OS TUBARÕES NÃO MENTEM (IV):Só quero saber a verdade. Esta é uma mentira de grosso calibre: 570 Nitro, no mínimo. E tem que ser, pois só Karamojo Bell se imortalizou a caçar elefantes com calibres ligeiros. É uma mentira ofensiva - obriga ao movimento do outro - e muito eficaz, porque revestida de uma aparente superioridade moral. Mesmo que se queira saber a verdade - o que nem sempre acontece -, é mentira que seja apenas isso que queiramos. Habitualmente, seguem-se maldições e acusações caso a verdade seja verdade. É por estas e por outras que a eficácia é mais verdadeira do que a sinceridade.
EXPECTATIVA: Aguardo com grande curiosidade o discurso de Cavaco Silva no 25 de Abril. Cavaco foi eleito passando a imagem do defensor do povo contra... os políticos. Entretanto, esses "malandros" mandaram mais uma facada na credibilidade do sistema - para quem ainda lhe reconhecia alguma. Aí está uma boa ocasião para aquilatarmos se temos homem. Do rigor, da seriedade, do trabalho e do profissionalismo, que corta a direito. Por oposição a um PR refém dos famigerados consensos e da paz podre em que fomos embalados na última década, que mais não fez do que mascarar de naturalidade a progressiva degradação geral, que nos atirou para o pântano em que nos encontramos.
posted by Neptuno on 10:16 da tarde
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OS TUBARÕES NÃO MENTEM (III):Não sei viver sem ti. Esta mentira é defensiva, mas também é estratégica. A víuva de Capaneu lança-se da rocha para a pira, suscitando a desaprovação do coro. O coro somos nós. É uma mentira defensiva se dita quando a relação está tremida, é estratégica nas restantes situações. De qualquer modo, tende a aprisionar o outro no nosso espaço. Se fosse verdade, em caso de morte do nosso amor , deveríamos tentar viver o maior número de anos possível, de forma a poder recordá-lo todos os dias. Se o nosso amor nos abandonou, devemos viver brilhantemente, mostrando-lhe que estamos prontos para o seu regresso.
O ANTI-MARADONA: Ronaldinho Gaúcho. Pois, já sei, falta-lhe sedimento político e consciência de classe.
posted by FNV on 9:44 da tarde
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SESSÃO ESPÍRITA: A certa altura, estavam presentes 204 deputados no hemiciclo, mas a lei que impõe um terço de mulheres nas listas para cargos políticos foi votada por 218. Tomaram-lhe o gosto, não haja dúvida.
posted by FNV on 7:41 da tarde
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ACABOU: A seca. É bom que estas coisas, que não dependem da nossa vontade, acabem. Ingratos como somos, não ligámos muito à benesse da natureza. Bom, talvez ela não tivesse a intenção de nos agradar.
posted by FNV on 7:12 da tarde
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SEIS MILHÕES*:"Tenho três filhos e uma filha; os filhos são todos benfiquistas". Quem assim se confessa, orgulhoso, é Filipe Soares Franco, presidente do Sporting ( na Sábado de hoje). E a moça ainda não casou...
* Na metrópole.
posted by FNV on 4:16 da tarde
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OS TUBARÕES NÃO MENTEM ( II):Gosto da mesma maneira de todos os meus filhos. É uma mentira defensiva, mais comum no sexo feminino. Tende para a desactualização, no ocidente remediado, devido ao encolhimento demográfico. Se uma mãe tiver parido três filhos, estes nasceram e cresceram em épocas diferentes do seu casamento, da sua carreira profissional, dos seus sonhos e desilusões. Poderá amar todos os seus filhos, mas nunca da mesma forma. Uma mãe que diz isto, está a mentir; ainda que piedosamente e por insondáveis motivos.
