Não há "Putin go home!" ? Bem, ao pé de minha casa ainda tenho um "Clinton go home!". Devia ser um facínora, esse Clinton.
posted by FNV on 3:42 da tarde
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NARCOANÁLISE ( Nova Série):
Não consigo encontrar a ficha de Haji Ayub, dos Afridi, nos arquivos da DEA. É estranho porque Ayub foi um dos drug lords extraditados para os EUA durante o segundo consulado de Benazir Butto ( 1993-1996). Muita coisa estranha se passou nessa altura em matéria de combate ao narcotráfico. Pervez Musharraf, na altura cabo de guerra do Batalhão de Comandos, ganha o apoio do sector, porque vai para o Ministério do Interior controlar o General Babar que ficou responsável pelo teatro afegão. Mohammad Aziz ocupou o posto de DG dos ISI até Sharif suceder a Butto. A principal secção dos ISI, a Joint Intelligence North, ficou resguardada do novo DG dos ISI, o general Ziauddin. É aqui que Musharraf ascende, definitivamente, ao poder no Paquistão. Ganhando as estrelas de Chefe do Estado Maior do Exército em 1998, passa a controlar, por inerência, os ISI e todas as suas secções. Haji Ayub, o nosso traficante célebre-misterioso, tem uma história extraordinária: é eleito deputado em 1990( nas quotas tribais), depois do primeiro golpe contra Butto; muda de lado pressentindo a primeira queda de Sharif e passa a trabalhar alegremente com os taliban; em 1995, reaproxima-se dos americanos por intermédio de Butto e é então preso. Diz-se em Peshawar que ele sabe muito sobre os negócios do marido da senhora Butto. Talvez por isso, quando regressa dos EUA, em 1999, é novamente preso por ordem de um Sharif ( que estava no seu segundo mandato) muito interessado em arranjar armas contra a rival feminina. A partir daqui Pervez Musharraf passa a controlar as operações e só fala quem ele quer. O general tem muitos problemas na fronteira leste, no Sindh e em Karachi, os militares pressionando-o sempre para intervenções mais musculadas, mas é o ópio que nos interessa. Os ISI enriqueceram imenso durante a ocupação soviética do Afeganistão e são neste momento um factor chave no ataque à produção de ópio em Kandahar. Musharraf , trabalhando na sombra desde 1999, sabe que não controla todas as dependências do serviço que chefia. O regresso de Butto coloca aos americanos um problema bicudo: dependem de Mushrarraf para controlar os ISI ( e o ópio afegão), mas desejam Butto para contrabalançar Musharraf (e também para acalmar a pressão militar sobre o general).
Non muore niente siamo solo noi provvisori perché a tutti rimane anche una mollica di pane.
( Frammenti, 1953)
posted by FNV on 3:18 da tarde
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AJUDANDO OS RAPAZES:
O nosso Léo diz que o Benfica marcou na altura certa. Não, rapaz, não. A altura certa para marcar um golo não é aos 86 minutos. É um bocadito antes, percebes? A malta não anda com paciência para cursos acelerados sobre Sacher-Masoch. Faz cimento a tese segundo a qual o Cardozo tem de ser bem servido e a equipa tem de aprender a jogar para ele ( até o Luís Freitas Lobo alinha nisto). Não, rapazes, não. Pôr uma equipa a jogar para um tipo que tem o poder de antecipação de uma tartaruga, o jogo de cabeça de uma toupeira e o pé direito que falta a um amputado da Guerra da Secessão, é original e criativo, mas imbecil.
Vou lendo que o dr. Watson foi perseguido pelo lóbi do politicamente correcto, porque teve de recuar na sua científica certeza sobre a inferioridade intelectual dos negros. A ciência refém dos bem-pensantes, o mundo está perdido etc. Muito bem. O dr. Charcot, famoso cientista colega de Freud, afirmou ( 1887) que a patologia do judeu errante, a neurose, era hereditária entre os judeus; afirmava também que a histeria feminina "era natural nos árabes e nos orientais em geral". Drumont, em La derniére bataille ( 1890), achava que os trabalhos do cientista Charcot explicavam "o modo como os judeus conseguem dominar toda a França, roubando-lhe toda a sua energia". Se Watson repetisse, cientificamente, as teses de Charcot - "os judeus são hereditariamente malucos" -, a crítica às suas palavras também seria um vergonhoso ataque à ciência e ao debate?
posted by FNV on 11:29 da manhã
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ODI ET AMO ( XLIV):
Pré-condição para a felicidade: ausência da dor. Talvez por isso, apesar de todas as próteses, somos incapazes de a suportar. O amor que não nos liga, a assimetria mamária, a vocação perdida algures no 12º ano, a amiga que nos traiu. Percebemos que não basta ter a guerra civil longe ou o almoço assegurado. Para sermos felizes não podemos sofrer. Nem sentir.
