ENGANEI-ME: Não pelo que escrevi, mas pelo que, em pensamento, supus que fossem as intenções de Durão Barroso quando o escrevi.
Não se deve subestimar a importância do cargo e a honra que ele representa para o designado. Mas também não se deve confundir o procedimento de escolha do Presidente da Comissão Europeia com os processos de canonização.
Noutro plano, sem querer alinhar já com os profetas da desgraça, parece-me claro que a aceitação do cargo por Durão, se tiver como consequência a indigitação de Santana Lopes para PM, sem realização de eleições, deixará vários arguidos para o tribunal da História: o próprio Durão e Jorge Sampaio, como coautores. E, cúmplices, os partidos da oposição que não se opuserem, por miserendos cálculos de conveniência eleitoral.
A PRESIDÊNCIA DA CE E O PS: Causa revolta e nojo a forma tíbia e mesquinha de como o PS faz política, sem o mínimo sentido de Estado. Sobre a candidatura de Durão Barroso à presidência da CE, o secretário nacional do PS, Pedro Adão e Silva, terá dito ao INDY que isso não deixaria de ser uma fuga do PM.
O PS devia ter vergonha e pejo: foi das suas hostes que houve um PM que fugiu envergonhado num momento de crise criado pelo próprio PS. Em segundo lugar, a concretizar-se o que se fala, não se trata de uma fuga nem é sequer comparável a Guterres: Guterres escapuliu-se quando o mundo criado por ele se desmoronava sobre ele (e sobre o resto do país). Barroso é chamado pelo conjunto das nações europeias para assumir um cargo de importância crucial, que honra a nação; e Durão Barroso deixa ainda ao país (ao contrário do que fez Guterres) as finanças públicas equilibradas ou a equilibrarem-se e a economia a recuperar - as diferenças são evidentes. Por fim, percebem-se mal as críticas, vindas do PS, partido que queria impor a Durão Barroso um dos seus elementos só porque imaginava que ele teria ténues hipóteses de vir a ser Presidente da CE (quando nem a restante família socialista europeia o queria). Haja decência e decoro no PS!
posted by VLX on 8:09 da tarde
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A PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO EUROPEIA: A ser verdadeira a notícia do apoio unânime dos países da UE a que a Presidência da Comissão seja entregue a Durão Barroso, trata-se de um acontecimento excepcional. Trata-se de um cargo importantíssimo que constitui uma enorme honra para a pessoa e para o país. Nem a nação pode pedir à pessoa que abdique de tal cargo, nem a pessoa tem a liberdade de poder privar o país dessa mesma honra e importância.
ULTIMATO INGLÊS: Estamos a pouco tempo de poder regularizar umas pequenas e velhas contas que temos com o nosso mais antigo aliado. Aproxima-se tempo de sofrimento (pobres unhas, o que as espera!...), na expectativa de que tudo finde em alegria esfuziante, Albufeira fique mais sossegada e o país feliz. Com uma certeza: desta vez, nós podemos estar certos e convictos de que qualquer exibição menos boa dos nossos jogadores não se deve a eles próprios, a qualquer um deles, mas apenas a quem não teve a visão de formar e treinar mais cedo a equipa que todos nós sabíamos ser a ideal. Mas este assunto já nem interessa: que jogue maravilhosamente e que ganhe Portugal!
posted by VLX on 6:37 da tarde
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O SEU A SEU DONO: No exame de História, um texto de Ramalho Eanes de 1977 foi apresentado aos alunos como sendo de Costa Gomes. Uma qualquer responsável (não fixei cargo nem nome) veio à televisão dizer que errar é humano. A afirmação, aplicada ao caso, é imbecil, porque para os alunos, errar é reprovar, não passar ou não entrar na universidade.
