1) Só agora completei o estudo do relatório preliminar de 2010  do UNODC sobre a situação do ópio afegão. Quem acompanha estas séries talvez recorde as críticas que  fiz ao ex-director do gabinete. Antonio Maria Costa, um ano antes de sair, 
disse uma verdade óbvia: o dinheiro do  narcotráfico está a ser utilizado para financiar bancos nesta época de crise mais ou menos  global. Costa foi sempre irrealista nas previsões acerca da erradicação da cultura do ópio, mas agora acertou (
por acaso foi substituído, Yuri Fedotov é o novo patrão ). Quando é que as pessoas se convencem de que o dinheiro gerado no negócio não fica em caves de  indivíduos mal afamados?
Sempre que leio estes relatórios  impregnados de voluntarismo  norte-americano não consigo deixar de recordar uma das coisa que mais dificilmente  entrava nas cabeças dos meu alunos ( quando dava aulas): os EUA são os responsáveis pelo actual estado de coisas.Começaram 
nas Filipinas  e só pararam ( para ganhar balanco)  nas conferências  de  
Nova Iorque/ Single Convention Geneva, 1962. Isto leva-me  a outra memória: os alunos não aceitavam que a inovação, nesta matéria, é a proibição. E em Portugal os media preferem dar espaço a ignorantes e/ou cavaleiros andantes. Paciência.
2) O relatório. Um facto interessante. Naquela selvajaria, de 2009 para 2010, os mesmos  123.000 ha plantados. A produção, no entanto, baixou de 6,900toneladas para 3,600. Como? Uma doença. Da planta, da papoila. Teremos de aguardar  pelo relatório final para saber o que aconteceu excatamente ( há informações imprecisas, especulações, etc).
Um facto preocupante para ser analisado mais tarde: o preço subiu brutalmente. 
Farm -gate  prices: 64U$/kg para 169U$/kg de pasta  de ópio ( o que se consegue depois de precipitar num bidão  as impurezas e matérias lenhosas e é depois seco e parece 
mousse de chocolate). Uma previsão que se pode fazer é esta: o grau de impureza nas ruas vai aumentar e o negócio da cocaína  vai melhorar muito.