DARK SIDE: Eu gosto de discutir com o Terras do Nunca, tirando nos dias em que ele acha que eu chamei idiota a alguém, coisa que não faço (é uma questão de estilo e linguagem), mesmo que reconheça que por vezes o entusiasmo e espontaneidade nos levam a escrever posts menos felizes.
Gosto de discutir com ele porque é combativo, tem sentido de humor e sentido de oportunidade. É uma caixinha de surpresas. E hoje revelou ser de uma ingenuidade do outro mundo. Repare o estimado leitor como o nosso amigo se refere aos atentados de Istambul. Depois de um belo texto sobre a cidade, que assinamos por baixo, a coisa descamba (tss, tss, estava tão perto do fim...): «Os atentados desta semana são contra essa possibilidade [de um outro mundo].(...). Querem atingir Bush, Blair e companhia (n.r.: provavelmente nós, assim mais pró-americanos, devemos estar incluídos na companhia), mas o que realmente põem em causa é o outro lado».
Pois, meu caro amigo, aqui vai um recado da companhia: quem põe estas bombas vê o meu amigo e a corrente pacifisto-capitulacionista de que o meu amigo é um blogo-arauto, como pertencendo a este lado. Porque o que eles odeiam é esta possibilidade que temos de discordar, de sermos irónicos e excessivos ácerca das opiniões uns dos outros, sem temer pela nossa cabeça. Possibilidade que, por muito que o meu amigo não goste, é defendida hoje em dia por Bush, Blair e companhia legitima e democraticamente eleitos.
A visão idílica de uma Istambul emblema da convivência entre as religiões e as civilizações, que eu partilho (ainda há pouco aqui coloquei um post sobre a necessidade de não se colocarem entraves de ordem religioso-civilizacional à entrada da Turquia para a UE), é justamente um dos alvos do ódios dos fundamentalistas, dos terroristas e dos bombistas. Eles combatem desesperadamente essa possibilidade, não o senhor Bush, Blair ou Barroso (se se chamassem Gore, Kennedy ou Rodrigues acha que as bombas paravam ? que não tinha havido 11 de Setembro ?).
O facto de os ataques terroristas continuarem devia fazer as pessoas pensar no que está em causa: é a defesa da Liberdade, da Civilização e da Razão contra o fanatismo de raíz religiosa e o nepotismo ditatorial tribal.
Pode não acreditar, mas eu sou um moderado. Acho legítimo que se critique Bush pela condução táctica e estratégica da guerra contra o terrorismo e dou graças por viver num país em que esta discussão é possível. O que acho ingénuo é achar que neste tipo de clima há lugar a uma Terceira Via, a mais um lado da questão. Não há - há o nosso lado, meu e seu e companhia, que ama e tem direito à Liberdade e ao Progresso e há o outro lado, do fanatismo e das trevas.
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