Segundo o jornal Público, os exames são feitos por uma equipa de autores, chefiada por um coordenador, vão a consultores, voltam aos autores, são revistas por uma equipa de auditores e faz-se uma revisão final: passam por uma dezena de pessoas. Uma gralha, admite-se hipoteticamente que passe por uma dezena de pessoas; um erro destes num exame de história não se admite. O que anda aquela dezena de pessoas a fazer por ali? Numa empresa privada, esta malta seria logo posta no olho da rua (provavelmente para depois ser reintegrada ou indemnizada pelo tribunal de trabalho da área mas enfim...). Na administração pública, imagino que a população se queixe do ministro respectivo, o qual não tem culpa nenhuma de ter incompetentes a trabalhar no ministério.
posted by VLX on 6:35 da tarde
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PS, ps2: A insistência de Ferro Rodrigues em António Vitorino para comissário é tão indefensável que até ao próprio deve causar alguns calafrios e vergonha. E então quando Ferro Rodrigues insiste na presidência da Comissão, Vitorino deve tremer de vergonha perante os seus actuais pares e enfiar-se no primeiro buraco que encontrar. Porque faz então isto Ferro Rodrigues? Imagino que seja uma tentativa desesperada de manter Vitorino ocupado. É que se ele tem de regressar ao país sem nada que fazer, ainda lhe pode passar pela cabeça candidatar-se a secretário-geral do PS. E candidatos ao cargo Ferro Rodrigues já tem que chegue...
posted by VLX on 6:21 da tarde
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PS, ps (post scriptum, bem entendido): Enquanto isto, Ferro Rodrigues assobia para o lado e insiste na manutenção de António Vitorino para comissário europeu e para presidente da Comissão. A família socialista tem uma ideia muito curiosa sobre a democracia: imagina que mesmo perdendo as eleições europeias pode escolher as pessoas a designar para os cargos (já tínhamos visto política semelhante quando injustificadamente quiseram perpetuar no cargo a pessoa que dirigia a Cruz Vermelha...). As razões socialistas para as exigências relativas a Vitorino prendem-se com uma ténue, muito longínqua e aliás já completamente afastada hipótese de ele vir a ser designado presidente da Comissão. Mas como sabem que isso nunca acontecerá, exigem-no também porque acham que Vitorino é competente. A competência de António Vitorino (tema que me lembra sempre um certo personagem do Eça...) podia até ser uma realidade. O que acontece é que nos partidos da coligação existem inúmeras pessoas igual ou superiormente competentes.
posted by VLX on 6:19 da tarde
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JOÃO SOARES E A ÉTICA POLÍTICA: Um dos maiores críticos de Ferro Rodrigues é João Soares mas o seu discurso é frouxo e não engana um cego. Na entrevista dada ao Público/Rádio Renascença, João Soares vai dizendo que é pela ética política, que a sua candidatura se afirma pela positiva, que não quer criticar ninguém e que prefere falar das suas propostas. Estas resumem-se a dizer que o PS precisa de se "impor como uma referência que é na sociedade portuguesa em torno de propostas que tenham que ver com questões fundamentais da vida política e cívica"(deve ter roubado redonda a frase a Jorge Sampaio...) e que é pela "ética política". Não diz mais nada.
No resto da entrevista passa o tempo a dizer que Ferro Rodrigues não tem projecto para o PS nem ideias para o país, refere-se ao que se passou de "vergonhoso na lota de Matosinhos", critica os "aparatchiks" e o "lobbying", desanca Pina Moura, recorda (acaso as pessoas se tivessem esquecido...) a colagem excessiva do PS ao caso da pedofilia na Casa Pia e, tal como o paizinho já tinha feito logo após as eleições, atira a explicação dos resultados eleitorais para o Prof. Sousa Franco. Sim, senhor. Para propostas políticas e ética política do Dr. João Soares, estamos conversados.
posted by VLX on 6:16 da tarde
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PS: O Partido Socialista é com efeito o mais divertido partido do panorama político nacional. Nem quando as coisas lhe correm bem eles as deixam andar normalmente. Logo na noite das eleições Ferro Rodrigues fazia um discurso que demonstrava claramente ser um líder acossado e contestado. E por muitos: Sócrates, Lamego, Soares em voz alta, e um grande número de líderes em silêncio e com o seu silêncio. Se nem os seus pares o aceitam e querem, como se pretenderá que a população portuguesa queira e aceite Ferro Rodrigues?
