CABLE STREET, 1936: Há uniões que só acontecem quando a ameaça, de tão real, existe mesmo. O Guardian lembra hoje o septuagésimo aniversário da "Batalha de Cable Street", a completar no próximo dia 4, quando 300.000 judeus, comunistas, sindicalistas, trabalhistas, católicos irlandeses e o povo do East End impediram a passagem da British Union of Fascists. Na altura, "ideologia" não era uma palavra embaraçante. Nem arcaica.
posted by PC on 11:16 da tarde
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O VERSO OFICIAL E O VERSO ANÓNIMO: Quando o deputado Campelo viabilizou o orçamento, o Presidente Sampaio, naturalmente, não teceu comentários. Hoje, em 2006, na Quadratura do Círculo "Especial", o Presidente Sampaio achou desnecessário e enfadonho voltar ao assunto. E todos passaram adiante, em nome da estabilidade. Depois queixam-se da falta de conflitualidade neste país do idioma castellano, pero sin huesos, como dizia Cervantes.
posted by FNV on 10:59 da tarde
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REFÉNS?: Há um pobre professor francês que após ter publicado no Figaro uns comentários sobre o Islão - em termos, eventualmente, mais suaves do que os citados pelo Papa - vive agora com protecção policial permanente, mudando de casa com frequência (já não tem casa propriamente dita), depois de ter sido condenado à morte por um lider religioso muçulmano. O mundo livre - politicamente falando - deveria ter uma posição única e inequívoca na defesa da liberdade de expressão. Mas... não tem. E como ninguém quer "comprar" essa guerra sozinho, toda a civilização fica refém do mundo medieval.
posted by Neptuno on 6:01 da tarde
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ENFIM... A Carla Hilário Quevedo, akaBomba Inteligente, explica-me hoje na solarenga Tabu ( que raio de nome...) como vamos estar de saltos neste Outono. Pelo menos desaparecem as botas de montar, o que já não é mau. Gracias, Carlinha, é o que te diz o Filipe.
posted by FNV on 12:26 da tarde
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DE PARALISAR O MASSÉTER: Julga o eng.º Santos que "o Benfica não está tão mal como se diz" . É verdade: está muito pior do que se pensa.
posted by FNV on 11:53 da manhã
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VEADOS: Já repararam na quantidade de planos directores municipais ( PDM's) que são violados diariamente em Portugal? A polícia não faz nada, os serviços de medicina legal também não. Não compreendo como se viola tão facilmente. Segundo sei, os empreiteiros, advogados e políticos, esperam os PDM's à porta das câmaras municipais, já pela noitinha. Metem-nos num Mercedes e levam-nos para um pinhal isolado. Uma vez no local da sordidez, munidos de armas brancas ( tesouras, réguas, compassos) e de uma borracha, esquartejam o ás de copas do desgraçado. Muitos dias depois, um tipo da Querqus ( ou um jornalista recentemente despedido do "Expresso" ) que passeia pelo pinhal, deprimido por ainda não ter sido convidado pela cimenteira da zona, descobre o pobre do PDM, amputado e humilhado. Nada a fazer, os veados atacaram outra vez.
MAUS CAMINHOS: A ONU vai publicar em Outubro o UNODC's Annual Opium Survey for Afghanistan, mas já se sabe alguma coisa. E o essencial é isto: dos 104.000 ha de 2005 passou-se para 164.000 ha em 2006. Ou seja, o cultivo da papoila dormideira cresceu 59%. A estratégia até agora seguida, apesar de comprovadamente errada, não é posta em causa pelo director executivo do UNODC, António Maria Costa. Nem poderia ser, pois este senhor jura por ela a pés juntos desde 2003. Até agora injectou-se dinheiro ( boa parte dele perdido nas malhas da corrupção, segundo o sr. Costa), construíram-se tribunais e centros de detenção e fizeram-se algumas insignificantes operações de erradicação ( queima de terrenos de cultivo). O UNDOC é teimosamente conservador e aferra-se no exemplo do Laos (1) - o cultivo de ópio desceu 45% de 2004 para 2005 - para justificar a sua teimosia. Como é óbvio, não existe comparação possível entre os dois territórios, e outras coisas se poderiam explicar a Kabul (2). Esta gente ainda não aprendeu - pasme-se ! - que a geografia e a política é que ditam as estratégias de redução das drogas e não o inverso. Como a situação é, reconheça-se, muito difícil ( e disso o UNODC não tem culpa), o que se conseguiu no Afeganistão foi entregar a produção de ópio aos taliban e demais warlords. Como é natural, grande parte da resistência armada está a ser financiada pelo dinheiro da droga, ainda que o UNODC diga - assim como quem espera um milagre - que a produção está neste momento 30% acima do consumo global. Chega a ser estonteante como este pessoal despreza a história das drogas: nunca se queimaram excedentes.
