José Quitério, com quem muito aprendi nos bons velhos tempos, despediu o resto de exigência que trazia no bolso. Hoje, na revista do Expresso, recomenda um restaurante, de Coimbra, que lhe serviu delícias do mar num arroz do mar .
O dr. Catroga repetiu o que o PSD tem dito: tem sido um fartar vilanagem dos governos do PS nestes últimos anos. Tenho ali debaixo de uma manta muitos links. Espero não ter de fazer um post sobre a excelente manutenção de Teixeira dos Santos nas Finanças, sobre o TGV de produção nacional, sobre a correcção das medidas que o governo tem tomado para lidar com a crise, etc. Dar-me -ia muito trabalho.
Também espero que o PSD comunicado se deixe de birras contra o árbitro, campos inclinados e amnésias parciais e faça o que tem de fazer. E o que tem de fazer é não ter medo de perder votos de cada vez que acredita numa ideia. E já se perdeu muito tempo.
Não, não são pais. Um será pai. Há uma mãe, parece que se diz "dadora de óvulo" e, pelos vistos, uma barriga de aluguer, que também fornece o leite ( as novas mulheres-vacas). Tudo em nome do amor, claro.
Do que o estilo do personagem, é a importância que lhe dão. Durante uns anos, houve na RTP-N ( serviço público...) um debate em que este senhor marcava presença. Em qualquer esplanada se arranjava melhor.
É bom recordar o que os políticos diziam do debate político nos blogues: uma lura de alienados, uma caldeirada de insultos, etc.
De há umas semanas para cá, deixaram ( vários blogues , assessores, jornalistas-assessores e politólogos) de falar diariamente na escalada dos juros da dívida pública . Se a queda do governo nada tem a ver com o facto, não se compreende por que motivo o silêncio substituiu a corneta.
Bem, a culpa é das poucas qualidades que não carece de demonstração.
Foi a FCT que me subsidiou " A cidade do ópio- ideias, história e intoxicação", mas foram as páginas de Vitorino Magalhães Godinho ( e de Luís Filipe Thomaz) que me ajudaram no corpo central do ensaio ( o tráfico português do ópio nos séculos XVI e XVII)
Suponho que, para além do óbvio - desgaste do PS e esperança no PSD - , os politólogos não tenham, neste momento, muitas referências. A grande massa de votantes não fidelizada está numa situação diferente de todas as anteriores. Já não se trata de saber quem dá mais, mas quem tira menos. E isto num contexto em que mais e menos já não são conceitos abstractos: agoram contam-se em euros.
Como se vão comportar esses eleitores assustados? A teoria clássica lança duas âncoras:
1) Preferência pelo que conhece, nessse caso o inconsciente colectivo agrupando-se em torno de uma entidade protectora;
2) Busca de uma solução salvífica, cumprindo a adesão ao pressuposto messiânico ( no nosso caso, sebastiânico).
A incerteza resulta do facto de nenhuma destas possibilidades aparecer como evidente. A estabilidade protectora ( o PS) é associada ( em parte, porque os eleitores sabem que espanhóis, gregos e irlandeses não foram conduzidos por Sócrates) à angústia da situação actual. A solução salvífica é impossível e o PSD recusa um discurso claro e corajoso ( escreve "cartas" de manhã e desdiz à noite o que balbuciou à tarde), porque qualquer proposta custa votos em qualquer lado.
No entretanto, os valentes da ruptura crucifixam qualquer bloco central, consenso ou governo de concentração. Cá estaremos para ver quanto dura o verbo.
posted by FNV on 11:56 da manhã
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Troquei o bem por tudo o que não presta.
Tenho uma filha com onze anos e meio. Também não compreendo o conceito de consentimento numa criança. Continuando com os paradoxos conhecidos: e se for um menino de dez anos? Também conta o consentimento? E com uma miúda de nove, espigadita e de shorts ? Também vale?
Não me pronuncio sobre o processo , apenas sobre o facto: o consentimento de uma criança de doze anos. E não me venham com o argumento escatológico das princesas que casavam aos doze, porque nesses tempos também as mulheres eram banidas da vida pública, havia escravatura, fogueiras, etc.
posted by FNV on 12:07 da tarde
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INCOMPATIBILIDADES:
Não posso citar nomes.