Posição na Escala do Esqualo: 5 ( de 0 a 10)
posted by FNV on 12:00 da tarde
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OS TUBARÕES NÃO MENTEM (I):Divorciemo-nos, pois o nosso amor acabou. Esta é uma boa mentira, muito utilizada por ambos os sexos. O amor, por definição, não acaba por decreto unilateral. Quando um dos elementos do casal diz isto ao outro, o que ele quer dizer é que o amor dele pelo outro acabou. Não pode falar pelo amor dos dois, o tal nosso amor. É interessante verificar que uma coisa que era de ambos, na hora da despedida, passa a ser propriedade apenas de um.
A ÉTICA VIGENTE: Situações de corrupção, de laxismo, de absentismo e de tráfico de influências, entre outras, são intemporais e comuns a todas as sociedades, em maior ou menor escala. O que poderá distinguir, pela positiva, uma sociedade civilizada é a forma como essa mesma sociedade reage às situações que se tornam conhecidas. Em Portugal, agora que já é generalizada a imagem de que a justiça não funciona - para actos ou factos que suscitem a sua aplicação - ainda restava a esperança de existir uma certa censura social (último refúgio dos moicanos) perante determinadas situações. Esqueçam! Assistimos recentemente a duas situações bem esclarecedoras. Nas recentes eleições autárquicas foram eleitas pessoas com notórios problemas com a justiça, mesmo em câmaras com população urbana, letrada e (supostamente) informada. Os eleitores partem do princípio de que o "roubo" é generalizado e, consequentemente, votam no "ladrão" que, apesar do "cadastro", aparenta fazer alguma obra. Outro sintoma reside na reacção generalizada à recente "folga" dos deputados, com a agravante, em certos casos, de terem assinado a folha de ponto. Para grande espanto meu, tem prevalecido o comentário - mesmo por parte de pessoas "com responsabilidades" (como se costuma dizer) - de que o que se passou corresponde a uma prática nacional e que, por isso mesmo, não vinha daí grande mal. Aparentemente, a ética vigente diz-nos que, um acto que no plano dos princípios (e nos termos da lei...) seria claramente condenável e sancionável, já não o será se corresponder a uma prática generalizada da sociedade. Provavelmente, sou eu que estou errado e tudo isto é apenas uma saudável rendição da sociedade, por exemplo, ao absentismo, à cunha, à fuga aos impostos, etc. Como se costumava dizer "é fartar vilanagem"! Talvez assim a "justiça" funcione...
posted by Neptuno on 4:47 da tarde
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TOUJOURS EN INSTANCE: Tanto quanto se sabe, a história é verdadeira: Blanchot esteve a segundos de ser fuzilado pelos alemães, no dia 20 de Junho de 1944. Encostado ao muro da sua casa, em Quain, Saône-et-Loire, terá sido miraculosamente salvo por camaradas da resistência. Desde então, Blanchot considerou que morreu nesse dia. Nacionalista e anti-parlamentarista na Combat, acabou anti-colonialista, mais próximo das suas raízes judias e quase anarca, recusando a publicação de qualquer imagem sua. Personagem contraditório, ainda bem, mas do qual nos interessa de sobremaneira o regresso, naquela tarde de 1944, ao o instante da sua morte. Não é tanto a sorte mas o que ela obriga. Saber viver, depois de termos sido poupados, é uma espécie de gratidão para com o muro. O lugar está à nossa espera e aquele que simplesmente acumula anos, em vez de experiências como a de Blanchot, deve tê-lo toujours en instance.
posted by FNV on 12:03 da tarde
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BATER: No meio da discussão, sobre o acordão do STJ que se debruçou sobre o papel das palmadas na educação, cresceu outra: os pais " tradicionais e cumpridores " batem levemente, os pais "desleixados" trocam a disciplina pelo sossego. Infelizmente não é bem assim. Há pais (e mães) muito desleixados que entregam regularmente os filhos aos avós, mandam-nos sujos para a escola e ainda por cima aferroam-lhes estaladas a torto e a direito. Por outro lado, há pais tradicionais e cumpridores, que mesmo sem exercer violência física, são de tal modo autoritários que desrespeitam o direito da criança à educação. É claro que todos sabemos isto, mas pareceu-me que a certa altura da discussão o esquecemos.
