Terras de bom gado e até de uma raça, "cruzado dos lameiros", com genes da raça barrosã. Se Catalina Pestana não acrescenta nada de novo ( e não acrescenta), por que motivo as suas insinuações são capa de jornal? É só para vender a carne ou os agentes judiciais têm jornais e a gente não sabia?
posted by FNV on 9:28 da tarde
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ODI ET AMO (XL):
Freud garantiu, no prefácio que escreveu para um livro de A. Aichhorn, que existem três profissões impossíveis: educar, curar e governar. Desde que as separaram, talvez.
Nas pequenas comunidades medievais - que em Portugal duraram até chegar o dinheiro da CEE -, as três profissões eram exercidas por pessoas diferentes unidas num só corpo. Depois veio o progresso e a dificuldade de articulação.
SEM SAMBA I: Já aconteceu a todos encontrar um estrangeiro que nos diz: "eu gosto muito da música portuguesa. O fado, Amália, os Madredeus...", e ficar por aí. É mais ou menos o mesmo que um brasileiro sente quando lhe dizemos: "eu gosto muito de música brasileira. O samba...", mesmo que acrescentemos "Vinícius, Caetano, Chico...". Num momento em que a MPB entrou numa fase pastichenta, cujo fim não se vislumbra, esta secção Sem Samba procura recuperar, com o alto patrocínio da Micha, a música de um outro Brasil, não elitista, mas decerto muitíssimo sulista e liberal, que, por razões ignotas, pouco ou nada foi (e é) ouvido em Portugal. Para inaugurar o Sem Samba, uma homenagem ao grande Itamar Assumpção & As Orquídeas do Brasil: Milágrimas (Alice Ruiz e Itamar Assumpção), retirado do Bicho de Sete Cabeças, vol. II (1994).
posted by PC on 7:23 da tarde
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ODI ET AMO (XL):
A democracia mental funciona bem. Dos consultórios saem industriais e operários, patroas e empregadas, pais e filhos, todos com o antidepressivo da moda ( parece que o cipralex vai ser destronado). Neste plano, a igualdade de oportunidades conquista-se pelo sofrimento presente e pela incapacidade - adiada - de sofrer. O soma de Huxley andava lá perto.
Eu sei mais um bocadito do que o VLX, por isso elogio desde já o Lisandro Lopez. Tem tudo o que gosto de ver num jogador: garra, força, determinação, prazer em jogar. Na próxima 6ªfeira, feriado prazenteiro, lá estarei eu a fazer os 45m da praxe (sou um trinco velhote) com o exemplo do Lisandro na cabeça. Claro que se o sr. Vieira quiser dar 9 milhões pela minha canela direita ( ou pelo ombro, que também uso bem) tal não será, à luz da actual política de contratações , um mau negócio. Quanto ao SLB, já aqui, no devido tempo, descrevi a equipa. Nada tenho a acrescentar.
posted by FNV on 1:10 da manhã
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FUTEBOL: Sei pouco mais sobre o assunto do que a velha regra segundo a qual só o guarda-redes pode fazer roleta e bola dentro da baliza é golo, mas o mundo do futebol fascina-me imenso e aproveito todas as ocasiões para aprender algo mais. Hoje foi um fartote de sapiência. O treinador do Benfica fez-me ver a Luz e perceber a dinâmica do golo (afinal tão simples!...): "a bola quer entrar, entra; não quer entrar não entra!" Tudo depende, então, da vontade do esférico, que certamente por isso é redondo como oiço a tantos comentadores. Deve também ser por isso que o jogador Rui Costa dizia à RTP-N que agora havia que correr atrás do prejuízo em todas as competições (já que atrás da bola não deve servir de nada se ela não quiser entrar). Já tinha reparado nesta opção do jogador embora não consiga identificar o "prejuízo" no meio do campo - é aquele da bandeirinha que disse "mão!" na última jornada? Compreendo agora que no Benfica nunca se dependa da qualidade e esforço dos jogadores e ficam esclarecidos para mim todos e cada um dos golos de Nuno Gomes, bem como os permanentes queixumes dos seus dirigentes. Ao fim e ao cabo é uma questão de bolas e provavelmente por isso certos dirigentes se preocupam tanto com a vida privada dos adversários.
