JUSTIÇA: Li e não vi desmentido que este governo quer colocar Tribunais nas Universidades. Isto evidencia uma vez mais toda a ideia disparatada que estes socialistas têm da Justiça e dos Tribunais. Se as Universidades querem ver como funcionam os Tribunais desloquem-se lá, como fazem muitas, não são os Tribunais que têm de se ir mostrar ao domicílio. A Justiça não é brincadeira nenhuma nem deve ser um espectáculo. Deve funcionar no seu sítio próprio, que devia ter dignidade e solenidade apropriadas à função mas que lhe têm sido retiradas por este governo, não sabendo nós (ou sabemos?...) com que estranho desígnio. Todos os dias vemos leigos a insurgirem-se contra a Justiça e o estado da mesma, dirigindo as queixas sempre aos Tribunais (entidade abstracta) ou aos Magistrados, mas esquecendo-se de que a Justiça é exactamente aquilo que o poder político lhe determina. Os magistrados não conseguem concluir os inquéritos nos prazos? - Foram-lhes determinados pelos políticos. As escutas telefónicas não valem? - Assim o quiseram os políticos. Ninguém vai preso? - Assim foi decidido pelos políticos. Os processos estão atrasados? - Não reduzisse o governo o número de varas, juízos, secções, bem como o de magistrados e funcionários. As execuções estão paradas? - Foi decretado pelos políticos. A Justiça é cara? - Os políticos quiseram torná-la um luxo.
O problema da Justiça não é da Justiça - é do governo. É principalmente do governo que temos tido e da pouca atenção que lhe dá ou da pouca vontade que tem de resolver seriamente os problemas que se lhe colocam. E o primeiro problema que deveria resolver era o de conceder novamente dignidade à Justiça, começando por retirá-la dos barracões, quartéis de bombeiros e centros comerciais para onde a atirou. Mas não para a colocar numa ala das Universidades, logo a seguir à secção das fotocópias, ou na loja do cidadão.
PLUMAS E BOLA: Quem disse que o futebol não se presta à criação literária? Hoje, em A Bola, sob o título "Bolhas grandes e pensos rápidos", escreve Vítor Queirós:
"(...) Mas há coisas que se presumem algum rigor, e Quaresma é uma alma aberta ao bem e ao mal. O prédio do seu rendimento implodiu, ideias e ilusões que lhes dão a razão de viver fervem incertas ou fantasmagóricas, reflexão impossível, ele deixou de fazer as caras e gestos que o quotidiano abastado sugere, sobrevém a confissão de que a existência no dragão já não valerá a pena? Sim. Mas mantém a afeição da casa, enquanto o corpo recua para o auto-aniquilamento. A esperança noutra vida de fausto é clara, mas é justo merecer a eleição, este caso tem uma moralidade alongada: o cigano já não consegue captar o fio dos dias de uma vida sem outro lustro? (...)".
Gosto particularmente daquela associação entre o "prédio do seu rendimento" que implode e a "casa" que lhe mantém a afeição, em contraste com o "corpo que recua para o auto-aniquilamento". E que dizer da "moralidade alongada" deste "caso"?
THE THIRD COMING: A blogosfera anda apreensiva com a ausência do nosso FNV: sem ele, o Mar Salgado é um poço de política, futebol, miséria social e, pior do que tudo, silêncio a rodos. Porém, posso afiançar aos 20.000.000 de benfiquistas, 700.000 ferreira leitistas (1/3 de 1/3 da população votante - sendo optimista) e restantes leitores avulsos que o regresso do leopardo se espera para breve, pois está em vias de resolver os problemas que tornaram esta pausa necessária.
Para a malta mórbida, que gosta de espreitar as vidas dos outros, as fotos do incidente impensável estão aqui.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.