Não liguei aos insultos, nem ao português original que utiliza, até José Maria Martins, no final do último comentário, me fazer uma ameaça: se um dia me cruzar com ele terei de lhe explicar tim-tim por tim-tim o que ele quer. Ora aqui está finalmente alguém que me chama de tudo e que me ameaça, mas que não se esconde sob o anonimato e até é uma cara conhecida e facilmente identificável. Honra lhe seja feita. Estas coisas ao vivo são muito mais interessantes.
Se é verdade que uma jornalista foi saneada da TVI por pressões políticas, então a única atitude aceitável de todos os jornalistas da TVI seria a demissão em bloco. Ora, tanto quanto sei, a estação continuou a funcionar. Se a premissa inicial é verdadeira, podemos concluir que os jornalistas da TVI não são jornalistas. Serão outra coisa qualquer, certamente respeitável, mas jornalistas é que não são. Também é razoável pressupor que os jornalistas da TVI não são geneticamente diferentes dos seus colegas de outras estações e dos jornais e das rádios. Todos têm contas para pagar: cartão de crédito, prestações do carro e da casa, propinas dos filhos, etc. Orwell dizia que os escritores e os jornalistas partilham muita coisa: o desejo da fama, da imortalidade, de parecerem espertos, de serem famosos, de se vingarem de quem os desprezou no liceu. A diferença: os serious writers não são tão ávidos de dinheiro.
posted by FNV on 9:18 da tarde
#
(3) comments
REACÇÕES POSSÍVEIS (mas ficcionadas):
Partido Socialista: Estamos finalmente satisfeitos com o novo Jornal Nacional de sexta-feira da TVI. Agora é muito mais convincente e os portugueses podem confiar na informação que lhes é dada por aquele telejornal. Todos aqueles episódios do primo gordo, massaroca por baixo da mesa, Freeport, tornam-se mais claros aos portugueses por voz diferente da de Manuela Moura Guedes, que transmitia às notícias um tom negativo e pejorativo que, como todos puderam ver, não existe nos factos anunciados e nunca desmentidos. Claro que não tivemos necessidade de ver o Jornal Nacional de hoje, andávamos todos cansados dessa missão prolongada durante meses, mas acreditamos que tudo está bem quando acaba bem.
Emídio Rangel: é evidente que não tenho nada contra Manuela Moura Guedes nem me estou a bater ao lugar ou a outro qualquer que Sócrates me queira dar se ganhar as eleições, qualquer que ele seja e eu aceite logo, em empresa pública ou nas privadas que sejam controláveis. Apenas não queria estar sempre a ouvir notícias do Freeport dadas por ela. Hoje, o Jornal Nacional de sexta foi muito melhor, centralizando as notícias do Freeport no gordo. O gordo é primo do Sócrates? Isso devem ser invencionices da oposição, este Primeiro-Ministro não pode ter primos gordos.
Augusto Santos Silva: eu só tenho a declarar que não vi as notícias da TVI de que todos falam, estão em todos os blogs (menos no Simplex) e nas primeiras páginas dos jornais, bem como passam em todos os noticiários desde as 19h00 e já nem posso ouvir, e que davam conta de mais um primo do Exmo. Senhor Primeiro-Ministro metido nesta embrulhada montada pela oposição. Tanto quanto sei, e os portugueses sabem-no bem, o Primeiro-Ministro nem tem primos, apenas filhos de tios e de tias, coisa que a ética republicana ainda não proíbe mas iremos tratar disso na próxima legislatura. Tudo se trata de mais uma mentira da oposição. Recordo que, em 1979, um primo do então líder do PSD também era gordo.
Manuel Alegre: vou caçar este pato, não me perguntem onde nem como nem quando. Mas vou caçá-lo.
Autor do spot da TVI ao Jornal Nacional: não sei do que falam, pediram-me uma coisa boa e eu dei-lhes o melhor que sabia. Tal qual o Primeiro-Ministro diz que dá, mas para melhor.
Cavaco Silva: deve manter-se a liberdade de expressão na comunicação social, se é que ainda existe.
José Saramago: não era bem esta a liberdade de imprensa que imaginei no 25 de Abril. No meu jornal, à época, isto não viria a público.