(1) A seu tempo o trarei ao Mar Salgado. (2) Não existe apenas a estratégia da repressão pura e dura, sobretudo quando os agricultores vivem na miséria que é aproveitada por milícias ou bandos armados. Diferentes realidades exigem, parcialmente, diferentes estratégias: uma delas poderia ser a legalização controlada do cultivo numa primeira fase ( falaremos do exemplo turco dos anos 70 noutra ocasião) do plano. Por outro lado, quando a situação ainda estava razoável, se em vez de construirem tribunais e centros de detenção ( tão essenciais quanto desocupados) tivessem feito que se fez no Laos, do qual o sr. Costa tanto fala, as coisas poderiam estar um bocadinho melhores. Também a isto voltaremos quando pudermos.
GELATINA: É divertido ver iconoclastas mais ou menos célebres balir sobre a necessidade de tolerância e respeitinho para com os símbolos religiosos dos outros. Até há bem pouco tempo, a arte destinava-se a chocar o pai de família e a burguesa beata. Agora não: é preciso ter bom senso, ele há limites para a liberdade de expressão, etc. Esta gelatina pós-moderna solidifica rápido.
DEPENDÊNCIA: De manhã é um beco, à tarde uma rua, à noite uma praça. O dia vai-se abrindo e nós cuidando que ele nos obedece. Nem reparamos nos pequenos sinais: um filho que tarda em chegar, o sorriso dela que esmorece quando nos vê, a carne que subitamente nos sabe mal. Não é o dia que é versuto, nós é que somos distraídos. Non l' uomo si muove ma il fondale, il paesaggio, explica Montale.
posted by FNV on 12:05 da tarde
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DOIS ASSASSÍNIOS: O da freira foi amplamente discutido, o de Safia Haman Jan, delegada para Kandahar do Ministério afegão para os Assuntos Femininos, não mereceu, cá na terra, mais do que uma nota de rodapé ( nos jornais e nas televisões). A diferença é, literalmente, a indiferença.
É SEMPRE ASSIM: O sr. Pinto da Costa, sempre tão mordaz e parlapatão, cala-se de cada vez que gostaríamos de o ouvir: é verdade que foi avisado por um elemento da PJ sobre as buscas e sobre a detenção? Quem o avisou? E porquê?
posted by FNV on 11:54 da manhã
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ORA TOMA QUE JÁ ALMOÇASTE: Noite cerrada, uma velha conhecida no gabinete. De velha não tem nada, é professora e a sua vida amorosa tem andado como o plano tecnológico do governo. A certa altura, a propósito de uma opção que ela fez, resolvo atirar-lhe a velha história: as mulheres são superiores, pensam com a cabeça, os homens com os testículos. Adiante coisa e tal, vamos para à vida amorosa dela que arrasta um namorado em fase de conclusão. Digo-lhe que ela tem de resolver isso. É então que ela me devolve o paleio: " Só continuo com ele, sabe...por causa daquilo...é que eu também penso com os...bem, não com os coisos, mas com a ...você sabe...".
posted by FNV on 12:45 da manhã
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OBRIGADO, ENGENHEIRO: De há uns tempos para cá, vejo os jogos do Benfica refastelado no sofá. Uma ou outra cigarrilha, uma leitura de jornais, até o telefone atendo, para grande espanto do dito cujo, habituado que estava a pousio certo e forçado. Nunca me senti tão bem, pareço um seguidor do Daode jing.
posted by FNV on 12:34 da manhã
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SÃO LAPAS, SENHOR: A Madeira, do fassista e retrógrado Alberto João, começou o ano escolar com a obrigatoriedade da frequência da disciplina de educação sexual nas escolas. Vantagens do autoritarismo, I presume.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.