ANTENA ISLÂMICA: Mais blogues. O do programa televisivo "Iranican" é o www.iranicanlive.com. O programa passa todos os sábados às 11 am no PST ( Persian News Network) e é composto essencialmente por entrevistas conduzidas por estudantes iranianos residentes nos EUA. Cheguei lá através do Mema Milaninia, coordenador de um muito bom blogue (vale a pena visitar), o www.iraniantruth.com. Para terminar, esta recomendação publicada ontem no Gulf Times ( www.gulf-times.com) do Qatar sob o título "Fatwa gives green light to boy-girl chat on Net":
" If the intentions are genuine and transparency is maintened in the interaction, it is permissible for a Muslim youth to chat with a girl of marriageable age on the Internet and ultimately get married with the approval and blessings of their respective guardians, says a fatwa published on the Islam Online website of the Ministry of Awqaf ( Endowments) and Religious Affairs (...)."
posted by FNV on 9:59 da tarde
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COM MUITO ATRASO: A saudação (de canhoneira) desta nau à Charlotte e ao seu Bomba Inteligente, por mais um ( 4º ?) blogo-aniversário.
posted by FNV on 3:20 da tarde
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CUSTOS DA INSULARIDADE: Visto e ouvido, na RTP-Açores, na noite do passado domingo. Elsa Guerreiro, da "Açoraves", garantindo a propósito da pandemia do H5N1 que " é praticamente impossível chegar aos Açores".
posted by FNV on 12:30 da tarde
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A VIAGEM DA CASA AMARELA: Já esperava a coisa, como muita gente. Aliás, se bem me lembro, a coisa começou a ser discutida ainda no tempo do governo boreal do dr.Santana Lopes. Refiro-me à deslocalização da penitenciária de Coimbra. Segundo o governo, a cadeia fica melhor nos arrabaldes da cidade. É possível. O Dolce Vita e o estádio municipal também. É tocante a preocupação com a qualidade de vida dos presos: quando fugirem já não atravessarão meia cidade a fugir dos carros nivea. Os guardas, se o arrabalde penitenciário ficar para os seus lados, também já não terão de se deslocar desde os arredores mal iluminados onde vivem para o centro da cidade. Tudo bem pensado. Resta o espaço murado, em breve livre, deixado pela viagem da penitenciária. Pelas minhas contas andará à volta de 40.000 m2 ( 4 hectares). Os construtores civis, com seu maníaco horror ao vazio, tratarão de o solidificar com apartamentos e moradias em banda. Com sorte, "as autoridades" arranjarão um espaço "polivalente" para "a cultura". As cadeias, como os quarteis e as universidades, devem estar intramuros. Um princípio básico da autarcia obriga a cidade a não ser apenas composta de casas de habitação e comércio. A cidade são as relações entre as pessoas. Todas as relações.
FALTA DE TUDO: A recente "greve de zelo" dos senhores deputados da nação suscitou vários tipos de comentários. Por um lado, os representantes do povo deveriam dar o exemplo, cumprindo com um mínimo de dignidade e responsabilidade o cargo para que foram eleitos. Por outro lado, pode defender-se que o Parlamento mais não é do que o espelho do país, não sendo exigível aos deputados um comportamento que, pelo seu brio, honra e profissionalismo exceda a realidade dos desempenhos nos demais "empregos" do Estado. Houve ainda quem explicasse o fenómeno com a falência do sistema: sendo os deputados uma massa acéfala de "servos da gleba" dos partidos, com uma função meramente quantitativa, "podem" comportar-se com a irresponsabilidade inerente a tal estatuto. Embora o primeiro comentário seja o mais adequado, no plano dos princípios e do "dever ser", o facto é que os outros comentários também são verdadeiros, embora não sejam admissíveis como justificação (tipo: é errado mas se todos fazem eu também posso fazer). No entanto e, infelizmente, reflectem o desencanto e a expectativa negativa que as pessoas têm relativamente aos políticos e à política em geral. Já ninguém espera nada de bom.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.