José Sócrates: ele não é gordo. Não. É um pouco forte mas até já disse que iria emagrecer brevemente e não vou estar a responder aqui a insinuações caluniosas da oposição sobre o peso do filho do tio dos meus irmãos. Não. Prefiro falar da alegria e prosperidade actual dos portugueses, da confiança que eles têm na minha sinceridade, no meu imaculado percurso pessoal e político.
Desde segunda-feira que Sócrates, primeiro, a Ministra da Educação, depois, e o Partido Socialista, por fim, resolveram começar a apregoar que as suas medidas contra os professores eram boas, estes últimos (supostamente uns broncos) é que não as tinham percebido ou então as medidas não tinham sido bem explicadas pelo Governo.
Fico sem compreender duas coisas: a primeira é perceber como é que o Ministério de Educação obtém e apregoa resultados tão excelentes dos alunos quando estes são ensinados por professores que não conseguem sequer compreender as medidas que lhes são destinadas.
A segunda é perceber a estranha razão pela qual o Governo socialista, que entende que apenas não explicou bem as medidas, deixou passar a semana toda sem as explicar devidamente e resolver o imbróglio convencendo os professores da bondade das medidas do Governo, que este não tinha sabido explicar.
Uma semana parecia-me razoável para o Governo ter solucionado este último problema mas os socialistas devem estar a reservar-se para a próxima semana,,,
posted by VLX on 6:34 da tarde
#
(2) comments
NO ANTIGAMENTE ERA ASSIM:
Durante o Estado Novo não era o Presidente do Conselho que ia, ele próprio, determinar em cada caso o que devia ou não ser traçado a azul. Havia mangas-de-alpaca para o efeito. Daí que, como recentemente o jornal Expresso veio demonstrando, muito do que era riscado a azul era completamente disparatado de censurar como disparatadas eram as cabecinhas que tinham por missão censurar. Como é evidente, desconhece-se se os censores agiam por conta própria e ninguém pode provar de onde vinha a ordem genérica para procederem à censura. Mas alguém duvida que fosse do Presidente do Conselho?
posted by VLX on 5:35 da tarde
#
(0) comments
TÍTULOS E LEADS DE NOTÍCIAS ANTES CONSIDERADAS IMPOSSÍVEIS:
Medina Carreira foge para o Rio de Janeiro! O conhecido jurista e antigo subsecretário de Estado conseguiu apanhar o voo da TAP do meio-dia e encontra-se neste momento sobre o oceano Atlântico. Fonte próxima do Governo garantiu-nos que Medina Carreira foi seguramente avisado por alguém de dentro e que já tinham um suspeito. "É sempre o mesmo a avisá-los! Quando são do partido ainda vá, mas desta vez não se safa!", afiançou-nos a mesma fonte.
Mário Crespo detido em Monte Gordo! Após demorada perseguição que incluiu três lanchas da Polícia Marítima, uma fragata da Marinha e quatro helicópteros da Força Aérea, Mário Crespo foi detido quando tentava escapulir-se no seu veleiro para Ayamonte. Foi também encontrado escondido na embarcação do conhecido jornalista o seu colega Ricardo Costa. O Presidente da Câmara de Lisboa não faz comentários.
Helena Matos e José Manuel Fernandes encontram-se a salvo, em Badajoz!
Se Sócrates, derrotado nas europeias, travestido de uma candura e humildade falsas nunca antes vistas nele, desgastado perante um país que não lhe perdoa a arrogância e as perseguições corporativas, enxovalhado por uma colecção de promessas e intenções não concretizadas, vexado publicamente por causa de um conjunto inacreditável de bizarrias e originalidades do seu passado, em risco sério de perder o poder nas próximas eleições, ainda tem força para, mesmo que por via indirecta, fazer rolar a cabeça de Manuela Moura Guedes, imagine-se o número de cabeças que não rolarão caso ele vença as eleições e se queira vingar...
posted by VLX on 4:22 da tarde
#
(1) comments
CREDIBILIDADE E AS REGRAS DO DEBATE:
Sócrates passou grande parte do debate a lamuriar-se por alegadamente terem sido desrespeitadas as regras do debate. Ao mesmo tempo, ia ele próprio desrespeitando as regras tão duramente estabelecidas.
Sócrates não percebeu que isso só o fragilizava, mostrava claramente ter sido encurralado e encostado às redes, ficando sem resposta aos sucessivos ganchos de direita que estava a levar. Mostrava ainda algo que aos portugueses enoja, que é a excessiva auto-regulamentação que exige nos debates e que não é natural numa discussão aberta.
