Ao qual acrescento algumas cerejas. Não acredito na competência policial amanhã. Um clube atacou o próprio treinador ( Co Adriaanse) e um chefe de claque escreveu um livro no qual relata diversos crimes. A dona Laura , na altura presidente da Associação dos Comerciantes do Porto, foi espancada pelos "Super Dragões " à frente da polícia e das televisões. Rui Rio teve de fugir para Viana, porque cometeu o crime de se candidatar sem o beneplácito de Pinto da Costa. O que fizeram os polícias e magistrados portuenses? Exacto: nada. Os No Name Boys foram detidos e vão a julgamento. Vale e Azevedo foi detido, foi a julgamento e foi preso. Em Lisboa, os bandidos são bandidos; na coutada de Pinto da Costa, e dos seus cúmplices travestidos de gente respeitável e de dedinho em riste, os bandidos são heróis. Quanto tempo durará esta (in)diferença e a quem ela aproveita, são ossos para digerirmos noutras ocasiões. A verdade que um Porto subalternizado a Lisboa só beneficia e garante o poder dos sobas locais. É dos livros.
Acabar com os governos civis, simples covis de aparelhistas, e com as comissões de coordenação , que não coordenam absolutamente nada (como qualquer cego pode ver viajando pelo país). Pois é, pois é... Não pode ser. Onde se colocávamos o pessoal?
posted by FNV on 7:44 da tarde
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SOFFICI, SEMPRE:
Fascista tardio, futurista, pintor. Funda La Voce com Pappini e Prezzolini. Esteve preso depois da guerra. Como Govoni ( que já aqui trouxe) , desenha cidades com mágoa. Não se pode viver nesta paz / de avenidas azuis ( de Simultaneità e chimismi lirici, 1925). Fabuloso :
Non si può vivere in questa pace D'azzurri viali Dove non c'è che un tranvai Ogni venti minuti.
O prémio para alguns desses cretinos será o de fazer parte de governos-sombra. Pensando bem...
posted by FNV on 4:34 da tarde
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A CAMINHO DE PALERMO (III):
Não acho bem fazermos a festa em Palermo.Para já, eles falam uma língua bizarra e não poderemos fazer aquelas perguntas simples: Quanto vale? Where és los taxis? One birra per favor? Depois parece que as ovelhas do sr. Madureira ( o que foi capa no jornal do sr. Fernandes , o tal que se queixava da deliquiscência da sociedade), bem engrominhadas pelo genial Pinto da Costa ( genial, Presidente, genial...) que conseguiu distraí-los de uma época miserável, adquiriram 3.500 bolas de golfe: a microcefalia, literal, coreografada.
posted by FNV on 12:04 da tarde
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DESEJO DE INVERNO (VIII):
Nos bons tempos, quando Firenza era moderata e pudibonda, marito e moglie mangiavano nello stesso piatto, bevendo nella stessa coppa, conta Gerbore . Parece-me bem esta partilha, sem televisão, sem telefone, sem pressa do mundo. Deve ser impossível encontrar hoje um casal que coma do mesmo prato e beba do mesmo copo. Mais facilmente encontramos um homem ou uma mulher que partilham o lanche com o seu lulu.
posted by FNV on 11:31 da manhã
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A CAMINHO DE PALERMO (II):
Insolvência. Portugal em risco de insolvência. Procurei no meu arquivo um número antigo de O Independente que contava como Pinto da Costa, em tribunal ( passa lá a vida), se declarou insolvente. Depois lembrei-me de solventes. Coisas que se põem no balneário do adversário. Bem , lá vamos nós a camimho. Parar na Malaposta e comer um franguinho no Pompeu dos Frangos. Frangos bons e certos, não vá o Olegário tirar outra vez a bola de dentro da baliza. Mas não, o moço não necessita de aconselhamento matrimonial e não sabe ( mesmo) o caminho para a casa do ex-insolvente que tem o original hábito de ser surpreendido em sua casa por pessoas a quem indicou o caminho para a dita.