posted by VLX on 6:14 da tarde
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DE VOLTA À NET! Finalmente voltei a ter ligação à net, após 16 longos e penosos dias. Quando o distanciamento temporal me fizer esquecer os incómodos, as visitas constantes do piquete, os horários do piquete, os jantares interrompidos, os dias gastos em espera, os telefonemas inconsequentes, as experiências realizadas pelos auto-denominados técnicos... quando tudo isso me parecer longínquo e me fizer até esboçar um leve sorriso, eu prometo contar aqui tudo com detalhe e sem esquecer nenhum dos pitorescos episódios.
posted by VLX on 6:13 da tarde
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JOGAR FORA: Portugal passou aos quartos de final e joga hoje com a Inglaterra, a eliminar. Como país organizador, cumprimos o pesado caderno de encargos da UEFA, que incluíu a construção/reconstrução de dez estádios de futebol. A organização e o desenrolar da competição têm sido excelentes, a todos os níveis. No entanto e segundo parece, hoje estarão mais ingleses do que portugueses no estádio, já que a federação portuguesa não conseguiu arranjar os bilhetes a que deveria ter direito. Como é normal neste país, ninguém é responsável por coisa nenhuma e a culpa será da misteriosa organização que é a UEFA.
Com situações destas e com dirigentes deste calibre não admira que o orgulho nacional esteja de rastos. Valha-nos a bola!
BALANÇO: A República Checa é a melhor equipe do Euro 2004. O balanço deve-se fazer agora, já que daqui para a frente em jogos de eliminação, tudo pode acontecer (ninguém está livre de ser eliminado com uma má decisão de um árbitro ou um golpe de sorte dos adversários).
Na fase inicial, começou 3 vezes a perder e por 3 vezes virou o resultado. Ganhou à Holanda, no mais espectacular jogo de futebol a que assisti nos últimos anos - um autêntico recital de ambos os lados.
Esta equipe nos últimos 26 jogos que disputou apenas perdeu 2 (um dos quais um particular).
É, na minha opinião, o principal candidato à vitória final.
posted by NMP on 10:15 da tarde
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A LER: O indispensável e selectivo Almocreve das Petas faz uma ligação e cita parte de uma notável entrevista de George Steiner. Aí se menciona essa espécie de torpor e cansaço que a Europa denota quando comparada com a América. É um tema que, a espaços, aqui já aflorámos e sobre o qual concordamos com as palavras de Steiner, particularmente acertadas a nível universitário, de investigação científico e até cultural (...el porvenir de las ciencias e del pensamiento esta en estos momentos en los Estados Unidos...).
Mas talvez por estar deste lado do Atlântico a parte da entrevista que mais me tocou foi esta:
No puedo imaginarme ni una hora de mi vida sin la riqueza de Europa, sin sus cafés, por ejemplo. Esos cafés que uno encuentra desde la costa atlántica -pienso en el de Pessoa en Lisboa, tan hermoso- hasta San Petersburgo, Odessa y Kiev. Moscú, en cambio, nunca tuvo cafés, pero Moscú es ya el principio de Asia, la inmensa Asia. Los cafés de este tipo tampoco existen en Estados Unidos ni en Inglaterra. Mantener ese diálogo de felicidad y de angustia, de ironía y trabajo, es algo para mí fundamental que, de forma milagrosa, ha sobrevivido a dos guerras mundiales y al Holocausto. Sin duda, habría que elaborar una metafísica del café...
Volviendo a la pregunta inicial, me recuerda la frase de Saint-Just: "La felicidad es una idea nueva en Europa", frase pronunciada poco antes de morir en el cadalso. Hoy tengo un poco la impresión de vivir un epílogo semejante a los de Atenas y Jerusalén. Yo he escogido -con pasión- quedarme en Europa, pero la cuestión de irse es muy real para quienes tienen la oportunidad de hacerlo. ¿Qué porvenir tienen en Europa donde, en algunas de sus regiones, las divisiones son cada vez más duras y feroces?