Por fim, um problema muito maior: esses lamentos de Sócrates, aliados àquele falso tom querido que põe nas suas afirmações, tão diferente do que nos habituou nestes últimos quatro anos e meio, revelam tudo menos verdade e sinceridade. E é o que falta a Sócrates, credibilidade. Sócrates perdeu este debate porque tem muito menos credibilidade junto dos portugueses do que Paulo Portas.
posted by VLX on 12:45 da manhã
#
(6) comments
O MELHOR DO DEBATE:
"Abriram as hostes", dizia a repórter da TVI na entrevista a Sócrates, à saída do debate.
posted by VLX on 12:30 da manhã
#
(0) comments
LIBERDADE NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Segundo Sócrates, o problema do governo socialista foi não ter sabido explicar bem as políticas. Principalmente na Educação, não soube explicar bem a bondade das medidas aos Professores. Supõe-se que estes, grandiosos broncos, também não souberam perceber meias palavras.
Quando, perante uma das melhores propostas do CDS para o sector, Sócrates diz que isso seria “desviar fundos para o sector privado que deviam ser para o sector público”, revela toda a sua visão esquerdófila da coisa. Não é o sector público que aqui interessa, mas sim a educação das crianças e a liberdade de escolha dos pais relativamente a essa educação.
Mas a Sócrates não lhe interessa a liberdade das pessoas, a possibilidade de escolherem livremente as escolas dos seus filhos, sejam elas públicas ou privadas: Sócrates quer ter a possibilidade de controlar o ensino e incutir nas crianças o que lhe apetece, desde que esteja no poder.
Há quem vá tendo a possibilidade de escolher as escolas dos filhos, à custa de muito trabalho e esforço, abdicando de outros gostos ou prazeres, sem sequer poder descontar essa despesa nos impostos, e pagando com estes muito do ensino público destinado aos outros. E há outros que só podem usufruir do que Sócrates entende dar-lhes.
posted by VLX on 12:27 da manhã
#
(0) comments
“SEI O QUE FIZESTE NO VERÃO PASSADO”:
José Sócrates tem uma maneira curiosa de argumentar politicamente, mas só porque ainda ninguém lhe fez frente com as mesmas armas. Ele chama aos Governos de Durão Barroso e de Santana Lopes os Governos de Ferreira Leite e de Paulo Portas, só porque estes foram Ministros nesses Governos e são agora os seus adversários, esquecendo-se de que os Ministros nem sempre podem contrariar o Primeiro-Ministro (como ele e os seus Ministros muito bem sabem).
Sugiro aos seus adversários que, quando discutirem com Sócrates, comecem a chamar ao Governo de Guterres o “seu Governo”. É que Sócrates pululava alegremente por lá, como Ministro do Ambiente, até Guterres ter abandonado cobardemente e com o rabinho entre as pernas as funções para as quais os portugueses o tinham eleito, com o célebre discurso do pântano e as finanças em fanicos. E que lhe recordem que Sócrates, como Ministro do Ambiente e nesse “seu Governo”, nada fez pela “pobreza” e “estado social”, se descontarmos os preços baixos que possibilitou ao comércio com o Freeport de Alcochete.
Fica, Balboa. Fica, para que esses dirigentes, ou managers, não se esqueçam das asneiras que fazem. Fica. Vai lá jantar a casa todas noites e pede um Lagavullin no final. Dorme lá e, se possível, usa o jacuzzi. Fica. Come com as mulheres deles, leva-lhes os miúdos à escola, envenena-lhes o cão.
posted by FNV on 10:36 da tarde
#
(6) comments
DE CAPA E ESPADA:
Olhando para a capa de A Bola de hoje fico com a ideia de que o jornal, uma vez mais, oferece um filme.
posted by VLX on 7:03 da tarde
#
(0) comments
DA CAPACIDADE DE NOS SURPREENDERMOS:
O advogado José Maria Martins exorta Sócrates a assumir-se como homossexual, mas remata: "Portugal não pode estar nas mãos de homos". JMM foi advogado no processo Casa Pia, e de um blogger num processo movido pelo PM, e participa numa coisa chamada Democracia Directa. Este tipo de pessoas e de movimentos são sempre vistos pelos media com muita candura, os seus mentores frequentemente descritos como paladinos da liberdade. Se repararem bem , a afirmação citada - e o raciocínio que lhe subjaz - é um exemplo grotesco de jacobinismo fundamentalista. Podia ter sido proferida no século passado por qualquer dirigente do Auxilio de Invierno, por qualquer fascista exaltado , por qualquer funcionário soviético ou do Freikorps. A confissão imaginária de Sócrates podia ser escrita em tinta vermelha: como a de Florenski.