posted by FNV on 2:04 da manhã
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NOTÍCIAS DO BLOQUEIO:
CALMA. O POVO É SERENO: Há várias razões para o facto deste blogue ter estado em baixo mas nenhuma é atribuível (directamente) ao FNV. Uma mensagem do Blogger sobre FTPs e outras siglas misteriosas espalhou o pânico pelos marujos que padecem de uma quase total iliteracia informática. Uma vez que o técnico informático (moi) está a milhares de quilómetros de distãncia, a comunicação deste problema levou algum tempo. O técnico informático também não percebe muito disto (é um auto-didata) e conseguiu deitar o blogue abaixo por 36 horas, julgando estar a fazer um upgrade ou a mudar o endereço (pensei, erradamente, que era obrigatório). O blogue continua no mesmo endereço e logo se vê o que aí vem - as comunicações do Blogger são emitidas numa linguagem cheia de termos informáticos que são mais ou menos como mandarim para todos nós - uma língua exótica, falada por cada vez mais gente e destinada a mandar num mundo do qual, por ignorância, estaremos irremediavelmente excluídos. No entanto, e salvo algum erro cometido nesta operação (cenário que não é de afastar), as coisas continuam na mesma. Podem continuar a deliciar-se com as postas do FNV e VLX. Mes excuses.
Do debate MFLxSócrates para as legislativas? Recordam-se das opiniões de um e de outro sobre o endividamento e sobre as medidas a ( não) tomar? E recordam-se como a "miserabilista e falha de visão" MFL foi ( e ainda é) tratada pelo Carlos Abreu Amorim que agora faz este pas de bourrée?
posted by FNV on 1:29 da tarde
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RATZINGER SEM ILUSÕES (III):
Concede *, sem esforço, razão a Habermas: existem patologias na religião ( sic) o que implica olhar a divina luz da razão como uma espécie de autoridade de controlo. Mas Ratzinger também reconhece patologias da razão, coisa da qual as pessoas parecem estar distraídas. O homem como produto é um exemplo. Penso, por exemplo, na produção de humanos: duas pessoas que vão a um resort turístico cruzado com clínica e encomendam um bebé a partir de um dador anónimo. Ratzinger envolve esferas religiosas diversas ( Islão, budismo, etc) na tentativa de procurar um contraponto ao carácter - por vezes - destrutivo da razão. Como mero interessado no debate, o peso actual das categorias religiosas, e, na Europa, da Igreja, interessa-me. Os que, por imbecilidade, sabem ver no Islão aspectos cordatos e atraentes, mas na Igreja só bispam açoites e cruzes assustadoras, conferem solidez ao meu propósito: equilíbrio.
*"What Keeps the World Toghether- The Prepolitical Foundations of a Free State", Catholic Academy of Bavaria 2004, Ignatius Press, California 2006)
posted by FNV on 11:48 da manhã
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RECORDAM-SE (II)?
E antes, durante a campanha eleitoral, MFL era ridicularizada pelos traidores. Estávamos óptimos. MFL era uma provinciana profeta da desgraça, Medina Carreira um louco de internar , Campos e Cunha um ressabiado e por aí fora. Não importa se seremos salvos pelos alemães, a verdade é que ficaremos muitos anos numa situação delicada. O último ano do governo anterior foi o ano do encobrimento. Com o único fito de vencer eleições. Escrito há quatro meses num blogue continuamente citado pelos blogues pró-governo:
Eu teria optado por israelitas e por helicópteros. Estes, por exemplo. Iríamos mais bem servidos com uma secção especial da antiga Metsada, bem treinados por katsas implacáveis. Na retaguarda, jovens da Gadna prontos a fazer reinar a ordem. Estes territórios bárbaros têm costumes estranhos,. Contaram-me que certo dia o chefe deles fez um comício - debaixo da varanda de outro soba local da altura - por causa de uma penhora de uma sanita ( ou de um bidé) de um árbitro. Seja como for, se houver necessidade sacrificamos o tractor a pedal.
