Rui Rio pediu a reorganização da directoria portuense da Polícia Judiciária. Das duas uma: ou sabe coisas muito preocupantes ou utilizou a situação actual para se intrometer numa área que não é, de certeza absoluta, a sua. Ambas as hipóteses são desagradáveis.
Um médico ( a Sábado cita o dr.Themudo Barata) proclamou esta semana que não comparticiparia uma intervenção às coronárias de um fumador. Talvez um dia esse senhor tenha sexo com uma/um prostituta/o sem preservativo ou ultrapasse os 200km/h e vinte traços contínuos. Fez o que quis consciente dos riscos, não foi? Então que pague do seu bolso. Até ao último tostão.
A dureza volta-se contra nós. É o preço que se paga pela distância que interpomos entre nós e os outros. É uma factura necessária pois de outra forma teríamos de viver encostados. Custa a desenvolver, aprende-se a aperfeiçoar. Quando nos tornamos expertos na arte, a vida corre mais solta. A dependência das pequenas coisas é obrigatória, suporta-se como a chuva miúda. Mas com vantagem couraçamos a fraqueza: é óptimo se vens, aguardo-te enquanto não chegas. Entretanto bebe-se um aperitivo.
posted by FNV on 8:34 da tarde
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EUROFESTIVAL DO TRATADO ALUCINADO:
Está uma mulher na televisão a berrar e com um cesto de papeis enfiado na cabeça.
posted by FNV on 12:59 da tarde
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ODI ET AMO (LIX):
Uma fotografia antiga do riso dos nossos filhos é um bom exemplo da litigância da memória. Sem dúvida que também sorrimos com ela nas mãos, mas engolimos uma tristeza imensa. Não é só o requerimento oficial da velhice que incomoda. A memória , nestes casos, vive, e isso perturba. Fomos feitos para separar tempo e saudade, lugar e retorno. Os filhos crescidos dizem-nos que o tempo passou, mas que a saudade é impossível pois que eles nos beijam todos os dias. É uma guerra lavrada num armistício.
Com este arraial da assinatura do "Tratado", os Milous do governo e do PS de lei devem estar a precisar de alprazolam vitaminado. Mas não só. Os que noutros tempos alcançaram o orgasmo na cavacolândia - com a extraordinária visão do IP3 em funil e "o novo homem português" gerado a meias com o prof. Carlos Queirós - olham para isto com rábia. Talvez hidantina reforçada.
O estudioso destas coisas gostaria de deixar uma pequena contribuição para o debate sobre o aumento da criminalidade violenta em Portugal. E em forma de convite. Nos últimos dez anos, Portugal, juntamente com a Espanha e Holanda, tornou-se no destino privilegiado da entrada de cocaína na Europa. Enquanto as pessoas se excitam com um punhado de seringas trocadas nas prisões, a cocaína movimenta milhões de euros. Estas coisas não se passam sem consequências. Já aqui trouxe, nesta série, vários exemplos da conexão entre o aumento súbito do narcotráfico e a explosão da criminalidade violentamente organizada. Os EUA ( para dar um exemplo de uma cultura do tipo ocidental) sofrem actualmente, em vários pontos da fronteira mexicana, um tipo de criminalidade diferente e extraordinariamente sanguinolenta. Só um ingénuo pensa que se mata alegremente pelo direito a controlar as receitas do consumo mínimo de casas de diversão nocturna. Estudem-se cenários idênticos ocorridos na Galiza, no Novo México, em Moscovo e por aí fora. Não custa nada.
posted by FNV on 11:24 da tarde
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NARCOANÁLISE ( Nova Série):
Em matéria de propaganda os proibicionistas - neste caso com o álcool como alvo - são muito criativos*. Corria o mês de Novembro do ano de 1918 quando a ASL ( Anti-Saloon League) reuniu o Worldwide Prohibition Congress, em Columbus, Ohio. Era o ataque final para pressionar o Senado e pretendia envolver "representantes de todas as nações cristãs que favoreciam a Prohibition". A China e a Índia estavam portanto representadas por... missionários americanos. Mas não é tudo. Para além de Portugal ( uma piada entre outras), figurava na lista a Rússia. Mas os fanáticos da ASL tiveram o cuidado de colocar um asterisco: "Antes de 1914".
Assisti à discussão ( sobre a liberdade de escrita)* e deixo o meu testemunho. Não me interessa se a Atlântico é associada à direita retrógrada ou não: conto o que se passou comigo. Em 2006 eu e o Paulo Pinto Mascarenhas (PPM) trocámos mensagens sobre um artigo meu ( o tema era a geopolítica das drogas) que a Atlântico iria publicar. Como não navego nas mesmas águas do PPM, aconselhei-o a pensar bem. Respondeu-me que eu tinha liberdade total. Assim foi: o artigo foi publicado e o Evo Morales até saiu bem visto.
* acrescentado depois do comentário do João Pinto e Castro.
posted by FNV on 10:31 da manhã
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A VANTAGEM DE NÃO SE CHAMAR BINYA:
Revejam, talvez no You Tube, a entrada do Maniche, ontem, no jogo contra o Getafe. Brincalhões...
É conveniente não esquecer a responsabilidade colonial no propagamento do marxismo em África, do qual resultou, em boa medida, o caldo de terror e miséria actual. Basta ler Malraux - bem no coração da descolonização - para entender: o dinheiro ganho não foi investido. Qualquer português sabe que em Angola, por exemplo, não houve um pingo de investimento nas elites negras. Desenvolvimento agro-industrial, sobretudo nos últimos anos, sem dúvida; mas quadros e elites passíveis de exercer dominação legítima, não. A crença na inferioridade natural do negro disfarçava apenas o receio. O negro médico, ou polícia, ou professor, não podia existir sob pena de querer ser mais qualquer coisa; naturalmente independente, como aconteceu na Índia. O marxismo-leninismo, de pacotilha ou não, encontrou muito mais do que uma desigual distribuição da riqueza. Encontrou gente que não sabia que podia ser rica e que não tinha os meios para o saber. Tal como a revolução comunista começou na Rússia branca e desproletarizada ( em vez de incendiar o proletariado alemão ou francês), também o socialismo africano se alimentou dos despojos de uma Europa que em África, em meados do século XX, se comportou como se estivesse ainda nos séculos da conquista. E a História não perdoa.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.