Adenda: JMM ( nos comentários aí em baixo) pergunta-me "o que tenho a favor de homossexuais e pedófilos". Leram bem.
Não é o primeiro. Vai-se para um blogue colectivo-eleitoral para fazer isto? É isto o compromisso, o dar a cara, o acreditar? No Jamais não é tanto a agresssividade e o mau gosto, antes algumas autoras ( sobretudo) com posts absolutamente inócuos, repetindo coisas mil vezes repetidas, e parecidos com redacções de alunos do 12º ano. Dir-me-ão que é assim mesmo que tem de ser. Acredito.
E fico curioso para ver o que acontece em situações , digamos, equivalentes : se escolas geridas pela ONU em territórios hostis ao Islão são obrigadas a negar a existência de Maomé.
Uma visão moderna do Portugal progressista: não se perde tempo com coisas velhas. Importa é subsidiar o Ruben Micaelo para que leve à cena uma peça sobre a transmutação psico-corpórea da subjectividade narrativa da identidade de género nos espaços meta-urbanos. Isso é que é.
posted by FNV on 10:50 da tarde
#
(1) comments
UM POLÍTICO MODERNO :
Inquirido sobre se estaria disposto a governar em coligação: " Não discuto essas coisas da politiquice" ( José Sócrates, RTP-1).
posted by FNV on 9:30 da tarde
#
(0) comments
UM RETRÓGRADO:
"A família é muito importante" (José Sócrates, RTP-1).
É o que são, e sempre foram, os mandatários da juventude ( basta recordar as últimas presidenciais). Vai-se buscar alguém que gosta de aparecer e de parecer, alguém que aparece na música, no desporto, etc. Os políticos-mosca pousam onde têm de pousar. Sem escrúpulos. Uma conclusão: os políticos-mosca têm em péssima conta a dita juventude. Suspeito que a juventude não seja exactamente o que as agências de comunicação pensam. Temos assim que os politicos-mosca nos dão uma ideia do que gostariam que a juventude fosse. Com os velhos desinteressados e os jovens tão maltratados, sobram os maduros.
posted by FNV on 4:22 da tarde
#
(0) comments
NOVILÍNGUA (II):
MFL não faz comícios porque não sabe falar e não faz comícios porque é uma espertalhona e quer parecer que não é daqueles políticos que sabem falar.
posted by FNV on 3:19 da tarde
#
(2) comments
NOVILÍNGUA(I):
Pode-se não gostar do estilo, pode-se discordar, pode-se achar que ela deixou cair algumas coisas pelo caminho. Seja como for, Maria de Lurdes Rodrigues diz o que pensa. E é isso que é preciso. Parte a louça toda, até mais louça rosa do que louça laranja.
Em Portugal, o mesmo PCP ( o Bloco agora está silencioso depois do entusiasmo inicial porque isto dos arquivos é uma coisa tramada) que enche a boca com a PIDE , e restante parafernália , é o mesmo PCP que apoia isto. Nenhuma novidade. Digam lá se seria admitido em Portugal um partido que se reclamasse da herança do Cara al Sol, ou de Pinochet, e que depois viesse todos os dias acusar o governo PS de asfixia democrática. Nenhuma novidade. A nossa complacência.
posted by FNV on 11:44 da tarde
#
(0) comments
STASIS BENFIQUISTA:
Água na fervura:
1) Dois anos e 50 milhões de euros depois, não temos um lateral direito de raiz. 2) Xavi Garcia é o único trinco de classe no plantel ( há mais um, e apenas mais um, o Amorim, e regular, apenas regular). 3) Luisão ainda não sentiu a necessidade de mudar de ares. Mafu no homem.
