Lembram-se da denúncia feita pela Helena Sanches Osório acerca de uma vírgula ( num decreto-lei ou coisa que o valha) que teria custado 120.000 contos? Não é preciso um bastonário* dos abogados para nada, basta um qualquer jornalista ou "comentador televisivo" ( que é currrículo para bastonário, a julgar pelas três últimas eleições).
Não é nada divertido o que se está a passar no PSD. Desde que Cavaco saiu que a história não é agradável. Começou com Fernando Nogueira, um epifenónemo do cavaquismo, seguiu com Marcelo Rebelo de Sousa - alguém que sabe sempre o que fazer desde que não seja ele a fazê-lo- , continuou com Durão Barroso que anunciou "a tanga" ( uma pérola de oratória parlamentar) e eclipsou-se; Santana Lopes foi depois a alternativa possível ( uma prova que devemos sempre tentar outra coisa qualquer) e agora é Menezes, rodedado de wannabes e caçadores de prémios. Se há alguma lógica nisto é a do retorno. Do eterno retorno.
posted by FNV on 6:29 da tarde
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O PROBLEMA DAS REDUÇÕES:
Porque que não dá jeito nenhum. Caso contrário como sustentar a tese que isto é só entre "sionistas" e árabes?
posted by FNV on 2:31 da tarde
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TRIGO LIMPO, FARINHA AMPARO:
1) Tivesse ocorrido em Portugal o tumulto e o caldo de bofetada que ocorreu no parlamento italiano e lá teríamos os illuminati do costume a analisar a especificidade da choldra nacional. Limpinho.
2) Tivesse o Pepe jogado infiltrado pelo FCP para ser substituído antes de ter aquecido e lá teriámos o Rui "Ribeirinho" Santos ( outro "espírito independente") a explicar que só em Portugal temos de aturar tamanho amadorismo "que não se vê lá fora". Limpinho.
No ano de 1974, um professor da Universidade de Coimbra, Manuel Rodrigues, publicava uma separata ( A Exegese Bíblica e a Antiguidade Oriental) da sua dissertação de doutoramento. A páginas tantas,
"Os fundamentos da história da Grécia, da Itália e dos outros países europeus encontram-se no Oriente (...) Sob a picareta dos arqueólogos, as civilizações milenárias reaparecem a nossos olhos. Elas que pareciam estarem mortas e enterradas para sempre, afinal estavam apenas adormecidas."
Estavam adormecidas, mas depois de 1918,
"Concluído o armísticio que assinalou o termo do grande conflito europeu, uma nova era se abriu na hitória da Arqueologia do Oriente. O Iraque e a Síria ficaram sob mandatos britânico e francês, respectivamente. Certas regiões anteriormente consideradas como muito perigosas tornaram-se acolhedoras e os arqueólogos puderam trabalhar nelas tranquilamente.
Há portanto uma raíz europeia ( coisa que qualquer leitor distraído de Heródoto sabe perfeitamente) no Oriente, mas essa raíz tem de ser trabalhada pela técnica ocidental, e em sossego, como se de ovo de cuco se tratasse. Isto separa o conceito de "raíz oriental da civilização europeia" do de Heródoto. E o que separa é a geografia política e religiosa, não tenhamos dúvidas. Deixando de lado o maná que estas coisas são para os seguidores de E. Said, fica a pairar uma nuvem esquisita: por que motivo os povos que viviam no "Oriente" não apreciavam convenientemente os restos das "civilizações milenárias"? No Egipto, por exemplo, terá sido o Mahdi um dos locatários perigosos? Os turcos foram de certeza um empecilho para o desabrochar das "raízes europeias" e tiveram de ser desalojados das suas possessões iraquianas muito antes da I Grande Guerra; mas também estavam excessivamente enraizados na... Europa. (continua)
posted by FNV on 7:16 da tarde
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A ORIENTE DO ORIENTE (I):
Partir de uma ideia infecciosa - "não existe Islão moderado" e estudar os rizomas desta ideia. Partir de outra ideia feita - "o fardo do homem branco"- e estudar a rapidez com que se arrumou os efeitos do colonialismo. Incluir até, numa série que prevejo longa, a proibição do ópio e do haxixe nas relações Ocidente/Oriente.
posted by FNV on 4:24 da tarde
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SYLVIA PLATH, SEMPRE:
The world of a snail on the plate of a leaf? It is not mine. Do not accept it.
Acetic acid in a sealed tin? Do not accept it. It is not genuine.
A ring of gold with the sun in it? Lies. Lies and grief.
O Eduardo Pitta põe o dedo na ferida. Mas há mais. A Igreja de um país de emigrantes não apareceu, o que pode fazer supor que estes valem menos do que os nossos. Foi um acto de violência, espectral no duplo sentido - eles são o que nós fomos e o que poderemos voltar a ser -, logo sacrificial. A menos que a Igreja, como os verde-eufémia, esteja a desenvolver uma doença auto-imune.
posted by FNV on 11:46 da tarde
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O ESPÍRITO DA BUROCRACIA:
O João Miranda apanha bem, numa série de pequenos posts, o embrulho ASAE/DGS. Os nossos pais já o estudaram ( a crítica de Ricoeur a Weber) e é velho. A burocracia não se esgota na impessoalidade da norma e da supremacia da autoridade legal: é preciso acreditar. E a crença nada tem de objectivo e impessoal.