As organizações anti-racistas espanholas pedem "uma pena exemplar" para o indivíduo que humilhou e espancou uma imigrante no metro. Não se esqueçam que o direito penal não soluciona o crime, que as penas pesadas não dissuadem os criminosos e que os "jovens" delinquentes não são responsáveis pelas condicionantes psicossociais em que evoluíram.
posted by FNV on 8:39 da tarde
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SCOTELLARO, SEMPRE:
I filobus, le auto, la strada a quest'ora fanno il rumore del fiume sotto le case, le carrozzelle, è mezzzanotte a Roma. Il vento è mio fratello che mi ha convinto e mi riporta da mamma. Le luci, come sono quiete le parole sui negozi, la luna è una donna sola la voglio seguire perché la sua casa è lontana.
RI DE QUÊ? Nos últimos tempos, de cada vez que ligo a televisão sai-me a cara sempre sorridente e feliz do Bastonário da Ordem dos Advogados. Não consigo perceber de que se rirá tanto o homem nem de onde lhe vem tamanha felicidade e satisfação. Imagino que ele se esqueça ou que nem tenha consciência de que foi no seu mandato que: 1) se reuniu no Ministério da Justiça o maior conjunto de incompetentes na área, conjunto esse que, todo junto e somado, não faz a mais pequena ideia de como funciona o sistema judicial e que nunca deve ter entrado num tribunal; 2) se reduziu o período das férias judiciais, criando-se a maior bagunça nos tribunais de que há memória, com magistrados e funcionários a terem de ir de um lado para o outro a substituírem os colegas em férias, a tratarem de processos que não conhecem, a realizarem audiências mal preparadas, e obrigando os advogados de contencioso a deixarem de poder gozar as suas férias (sim, que os magistrados e demais funcionário podem perfeitamente fazer as suas, uma vez que os prazos judiciais só contam para as partes e respectivos advogados); 3) se tem tentado, como nunca anteriormente se tinha feito, afastar as pessoas dos Tribunais e impedi-las de a eles acederem, seja pelo constante aumento das custas judiciais (e despesas inerentes ao processo), seja pela ameaça feita às partes de arcarem com a totalidade das custas, mesmo que tenham razão, se não seguirem as regrinhas estúpidas estabelecidas por quem não percebe nada disto (pretender-se que as partes apresentem em conjunto a petição inicial e a contestação é próprio de quem nunca viu um processo a sério), 4) e se alterou todo o regime dos recursos no processo civil, com enorme prejuízo para os advogados e para as partes, coisa de que estranhamente ninguém fala, nem sequer o Bastonário. Em mandato algum de qualquer Bastonário da Ordem dos Advogados sofreram estes (e, consequentemente, as pessoas que representam) tantos e tão gravosos ataques de qualquer governo. Perante esta realidade, Senhor Bastonário, o Senhor ri de quê?
posted by VLX on 12:40 da tarde
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UM BOM LEMA PARA A SEMANA QUE COMEÇA:
"Respeitamos aqueles que colocámos numa posição de autoridade e obedecemos às leis, especialmente as que protegem os oprimidos, e às leis não escritas cujo desrespeito é reconhecidamente uma vergonha infringir."
(Péricles, na oração fúnebre de homenagem aos mortos do primeiro ano da Guerra do Peloponeso, segundo Tucídides, Livro II, 37-38)
Na mesma semana em que sabemos que o Procurador-Geral da República pode ter o telefone sob escuta, um autarca de foi sovado por populares em Tarouca. A GNR esteve presente porque o autarca tinha sido recebido a tiro uns meses antes. Ainda assim, um guarda foi ferido na refrega. O Estado dispõe hoje de um arsenal repressivo fabuloso: forças especiais, várias polícias, pistolas novas, prisões sobrelotadas. É impedioso na luta contra a morcela caseira, bate sem piedade em pretos vagabundos, coloca radares nas estradas, entra em polvorosa por causa de uns desmiolados que invadem um campo de milho. No entanto, é frágil: o chefe está sob escuta, um autarca pode ser morto por causa de um caminho vicinal ( aqui há tempos um foi mesmo morto), a Guarda é recebida à pedrada e a tiro qual matilha de cães raivosos. Há uma dissonância evidente, as pessoas percebem isso. Quando um preso preventivo é posto em liberdade, os media uivam como lobos e o aparato é enorme; quando o Estado é enxovalhado num rincão longínquo, a notícia é de rodapé. O Estado parece reservar para si o monopólio da violência no sentido em que a exerce apenas quando e como quer. Não é de admirar que o Procurador-Geral se junte aos protestos: ninguém governa a casa.
posted by FNV on 8:56 da tarde
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SCOTELLARO, SEMPRE:
I capelli dei prigionieri bianchi come il sole dietro la prigione.
( Frammenti, 1948)
posted by FNV on 11:29 da manhã
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SCOTELLARO, SEMPRE:
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.