posted by FNV on 11:54 da manhã
#
(0) comments
NÃO ME RECORDO:
Estas palavras de MFL estão a gerar a reacção esperada: o insulto à pessoa . Estas palavras de MFL traduzem o que a maioria dos pessoas pensa. Acham estranho? Então leiam o que a esquerda lisboeta escreveu sobre o atraso civilizacional de um povo que elege Cavaco para Presidente. A vantagem de haver arquivos dos blogues é enorme. É óbvio que MFL exagera: Sócrates seria incapaz de realizar uma tarefa tamanha. Portugal segue a moda, apenas isso. E a moda é simples: o máximo de liberdade nas relações pessoais. É preciso ser um aldrabão de feira para negar que tal máxima diluiu o anterior sistema de relações baseado no compromisso, na falta de liberdade pessoal e na disciplina social. Se pode , ou não, haver um meio termo e que outros factores entram nas contas, é outra discussão. To see what is in front of one's nose needs a constant struggle, escrevia Orwell, no Tribune, em 1946. Orwell escrevia sobre a fobia da realidade nas sociedades democráticas, sobre o medo de dizer as coisas que são evidentes. Não me recordo de recentemente um político ter tido a coragem e a clareza de MFL.
Tem tido pelo menos um mérito, e nada pequeno, ainda que naquele seu estilo de Orestes militante: comeu e calou. Quem comeu e fingiu que não calou foi L.F. Menezes. O seu artigo de hoje, no Público, em que exorta MFL "a seguir em frente contra aqueles que a tentaram atirar borda fora", é de antologia. Recorda-me o azevedo e silva ( assim mesmo, em minúsculas) de O'Neill:
azevedo e silva ao volante do mini vê a elisa a ultrapassá-lo anos depois e pensa com os seus travões Ah cabra eram tão puras as minhas intenções.
Segundo o Público de hoje (estou com dificuldades no link), Sócrates pretende chegar a vias de facto com Cavaco por causa da união da mesma. O assunto é quase caricato e não mereceria comentário. Só me refiro a ele porque revela o atraso que vai naquelas cabecinhas da esquerda. Na verdade, e bem vistas as coisas, a defesa intransigente de Sócrates da equiparação da união de facto ao casamento é que é, em si mesma, uma visão retrógrada da esquerda relativamente ao assunto. Que a esquerda defendesse a equiparação da união de facto ao casamento era coisa que se compreendia quando, por qualquer motivo (não concessão do divórcio por parte do outro cônjuge, não aceitação social da união de facto, etc., etc.), as pessoas estavam obrigadas a limitar-se, sem o pretender, a uma vivência conjugal de facto, à dita união de facto, sem se poderem casar. Mas isso hoje não acontece. Socialmente ninguém se interessa se este ou aquele par se encontra casado ou se simplesmente vive junto. Por seu turno, em Portugal, o divórcio tornou-se a coisa mais fácil de obter no mundo, é praticamente um direito potestativo de um dos cônjuges poder repudiar o outro enquanto o diabo esfrega um olho. Por isso, inexistem entraves a um segundo, ou terceiro ou quarto casamento. Se assim é, se as pessoas não se casam e simplesmente decidem viver juntas em união de facto sem se casarem, são livres de o fazer e não se descortina motivo para se pretender equiparar a situação ao casamento ou intrometer-se o Estado na liberdade das pessoas. Se as pessoas, em liberdade, não se querem casar, não existe fundamento para o Estado vir estragar essa liberdade e equiparar a relação ao casamento. Se as pessoas, em liberdade, se querem casar, então casem-se.
Vir Sócrates encher a boca nos discursos com todo este disparate sobre a união de facto é que não tem sentido algum nos dias que correm, é uma visão retrógrada da realidade.
posted by VLX on 5:47 da tarde
#
(0) comments
TELEVISÕES AMIGAS:
Há pelo menos 16 minutos que os noticiários da SIC-N e da RTP-N nos impingem em directo o discurso de Francisco Anacleto Louça. E eu que só queria saber quem ganhou o Grande Prémio da Bélgica...
Eu até estou cada vez mais favorável. Estou curioso, quero saber até onde elas chegarão, sobretudo porque a esquerda mais radical tem sempre apodado de islamófobos os que criticam estas concessões. Estou interessado em ver crescer na Europa uma cultura baseada na religião, na hierarquia rígida, na submissão da mulher e da criança, no primado do homem, na repressão sexual. Nada nos diz que tenhamos de deixar de observar os nossos costumes, por isso estas concessões não me preocupam. O meu interesse é, digamos, sociológico. Talvez o crescimento dessas coisas, sob o olhar compreensivo dos nossos tolerantes cosmopolitas, devolva aos europeus o gosto pela liberdade e, sobretudo, o respeito por ela.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.