Percebendo isto e simpatizando com o Futebol Clube do Porto, tremo só de pensar nas sanções que aí virão pois foi hoje manifesto que o seu guarda-redes impediu a vontade férrea da bola de entrar na baliza onde queria e que Quaresma deve ter feito falta punível com vermelho ao cacetar a bola para uma baliza onde ela, manifestamente, se recusava a entrar. Imagino já uma Senhora Procuradora a abrir o caso "bola dourada", detendo a dita para interrogatórios por se ter deixado chutar para a baliza do adversário contra sua vontade. Foi "fruta ó chicolate", sem sombra de dúvidas: aquela bola não é de Berlim. Julgo que como atenuante nos poderá servir o comentário de Rui Santos, na SIC-Notícias, pois ele considerou o golo "um golpe de sorte", o que nos permitirá alegar que não terá sido intencional nem fruto do esforço e dedicação dos jogadores: bem vistas as coisas terá sido "um golpe de azar", o que nos permitirá escapar a qualquer sanção. É certo que teremos de antecipar a possibilidade de alguém vir dizer que Rui Santos não falava do jogo a que tinha sido chamado a comentar pois ele começou o comentário referindo-se ao empate do FCP com o Liverpool, que generosamente considerou "aceitável", e prosseguiu referindo-se por duas vezes à derrota com o Fátima (a quem daqui endereço os mais sinceros parabéns pois não sabia que estava na Liga dos Campeões).
Imagino que a coisa esteja muito má para o FCP pois a jornalista perguntou a Rui Santos se este clube ainda teria hipóteses de passar à fase seguinte, questão que não lhe ocorreu relativamente às restantes equipas portuguesas em competição. Mudando outra vez de canal percebi tudo. O jornalista da RTP-N perguntava muito simpaticamente qualquer coisa a um jogador do Benfica, adiantando que "o jogo não tinha corrido nada bem" e que "o Benfica não ganhava na Liga dos Campeões há dois jogos" (na SIC esclareceu-se que foi a primeira derrota do clube na Luz desde há um ano). Fez-se-me novamente Luz: imagine-se que este jogo tinha corrido mal e que o Benfica tinha perdido os dois últimos jogos - era seguramente muito pior!
Munido de mais estes conhecimentos, regressei à SIC-Notícias, porque me diverte também ver o Jorge Coelho a defender este Governo e podia já ter começado o programa, mas ainda lá estava o Rui Santos a elogiar o Benfica por ter rematado vinte e quatro vezes à baliza embora, como sublinhou, na maior parte das vezes, a bola não tivesse chegado à baliza (começam a tornar-se simples para mim as regras do críquete). Segundo as teorias de Camacho, da Senhora Procuradora, do Sr. Vieira e daquela Jornalista que reescreve livros, a bola estava carregadinha de café com leite.
Preocupa-me o Sporting Clube de Portugal, com quem não deixo de simpatizar (eu, afinal, gosto de todos menos de um). Pois um clube que na Liga dos Campeões nunca tinha ganho nada fora de casa deve estar, naturalmente, neste momento, sob suspeita da Senhora Procuradora por ter comprado as duas bolas que lhe deram, por uma vez, a vitória. A coisa é suspeita. Mas eu aqui, como o Rui Santos, ponho as mãos no fogo que foi "um golpe de sorte". Só pode.
Ao contrário do que se diz, estamos a criar gerações de gente rija. Prometemos amor e carinho e depois oferecemos instituições, psicólogos, avós, amas. Desde cedo ficam habituados a horários e adaptações - ontem na mãe, hoje no pai, amanhã no ATL até às nove da noite. Desenvencilham-se bem, os gaiatos. Como raramente têm irmãos, habituaram-se a ter por companhia tamagotchis electrónicos e amigos virtuais. Esperem pela retribuição.
Que interessa se Santana Lopes é isto ou aquilo, foi isto ou aquilo? Fez ou não fez bem em ter refilado com o tratamento de preboste que levou na SIC-N ? E qual é o problema em haver consenso de vez em quando? Também há consenso em torno do SLB (é o maior clube do mundo) e não é por isso que deixa de ser verdade.
A capa do "Público" de ontem parecia uma notícia mas não era. As acusações do dr. Pinto Coelho são antigas e os factos já se conhecem há muito. Conheci mais ou menos vagamente muitas das pessoas citadas, conheci razoavelmente o projecto Ares do Pinhal ( até cai à água num almoço por eles oferecido ao Charles Nicolas ). Não sei se as acusações são justas. Mas conheci muito bem o funcionamento do então SPTT ( hoje IDT) que posso resumir assim: os competentes ( poucos) eram dogmáticos e funcionavam em circuito fechado, os incompetentes ( muitos) tinham rédea solta. Dois exemplos:
1) Enquanto os donos do SPTT assim o entenderam, a metadona foi proscrita e só estava disponível no CAT da Boavista, no Porto. Os ungulados de serviço repetiam a mensagem dos chefes ( gozavam com a metadona) , mas, num ápice - quando lhes foi ordenado -, passaram a considerá-la o melhor dos métodos.
