A propósito do massacre dos atletas israelitas nos J.O. de Munique levado a cabo pelo Setembro Negro:
"L' action de Septembre noir a fait éclater la mascarade olympique, a bouleversé les arrangements à l'amiable que les réactionnaires arabes s'apprêtaient à conclure avec Israel sur le dos du peuple palestinien. Aucun révolucionnaire ne peut se désolidariser de Septembre noir,comme s'il s'agissait de l'ivraie à dissocier du bon grain révolutionnaire."
Quem assinou isto ( Rouge, nº 171 de 1972 )* foi um tal de "Joseph Krasny". Nem mais menos do que Edwy Plenel, mais tarde chefe de redacção do Le Monde, ícone da imprensa livre, do altermundialismo e pacifista certificado. É sempre bom saber de onde eles vêm.
Pacheco Pereira consegue a verdadeira quadratura: "não vale nada", "cabotino," "pacóvio", "inchado de gravitas", "auto-centrado", mas depois irrita a imensa gente dos blogues - que assim o classifica - com as suas escolhas.
posted by FNV on 7:10 da tarde
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ENTRE CAMINHOS:
1) Muito silêncio em redor da colagem de Cavaco Siva ao discurso de Manuela Ferreira Leite: o endividamento, "falar verdade" ( a primeira aposta de MFL depois de ter ganho as directas), escrutínio rigoroso dos investimentos públicos, etc. É natural. Com os analistas e os jornalistas ( uma espécie de binómio cinotécnico em versão palavrosa) quase unânimes em considerar o discurso de MFL vazio e despropositado ,ser-lhes-ia agora impossível emendar a mão.
2) Numa sociedade de matriz patriarcal, ruralizada e católica ( a marca de água dos 700.000 funcionários públicos do centrão oscilante que decide as eleições), votar numa mulher é difícil. Ainda para mais quando essa mulher não nasceu do laboratório da esquerda gira e sólida como um balão. Por outro lado, o apelo do chefe, de quem já lá está, é muito forte.
3) Deve-se no entanto sublinhar que circunstâncias execpcionais produzem mudanças regulares. É assim nas nossas vidas quando descobrimos fraquezas ou forças insuspeitas. A crise poderá obrigar as pessoas a ponderar sobre o caminho a escolher. Mais por instinto do que por hábito.
Então pressuponho que isto deve ser entendido à luz da interpretação que Lenine ( O Estado e a Revolução) fez do renovamento do Manifesto Comunista ( que Marx e Engels escreveram no prefácio à edição de Julho de 1872): "A classe operária deve quebrar e demolir a máquina do Estado já pronta , e não limitar-se a dela tomar posse".
posted by FNV on 11:46 da manhã
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COCTEAU, SEMPRE:
Traduit de quoi? De cette langue morte, de ce pays mort où mes amis sont morts.
Agora foi a vez de Arquíloco e da sua poesia toda, pela mão de Carlos Martins de Jesus. Dinheiro de investigação mais uma vez (muito) bem aplicado no Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra, edição da INCM, 2008.
O discurso de Cavaco Silva esqueceu uma parte importante do esforço de guerra. Não basta escolher bem os investimentos, ser competente no trabalho e solidário com os que têm dificuldades. Será necessário que a mole imensa de gente que viveu até agora bem acima das sua possibilidades deixe de se endividar para ter um plasma melhor do que o do vizinho ou para ir de férias para Cancun.
Adenda: Os leitores Rogério Pereira e "Atributos" ( na caixa de comentários) chamam-me, e bem, a atenção para o erro: é "algaraviada" e não "algarviada". Agradeço a ambos.
ANO NOVO, VIDA NOVA: À laia de votos de um Excelente 2009 para todos, publica-se uma gravação inédita dos primeiros tempos do Mar Salgado, bem divertidos. Todos os marinheiros são facilmente reconhecíveis pelos respectivos instrumentos.
Quando a Fatah ataca o Hamas, mata soldados e militantes do Hamas; quando Israel ataca o Hamas, as baixas são todas civis - "pessoas" na língua dos media portugueses.
É como a Ana deve esperar. Pelo menos se esperar pelos mesmos que nunca se manifestaram - nem se agrilhoaram - em protesto pelos milhões de mortos, perseguidos e torturados dos vários regimes comunistas ( tinham um belo sistema de saúde...) do século passado ( e da actual Cuba). Antes pelo contrário: agora até falam no regresso ao passado.
posted by FNV on 12:25 da tarde
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O CASAMENTO PERFEITO:
Da propaganda com a burocracia: este linguajar não é inocente. "Dezoito mil episódios de procura" substitui "dezoito mil pessoas desesperadas e aborrecidas com a espera". Desumanização do SNS? Alegre que se ocupe disso. Mais interessante é o efeito comunicacional. "Episódio" é associado pelas pessoas a algo de irrelevante, passageiro. "Procura" agracia o SNS com uma aura de generosidade. Não estamos aflitos ou mal preparados, acolhemos episodicamente quem nos procura. Somos uma espécie de polícia simpático que dá informações ao turista perdido.
Do dia de amanhã. É um medo imperfeito. Pode ser sentido antes de uma revelação, na margem de um compromisso, ou como antipasti de uma sentença avinagrada. Mas não é por isso que é imperfeito. O medo do dia de ontem é muito pior. Do que já foi feito e não pode ser desfeito. Do que já é demasiado tarde para perdoar. Para o estóico, do que foi desperdiçado. Quando desprezamos o tempo, a única coisa que é nossa, não vale a pena temer o que ainda é de todos.
posted by FNV on 9:21 da tarde
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DANTE ROSSETI, SEMPRE:
The hour might have been yet might not be, Which man's and woman's heart conceived and bore Yet wherof life was barren, - on what shore Bides it the breaking of Times's weary sea?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.