos podres. Na Colômbia, o problema agrava-se de forma original. Em Setembro de 2005, três militares americanos, incluindo o sargento Iriazarry-Melendez, foram presos e acusados de tráfico. Este homem, Melendez, pertencia ao 204 th Military Intelligence Batallion e era substance-abuse coordinator. A apropriação de pequenas quantidades de droga ( ou de dinheiro da droga) por parte dos operacionais envolvidos é uma consequência natural e inevitável da actividade. Esta tendência agrava-se quanto maior for a quantidade de droga em circulação. É simples. No entanto, convém separar este problema de outros problemas: sejam os internos, sejam os que resultam do combate entre a cultura policial e as agendas governamentais. Também é simples.
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