2) Ainda estava eu no CAT de Coimbra quando foi nomeado pelo governo de Cavaco Silva o novo director. Currículo: presidente da câmara de uma pequena localidade adjacente a Coimbra. Experiência ou formação na área: nenhuma. Esse senhor esteve lá quatro meses, imprimiu uns cartões de visita e alçou para melhor sinecura: a Administração Regional de Saúde. Veio outro. Currículo: vice-presidente da câmara da pequena localidade adjacente de onde o outro tinha saído. Experiência ou formação na área: adivinhem.
Por ter pouca paciência para estas coisas ( e outras...) é que há tempos me disseram que eu "até sei umas coisas sobre o assunto" mas não tenho "solidez" para cargos destes. Não tenho de certeza.
Rezava um velho fadinho coimbrão: "morrer é estar o dia todo inteiro sem te ver". Em parte. A definição de morrer é um erro sociológico: o sujeito só conhece o objecto quando já não pode ser sujeito de novo. Assim, levar a coisa para o infinito ( não há dias inteiros porque há noites) é um movimento de cabra-de-leque, portanto, uma ilusão de óptica. Quando os outros nos morrem é que os vemos muito bem. É o único sentido que permanece independente da psicose.
posted by FNV on 11:56 da tarde
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CARNAVAL EM OUTUBRO:
O presidente da Académica diz ( ver "O Jogo"de ontem) que "Coimbra precisa de um estádio novo". Pois deve precisar. O actual foi construído já há quatro anos.
Este mês, o ISMT oferece fitas na Casa Municipal da Cultura, todas as terças-feiras às 21h. Eu escolhi Spike Lee ( A Última Hora) , o J.L. Pio de Abreu foi para Almodóvar ( Volver), e lá para o final do mês há Saraband e Little Miss Sunshine ( M. Pedroso Lima e Madalena Alarcão). E há debate.
posted by FNV on 11:14 da manhã
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ODI ET AMO (XXXVII):
Todas as separações valem o mesmo? Dizem que não. Como comparar a separação de um soldado da sua família com a da mãe que beija o filho antes de ir trabalhar? Podemos. A intensidade da despedida depende da avaliação do risco: quanto maior é este, maior é aquela. A avaliação do risco depende de critérios sensatos. O problema é que a vida não é sensata. Não é invulgar o soldado regressar são e salvo e a mãe ser atropelada na passadeira. Todas as separações são iguais à partida. Quando nos separamos cai a noite para todos: o amanhecer é certo e não sabemos o que nos traz.
Pacheco Pereira declarou guerra sem ambiguidade, outros o farão também. Eu, espectador inexperiente, provinciano e comprometido, aguardo tranquilamente o dia em que me possa filiar no PSD e contribuir com o que sei fazer, sem ter de pagar favores, aturar reuniões intermináveis e visitas guiadas pela mão do aborígene local. Pelos vistos esse dia ainda vem (muito) longe. Julgo, no entanto, ser um erro a diabolização do actual PSD via desqualificação sistemática de Menezes. O Churchill que tantos apreciam lembrava, em River War, que um homem suporta melhor o insulto pessoal do que o insulto ao grupo ao qual pertence ( raça, religião, bairro, etc). Ora, seja como for ( e não foi muito diferente do tempo em que os delegados ao congresso eram escolhidos através de fidelidades e compromissos concelhios), o povo do PSD elegeu Menezes. Passar (abruptamente) a esse povo um atestado de estupidez é capaz de não ser boa ideia.
PENSAR NOS BISNETOS: Continuo fascinado com a retórica futebolística. Hoje ouvi o Ribeirinho (créditos FNV) dizer que todas as equipas "têm as suas varizes" e que o FC Porto lá vai ganhando mas "nem sequer mostra ser uma máquina trituradora" (itálicos, obviamente, meus). Alguém devia fazer uma compilação destas coisas. São os Gis Vicentes, os Camilos, os Eças do século XXIII.
FREE AMERICA: Para todos os que acreditam, de um e outro lado da barricada, que a América é só o governo Bush, ficam uns minutos de Bill Maher, The Decider (créditos F. A.). Tem uma piquena rodela branca.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.