posted by FNV on 9:36 da tarde
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RATZINGER SEM ILUSÕES (II):
Numa conferência proferida em 2002 ( em Trent), sob o título Politische Visions und Praxis der Politik ( ed. italians e inglesas em 2004 e 2006), Ratzinger dá-nos a perceber uma das raízes do ódio que gera: os argumentos não são novos, mas são superiormente apresentados. Pensa melhor do que Himmelfarb ( a deusa de João Carlos Espada, por exemplo) e gasta metade das palavras do rabino Sacks ( um semi-deus dos ultra-conservadores britânicos e não só) . A pagina tantas, Ratzinger discorre sobre a ideia de progresso ( isto depois de ter oposto, numa dialéctica um bocado torcida, o Cristo salvator ao Cristo conservator). O problema é a ambivalência. A pergunta é sobre os mecanismos de controlo do progresso. Têm de ser morais, naturalmente, mas quais os critérios? Ratzinger recorda que o homem, enquanto homem, permanece o mesmo tanto numa sociedade primitiva como numa sociedade tecnológica. O Freud dos textos sombrios ( de O Mal estar na cultura , por exemplo) pensava o mesmo. Para Ratzinger, a humanidade começa de novo com todo o indivíduo, o que torna impossível a existência de qualquer nova, ideal e definitiva sociedade. Tal como Freud, Ratzinger defende que uma nova e perfeita sociedade pressupõe o fim da liberdade ( Freud, com ironia, dizia que seria necessária uma inimaginável dose de coerção para obrigar os homens a viver no amável e igualitário mundo socialista). A tese de Ratzinger é simples: uma sociedade ideal significa o fim da liberdade. Como o homem é livre por natureza, e recomeça em todas as gerações, temos de redefinir sistematicamente a forma social correcta. A essência da política será, portanto, o presente e não qualquer delírio futurista ou utópico.
posted by VLX on 5:02 da tarde
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DO CARÁCTER ( JORNALÍSTICO):
Vi uma longa peça na SIC-N, ontem à noite, e não vi, nem ouvi, esta analogia, o que significa que MFL invocou muitos mais do que "a experiência com crianças". Mas dá jeito ao fenomenal DN retratar MFL como vovózinha.
posted by FNV on 2:12 da tarde
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DESEJO DE INVERNO (VII):
La parfaite valeur est de faire sans témoins ce qu'on serait capable de faire devant tout le monde, diz-me o príncipe de Marcillac. Pensei nos homens que só choram sozinhos e nos que só põem a mão à frente de um bocejo se estiverem na sala com amigos. E depois pensei nos garotos que se beijam em público, para irritação das matronas que já nem em privado sabem o que é uma língua esfomeada.
posted by FNV on 12:33 da manhã
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DO CARÁCTER POLÍTICO:
"A agressividade da oposição tem impedido qualquer plataforma de entendimento "/ "Conseguimos que o orçamento passasse sem nenhuma cedência". ( José Sócrates, 26 de Abril de 2010)
O PSD actual ( o pós-menezista) ficou calado. É a política de appesament, pois a agressividade ( boçal) está reservada para os inimigos internos. Como se conta aqui.
Tal como alguns não festejam o Natal e optam pelo solstício de inverno, outros há que trocam o 25/04 pelo dia das liberdades. Em Espanha, atiram-se pedras e suspeitas aos juízes do Tribunal Supremo por causa do affair Garzon. Ora é assim mesmo: sem temor reverencial. Pena é que muitos dos que aparecem hoje a protestar contra as vítimas do franquismo, tenham estado dezenas de anos calados sobre outras vítimas de outros regimes. Almodovar, por exemplo, compagnon de route de Fidel até 2003. Nada de novo sob o sol.
posted by FNV on 3:20 da tarde
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DESEJO DE INVERNO (VI):
Benjamin ( 1948) homenageia os sessenta anos de Karl Wolfskhel. Recordações de mansardas de poetas e essas coisas todas. A certa altura , Benjamin ( tradução de João Barrento, 2004) define o que é uma conversa autêntica: uma série de arrebatamentos na qual, como num sonho, paramos subitamente sem fazer ideia de como chegámos a esse lugar. Peguemos no sonho autêntico. Pode ser uma sucessão de lugares, esconsos ( escondidos) como a mansarda de Wolfskhel, e não sabemos porque motivo os percorremos. Também acabam subitamente. Os piores são os que acabam com alívio. Como as más conversas.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.