Mais mês menos mês, para Manuela Ferreira Leite tomar conta do PSD. Exceptuando Fernando Nogueira (que já não conta) e o grupo excursionista ( quase todo oportunista) de Menezes, ninguém se oporá. MFL tem carisma ( um belíssimo olhar triste), traquejo e coluna vertebral. Se precisar da minha ajuda (o que duvido) é só mandar chamar.
posted by FNV on 3:10 da tarde
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BENFICA MALANDRINHO:
Jogar contra o Feirense. Isto não anima a jornada. Vou ter de fazer uma cabidela espartana para remediar a coisa. Amanhã jogo eu e preciso de inspiração ( nada como umas canelas ensaguentadas no regresso a casa). Nestes tempos de cozinha de sifão e cebola confitada, uma cabidela regala um homem. Sangue, galo, moelas, vinho e carqueja: até as sobrancelhas enrijecem. Um Benfica de cabidela seria um Benfica com quatro David Luiz na defesa, quatro Petit no meio campo e dois Mantorras novinhos em folha lá na frente. Todos ensinados pelo Chalana. Depois, quando tivéssemos ganho alguma coisa, comprava-se um ou dois artistas. Para o banco.
Um abraço de boa sorte para o Blasfémias (está em apuros informáticos).
posted by FNV on 9:52 da tarde
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ODI ET AMO (LXIV):
Não há mal nenhum em querer ter um corpo bonito. É preciso é saber para que serve. Se não se tiver dinheiro, fama ou poder, o corpo, em si, não serve para nada. Dirão alguns que serve para o amor. É uma verdade postiça: serve para o amor-próprio, uma sub-espécie predadora. Já para o amor, essa super-espécie, um belo corpo é um desperdício: o amor é o tempo a olhar para nós.
posted by FNV on 8:44 da tarde
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FRACOS COM OS FORTES:
Quem conhece a história da Prohibition ( a "Lei Seca") sabe que há sempre excepções. O caso de George Remus, o mais bem sucedido bootlegger de todos, é exemplar: foi o Rockefeller do álcool e no entanto dava festas nas quais recebia a fina-flor de Cincinnati que saía de lá perdida de bêbada Na sua mansão, depois de demolida, foram encontradas caixas de whisky suficientes para abastecer a cidade durante um ano. Os casinos são fortes. É tudo.
posted by FNV on 12:00 da tarde
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UM PAPA NO INDEX:
Escrevi aqui em tempos que Ratzinger iria lutar rua a rua, porta a porta, e não me enganei. Não é necessário dramatizar a recusa de alguns académicos italianos: uma certa esquerda europeia nunca foi boa de ouvido ( fazia sempre orelhas moucas os gritos dos torturados mesmo ali ao lado). Este Papa é perigoso porque escreve, pensa e discute. Pode-se concordar ou criticar, mas é assim. E esta foi mais uma batalha ganha: o auto-declarado inimigo nem quis combater.
posted by FNV on 11:52 da manhã
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O PODER DE NOMEAR (IV):
1) A TSF gastou os primeiros nove minutos do jornal das nove das manhã com uns coelhos que se assustaram com os aviões em Penamacor ( não caiu nenhum avião nem morreu nenhum coelho) e com uma notícia requentada da explosão de gás no prédio em Setúbal. As televisões nacionais, ao almoço, abriram (e continuaram) com o premente assunto do mau cheiro num bairro de Lisboa. Não estivessem tantos comentadores e analistas ( e candidatos a) com o rabo entalado ( vivem de e para os media) e a crítica mediática piava mais fino.
2) O descrédito dos políticos profissionais aumentou brutalmente o poder do juízo moral do jornalista. O público atribui ao jornalista um estatuto de "virtuoso desinteressado" - neste jogo as atribuições são ouro de lei - e ao político uma aura de suspeito comprometido. Se, ainda por cima, a banalização dos noticiários nivela os coelhos de Penamacor ( ou a lesão do Mantorras) com uma moção de censura ao governo, é porque nada distingue uns dos outros. E quem tudo confunde tudo ganha.
3) O dia fasti é o dia em que o político "abre a casa" ao jornalista e mostra a estante sempre "com muitos livros"; o dia nefasti é o dia em que o político deprime porque "eles" ( os media) passam uma imagem "errada". Ainda há gente que resiste a posar para o calendário, mas é pouca.
AINDA HÁ ALGUNS: Ontem vi José Medeiros Ferreira dar uma grande entrevista no programa Diga lá, Excelência (nome aliás execrável) da RTP2. Com o seu jeito quase florentino, desferiu golpes fortíssimos no governo de José Sócrates, salientando a sua permeabilidade à influência de Cavaco e dizendo mesmo que esta política terá custos elevados para um eventual PS-oposição. JMF fez um comentário político sério, crítico e inteligente. Mas como não foi (suponho que não é) tremendista, como não falou do lamaçal e da piolheira, como não remeteu para um qualquer "antes" mítico que ninguém quer, sequer, definir (et pour cause), merece pouca atenção. Hoje, crítica que sorria, ou que leve um raciocínio do princípio ao fim de maneira inteligível pela generalidade das pessoas, é uma aparência de crítica.
