"Um governo que punisse todos os vícios de maneira imparcial é segundo toda a evidência de tal maneira improvável que nunca se viu, nem verá, uma pessoa tão estúpida que o propusesse."
( Lysander Spooner, Vices Are Not Crimes; A Vindication of Moral Liberty, 1875)
* Obrigado a Gonzalo Fernandez de Oviedo y Valdez ( 1478-1557)
posted by FNV on 11:32 da tarde
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SALAMINA EM SETÚBAL:
O Benfica é isto: drama, inspiração e jangadas de Xerxes. Enquanto uns (FCP) têm blogues onde há "votações" para saber quem "os defende melhor na comunicação social" ( assumindo uma ridícula condição cripto-regional), o Benfica é a comunicação social. Enquanto outros são pouco mais do que um banco apenso a um emblema ( SCP), o Benfica é o banqueiro do povo. É bem verdade que se tivéssemos um avançado titular com metade da classe, bravura e codícia do perneta Mantorras, Camacho não teria sido obrigado a tirar do campo dois rogues ( um trapalhão brasileiro e um guerreiro grego). Mas Vieira tem o apoio dos que se impressionam com os milhões que os jogadores custam: é gente que nunca perceberá por que razão o Rui Costa comeu a relva em Setúbal.
posted by FNV on 9:14 da tarde
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BOBROWSKI, SEMPRE:
Vento. Que me guiou. Caído junto à soleira, ele cobriu-me. Para onde havia de segui-lo? Asas não as tenho. A minha boina, à noitinha lancei-a aos pássaros.
Nesta casa cheira a breu, Mora aqui algum judeu. Esta casa cheira a unto, Aqui morreu algum defunto.
Mas nem todos conhecem esta:
Esta casa é tão alta, Forrada de pau espinho. O homem que nela mora É judeu e tem rabinho.
Os judeus sufocavam os moribundos para evitar que o padre conhecesse os segredos da comunidade na altura da confissão. E os judeus tinham uma cauda diabólica. Nesses tempos o pessoal odiava sem desculpas esfarrapadas.
Espero que o padre que disponibilizou a sala da igreja (para os pais não esperarem à chuva a abertura das inscrições na creche de Odivelas) não tenha infringido nenhuma lei ( ou novo-bom costume). E espero que não tenha lá estado nenhum pai muçulmano, adventista, anabaptista, ateu ou hindu: teria sido um atentado gravíssimo contra a laicidade do Estado, porque a referida creche era do Estado.
posted by FNV on 3:48 da tarde
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DE QUE RI A HIENA:
Nos anos da revolta Mau-Mau ( 1952-1955) , Robert Ruark - escritor e caçador - ajudou muitos americanos a compreender o que estava a passar no Quénia. As crónicas e textos da época - publicados na Life, Collier's e Look - foram depois compilados num só corpo, "The Mau-Mau Years" ( editados em "Robert Ruark's Africa", Maine, Countrysport Press 1991), e são absolutamente actuais. Os conflitos entre os nómadas do norte - os Samburu e os Rendille - e os Kikuyu, sem esquecer os (islamizados) somalis, os Borran e os Turkana, foram descritos por Ruark que não se ocupou apenas do conflito entre Mau-Mau Kikuyus e os ingleses. Na altura, como agora, quem ganhou foi Fisi, a hiena: 10.769 Mau-Mau mortos, uma dúzia ( !) de brancos chacinados e milhares de Kikuyu degolados pelos Mau-Mau. Muitos corpos que explicam por que razão ri Fisi, a hiena.
No Record: "Paraguaio devia ter retomado o trabalho no dia 31 mas ainda não deu notícias à SAD" ( do Sporting).
posted by FNV on 11:03 da manhã
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UM PÉSSIMO USO DA LIBERDADE POSITIVA:
Apagar as referências religiosas dos nomes das escolas secundárias ( segundo o Correio da Manhã). Seguir-se-ão os bairros e as freguesias? De Santo António dos Olivais para Olivais? Na prática já nos referimos ao bairro dessa maneira, mas os teóricos desconhecem a prática... E os hospitais? O Hospital de Santo António passará a ser o Hospital António: "Vou ali tirar um apêndice ao António", diz o Zé ao Rui, sendo que o Rui pede a todos os santinhos ( em sotto voce) não voltar a estar a sós com o Zé. É extremamente interessante ( como diria o saudoso Eduardo Prado Coelho) ver como as pessoas aceitam tudo isto sem bulir. É a inferioridade moral da direita religiosa?
AINDA SOBRE OS BLOGUES: Ao contrário do FNV, não acho que o texto de Pacheco Pereira (publicado agora no Abrupto) sobre os blogues seja um "bom texto". Claro que muitas das apreciações negativas que faz sobre a blogosfera são verdadeiras - o amiguismo, o lambe-botismo, a complacência, o auto-convencimento, a "redução temática". Mas isso são características demasiado óbvias, e a sua enunciação não é um exercício de grande originalidade, nem deveria dar corpo a um texto sobre a blogosfera. A não ser que se pretenda reduzir os blogues a isso, como se pretende. E é aqui que me parece haver um erro de análise. Bem sei que Pacheco Pereira nos previne e se previne: "Um dos rodriguinhos da escrita em Portugal é ter que sempre enunciar que há excepções. Há excepções? Claro que há, mas são mesmo excepções e não alteram a regra. A regra é esta. Eu estou a falar da regra". Mas o ponto é: qual o significado desta "regra"? Parece que P. Pereira utiliza um critério "estatístico", assente sobre a "média" dos blogues. Esse é um mau critério. Como seria, por exemplo, medir a "qualidade" da "classe política" sobre a "média" de todos os deputados, ministros e secretários de estado. Ora, a verdade é que há por aí alguns blogues muito bons, onde se encontra o essencial: pensamento e discurso originais. O facto de não serem muitos - nem, muitas vezes, os mais lidos - não permite considerá-los tão "excepcionais" que desmereçam qualquer atenção. De maneira que o texto de P. Pereira me parece duplamente parcial: trata apenas de uma parte da "regra" e apenas dos aspectos negativos dos blogues (aqui, sim, gerais e transversais) - mas que nem são, como o próprio mostra à saciedade, específicos deles.
Recordo-me de Soares: bandeiras pretas da fome em Setúbal, o cinto apertado, uma adesão à CEE que iria ser uma catástrofe nacional. Recordo-me dos tempos de Cavaco: o país era uma miséria entregue aos patos bravos, Cavaco era o eucalipto que secava tudo à sua volta. Recordo-me dos tempos de Guterres, o Indeciso: dinheiro deitado fora, um país transformado numa cloaca que trocava orçamentos por queijos, o "pior governo desde o tempo de Dª Maria". Recordo-me de Durão Barroso: um saco de gatos que Paulo Portas iria romper, um MNE despedido por causa das notas da filha, um governo tão improvável que acabou como acabou. Recordo-me de Santana. Todos nos recordamos. Agora temos um autista autoritário, um defensor do Estado Social que deveria acabar, um exterminador do Estado Social que deveria defender. E se for buscar o grande Fialho ainda nos rimos mais.
Já faltou mais para vocês, celebrantes, terem 75 anos. Talvez venham a ser o último dos irmãos a morrer, talvez os vossos filhos vos visitem uma vez por ano. Talvez a vossa próstata vos deixe dormir uma hora inteira, talvez a memória vos leve ao riacho onde pescaram com o vosso avô. Talvez ainda saibam assinar o vosso nome. Talvez se tornem religiosos. Seja como for, bom Ano Novo.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.