Um escritório de um velho leão do PS. Batem à porta. Dois jovens do partido trazem a papelada necessária para formalizar a participação do histórico socialista nas listas de deputados do seu distrito , em lugar não elegível. Uma deferência do velho leão para com o seu partido de sempre.
O histórico do PS pede para ler a papelada. Não assino nada sem ler primeiro. Os dois jovens aguardam distraídos. A certa altura, uma frase arranca-os da letargia:
- Há aqui um problema.
Os jovens em coro:
-Não nos diga! A sério? O que é que se passa?
O velho leão recosta-se na cadeira, pousa os óculos e olha-os com maldade:
-Tenho um problema com as incompatibilidades.
Os prebostes não compreendem. Então não é apenas uma formalidade, uma nomeação para deputado num lugar seguramente não elegível?
O histórico socialista explica-lhes:
-É que, sabem, sou incompatível com os nomes desta lista. Não há aqui nenhum socialista.
posted by FNV on 10:54 da manhã
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UMA VIDA PERPLEXA ( I , II e III):
A cultura pimba chegou a blogues de primeira linha. Gozo com a mulher de um , textos ( vamos ser amáveis) sobre as férias de outro. Passistas, socratistas, wannabes, assessores oficiosos e jornalistas envergonhados exercitam-se com ferocidade.
posted by FNV on 9:37 da tarde
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UMA DEMOCRACIA INIMIGA DA LIBERDADE ( VI):
Se os partidos são o pulmão do sistema democrático, uma doença partidária significa a pleurisia democrática. Parece inconstestável a premissa inicial, logo, resta discutir a inferência. Talvez não.
Tenho alinhavado textos sobre uma democracia inimiga da liberdade e deixei os partidos para o fim. Nem os sistemas totalitários dispensaram os partidos (comunistas, fascistas e nazis) Únicos ou não, os partidos as partes, são as estruturas que gerem o espaço entre as aspirações populares e as realidades - cultural, económica e diplomática. Se recorrermos a um princípio montesquiano, são eles que redigem o contrato de delegação de poder. Quando se diz que não há vida política sem os partidos, não é porque eles sejam óptimos, antes porque sem eles não há esperança da liberdade política entendida como a vontade popular soberana ( fechando Montesquieu).
O mundo mudou um bocadinho. Uma das capacidades originais dos partidos era concentrar a representação do contrato. Hoje esse papel é , com frequência, ultrapassado pela sistema media-redes sociais. Os partidos começam a receber propostas - umas vezes ridículas, outras consistentes-, através de canais periféricos. Não tenho ilusões: muitas vezes o sistema é retroalimentado pelos próprios partidos. Acontece que nem sempre as coisas se passarão assim.
As transformações dentro do partidos também são boas de analisar. Aproveitemos a visão clássico- marxista de Bourdieu:
a) A luta de classes dentro do partido - entre os que reclamam o regresso à pureza original e os que pretendem o reforço do poder , alargando a clientela e desprezando a base identitária.
b) A aquisição do capital delegado - a instituição investe nos que investiram na instituição ( colaram muitos cartazes , percorreram o calvário todo, etc )
c) A institucionalizaçao do capital político: o famoso aparelho nada mais sendo do que a demonstração de que a oferta de postos estáveis de permanência alimenta e reforça as esperanças da base de recrutamento.
Os snipers dos blogues, os media e as mobilizações infinitas ( roubando o termo a Sloterdijk) das redes sociais estão a afectar a visão clássica de Bourdieu? Não parece e esse é o problema. Se até o sistema media-redes fica à porta da gestão do capital político feita pelos partidos, podemos compreender a inexpugnabilidade da fortaleza.
Imaginem um dominó. Enquanto houver uma peça, o dominó está sobre a mesa.
Depois podem perguntar: se é assim tão fácil de compreender, por que motivo algumas não aguentam? Cegos. A maioria aguenta. Não se trata de dinheiro, depressão ou desgosto de amor. É puro laço humano.
Enquanto houver uma filha ou um filho, uma mãe, um pai, esta gente aguenta. Medeia sabia.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.