Um tipo vem de horas e horas psi, mete-se no carro e liga a TSF ( ontem). Um "psicólogo" explica que Quaresma "está fragilizado" e que se foi assobiado "é porque os sócios do FCP são muito exigentes". De entrada a aldrabice de feira: não pode saber se o Quaresma está fragilizado ou não, a menos que mantenha com o jogador uma relação profissional e então já não é só um aldrabão, é um pulha. Depois os adeptos ingleses nunca assobiam um jogador seu - nem o maior morcão - porque são pouco exigentes. E o futebol inglês é muito fraquinho.
posted by FNV on 10:46 da tarde
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ODI ET AMO (LXVI):
Para a Carla Quevedo, uma leitora especial de Freud:
No prefácio a um livro de Gregory Bourke (1913), sobre um tema assaz especial ( Scatologic Rites of all Nations), Freud recorda as aulas de Brouardel ( medecina legal). O professor, diante do cadáver de uma jovem, explicou a Freud: Les genous sales son le signe d'une fille honnête. Freud entende que fugimos sempre que podemos - como os "anjos perfeitíssimos" do Fausto - da nosa índole animal. Então, este nosso corpo de hoje, hiper-técnico ( clonagem, cirurgia, hormonas), já só foge de um corpo... humano. Achas que serve?
posted by FNV on 7:14 da tarde
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NÃO HÁ UM JAVERT ( OU UM PINA MANIQUE) PARA ISSO?
Ontem, na RTP1, tanta competência e obediência à lei e ao espírito da UE no que diz respeito ao ar dos "ambientes interiores". E para a Ribeira dos Milagres ( e outros atentados aos "ambientes exteriores"), num governo chefiado por um ex-ministro do Ambiente, não se arranja nada? Tretas...
Perfection is terrible, it cannot have children. Cold as snow breath, it tamps the womb.
( The Munich Mannequins, 1965)
posted by FNV on 10:18 da tarde
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CONFUNDIR O GÉNERO HUMANO COM O MANUEL GERMANO*:
É o que Israel está a fazer ao cortar a energia a Gaza. A 600.000 pessoas.
* esta aprendi com o Eduardo Prado Coelho.
Adenda: a energia foi reposta. Ainda bem.
posted by FNV on 1:33 da tarde
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ESTE EPISÓDIO NÃO INTERESSA NADA:
Baptista-Bastos chamou "fascista" a Alberto João Jardim e vai a tribunal. Mas Baptista-Bastos não gostou do silêncio do Sindicato dos Jornalistas e desvinculou-se da agremiação. Por que não ouço os tambores do "Portugal amordaçado" que até agacha "o Sindicato"? Porque não dá jeito, o Sócrates não está envolvido, assim não tem piada.
posted by FNV on 12:44 da tarde
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ODI ET AMO (LXV):
A geração que manda preocupa-se com a libertinagem precoce da geração que obedece. É a ordem natural das coisas, se bem que por vezes os velhos esqueçam que os novos aproveitam o caminho que eles, os velhos, desbravaram. A geração institucional também fez muitas asneiras no seu tempo: ou pelo menos assim pensaram os seus amargurados pais. Por que motivo os velhos são tão desdenhosos dos mais novos? Porque cada tempo tem o seu mundo. A geração do poder é obrigada a viver no mundo que fez, enquanto os mais novos apenas o suportam. E isso é doloroso.
Do you wear A glass eye, false teeth or a crutch, A brace or a hook, Rubber breasts or a rubber crotch,
Stitches to show something's missing? No, no? Then How can we give you a thing? Stop crying.
( The Applicant, 1965)
posted by FNV on 9:53 da tarde
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DAR PÉROLAS A PORCOS:
Ricardo Quaresma está lixado com os assobios que ouve no Dragão. Esta imbecilidade não deve espantar ninguém: é um estádio que passa metade do tempo a cantar o nome do Benfica.
posted by FNV on 1:38 da tarde
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VAI UMA APOSTA?
Conheço o Gigi, na Quinta do Lago, desde 1992. Fiz férias calmas, com miúdos pequenos, em vários dos aldeamentos da Quinta até ao dia em que um ( na altura) figurão do desporto nacional aterrou de helicóptero a dez passos do restaurante. Este Verão regressei e, como não podia deixar de ser, fui comer um robalo ao Gigi. Está na mesma. O pessoal assa os peixes e os carabineiros na brasa, na parte de baixo do restaurante. Nada distingue essa "parte" do restaurante de qualquer tasca: o peixe chega em cabazes de plástico e por lá fica, com moscas à volta, até ir para a grelha. Estava delicioso como sempre. O resto das facilities ( a cozinha, arrumos, etc) também em nada se distinguem das de qualquer tasca, até porque é impossível dadas as condições do local. A única novidade é que já não podemos beber um café antes de ir para praia, porque a ASAE impede que se sirvam clientes enquanto a limpeza matinal está a ser feita. Muito compreensiva e sensível, esta ASAE. Vai uma aposta como nem sempre é assim?
PS: em Almancil mora aquele que foi para mim a descoberta do ano - o consagradíssimo e discreto Henrique Leis.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.