A latere: Concordei com muito do que JMF disse; mas não percebi o entusiasmo por H. Clinton da parte de quem reclama uma "nova esquerda" para Portugal.
"Se há alguém que foi afastado de funções, fui eu" ( Santana Lopes, na SIC-N, em directo, a propósito dos deputados que afastou de funções de direcção na bancada parlamentar do PSD). Nisto do choradinho o dr. Menezes também já começa a acompanhar. À viola.
posted by FNV on 11:15 da tarde
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O PODER DE NOMEAR (III):
1) O empobrecimento da classe média-baixa é um assunto infinitamente mais importante do que o "regresso do fascismo". Às pessoas que estão a cortar no quase-essencial ( pequenos prazeres, consultas médicas, sapatos decentes) interessa pouco a lista de restaurantes onde se pode fumar; às pessoas que começam a cortar no essencial ( menos carne, menos aquecimento, água no leite) não interessa rigorosamente nada se a bola de Berlim chega quente ou fria à praia do Ancão.
2) Esta gente vai remoendo, obedecendo ao princípio polar do conformismo. Mas chegará o dia em que esta gente se vai irritar e, naturalmente, decidir sem pensar. Nessa altura os pedantes pessimistas esquecerão por uns instantes as preocupações com o "regresso do fascismo" e abominarão o populismo desbragado que há-de triunfar; isto enquanto guardam as pratas clamando por lei e ordem.
E QUANDO EU JÁ FOR VELHINHO / ACABADO DE MORRER / OLHA BEM PARA OS MEUS OLHOS / AINDA SÃO PARA TE VER:
Ainda hei-de assistir a um debate político intenso em Portugal sem o "fantasma do fascismo". Foi assim com AD de Sá Sarneiro ( repetiu-mo o meu pai muitas vezes) , foi assim com a primeira maioria de Cavaco ( ou já se esqueceram?), foi assim com o "perigo de Freitas a Presidente" ( não foi só PCP que tapou os olhos), foi assim quando Cavaco construiu o Centro Cultural de Belém ( a marca de um novo Estado Novo). Uma pobreza imaginativa, discursiva, estética, o que quiserem.
posted by FNV on 10:22 da tarde
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AVISEM-ME QUANDO ACABAR:
"Vamos começar um ciclo que vai demorar mais tempo do que o anterior" ( L.F. Vieira na apresentação de um romeno que é do Benfica desde pequenino).
RAPID TRANSIT: O pessimismo bem pensante dos cronistas portugueses não é só um "discurso": é uma estética. Como todas as estéticas, sofre com o tempo e, a prazo, causa fadiga: "every wave is new until it breaks", dizia a cançoneta do Neil Young. Claro que há quemtire deReactor, hoje, o mesmo prazer que sentia ao ouvi-lo em 1981. Já é mais surpreendente que inspire emoção a quem o descobre em 2008.
posted by PC on 11:09 da tarde
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O PODER DE NOMEAR (II):
1) Compreendo que quem sempre andou na vida pública, política ou profissionalmente, não aceite, sem desconfiança, o alinhamento ocasional de fulano com as políticas de beltrano. Os legionários sabem bem que não há almoços grátis: um alinhado com uma política do inimigo, qualquer que ela seja, é necessariamente alguém que quer alguma coisa, ou alguém a quem foi prometida alguma coisa. Há no entanto quem só jante; e só com quem lhe apetece.
2) O discurso do pessimismo é necessário quando olhamos para o ar bovino de gerações inteiras à espera de um toque de telemóvel. Mas se a essas gerações só chega esse discurso, elas trocam de telemóvel. Por outro lado, a gente que vive realmente mal não chega a ler a prosa apocalíptica: está demasiado ocupada a tentar sobreviver ou à espera de um fim indolor. Dir-se-ia até que o discurso pessimista não se preocupa em chegar àqueles que deveria interessar.
posted by FNV on 10:10 da tarde
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É O QUE EU DIGO:
Farnerud e Pereirinha são sinal de equipazinha.
posted by FNV on 9:15 da tarde
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O PODER DE NOMEAR:
1) Eminentes analistas políticos ( não todos...) sabem hoje de Sócrates exactamente o mesmo que sabiam de Cavaco: esvaziou o partido, decide sozinho, não tem substância política, não reforma nada. Só os estúpidos é que não percebem.
2) Quem hoje não acha que vive numa chafarica subdesenvolvida controlada por proto-fascistas é obrigatoriamente um serventuário do poder socialista, um pateta alegre, um novato sedento de influência, um camisa rosa obstinado em perseguir a opinião livre. Não se fazem prisioneiros.
3) A vida está difícil para a liberdade de pensar mas fácil para o poder de nomear.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.