É curioso como muitas vezes apenas nos queixamos do que não temos. Será a nostalgia, ou a portuguesa saudade, um indispensável cimento da nossa identidade ? Será necessário sair para descobrir e medirmos o quanto valemos e temos conquistado ? (sem glorificações tontas, nem pessimismo deslocados).
Partilho aqui um pormenor insignificante da minha vida quotidiana: muitas vezes circulo na América com um guarda-chuva com a bandeira da União Europeia, o que me faz sentir aqui pateticamente orgulhoso. Acho que se o fizesse em Lisboa, Paris ou Berlim me sentiria ridículo (isto como é óbvio pode ser só problema meu, a resolver na próxima ida ao psi, mas algo me diz que é uma atitude que seria adoptada por muito boa gente que conheço).
Estas questões aparentemente triviais abrem a porta a debates interessantes: é o anti-americanismo europeu (surge hoje de forma mais ou menos disseminada por toda a Europa) a primeira manifestação de um nacionalismo pan-europeu, como sustenta Timothy Garton Ash ? Como sabemos, todos os nacionalismos nascem da oposição ao outro (ao estrangeiro, ao judeu, à América). Deve a Europa construir-se contra a ideia de América ? Melhor ainda, pode a Europa construir-se contra a América ?
Espero e penso que a resposta a todas estas perguntas é não, mas este debate frontal e aberto terá de se fazer.
posted by NMP on 4:34 da manhã
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HUMANISMO PENAL EUROPEU II: Ao nosso Comandante, sempre tão proficiente e lúcido quando comenta matérias económicas, foge-lhe de vez em quando o pé para a chinela simplista quando se inebria com os defeitos da Europa.
Desta vez, no meio de um maremoto de posts (não há fome que não dê em fartura), calhou ser a propósito da pena de prisão perpétua aplicada a Dutroux pelos tribunais belgas. Só duas notas, de amoníaco, para fazer abrandar, quiçá murchar, o dedo em riste do nosso dux.
Em primeiro lugar, grande parte dos países da União Europeia permitem, de facto, a aplicação de penas de prisão perpétua efectivas. Todavia, importa lembrar que muitos desses países tinham, até há algumas décadas, a pena de morte, que foram progressivamente abandonando, até chegarem ao ponto de estabelecer uma proibição geral da mesma como condição de pertença à União.
Em segundo lugar, a violência penal de um país não se mede só pelo tipo de penas que aplica, mas também pelas suas taxas de encarceramento. Assim, para dar um exemplo, Portugal não tem prisão perpétua desde 1884 - e tinha em 2001, a par de Inglaterra e Gales, a mais elevada taxa de encarceramento da União (128 presos por 100.000 habitantes).
Ora, neste particular, a taxa média de encarceramento da UE era, em 2001, de 88 presos por 100.000 habitantes; a da Rússia era de 465 e a dos EUA de 702 (setecentos e dois) presos por 100.000 habitantes. O que significa que, se o sistema penitenciário americano fosse uma cidade, seria talvez a quarta ou quinta maior metrópole do país. O que significa, também, que é um excelente mercado, cheio de oportunidades de negócio.
Mas enfim, merceologia à parte, não fique o nosso Comandante com a ideia de que, em matéria de "violência penal", a Europa (e, já agora, a Rússia) não têm lições a dar aos EUA.
posted by PC on 4:31 da manhã
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AGRADECIMENTO: Uma consulta ao Barnabé permitiu-nos saber que o Mar Salgado foi premiado pelo Causa Nossa, na festa do Solstício de Verão (ver post anterior), como o melhor blogue de direita.
Cabe aqui nesta altura agradecer às nossas famílas, às consortes, ao cão e gato, mencionar a honra em ser nomeado ao lado de tão brilhantes bloggers e deixar cair uma lágrima furtiva pela distinção.
Dirão os espíritos mais atentos (ou mais cínicos) que isto de ser premiado como o melhor blogue de direita por um blogue de esquerda é para desconfiar. Traz água no bico (se calhar estamos a fazer qualquer coisa mal).
Mas enfim, em tempo de festa, resta deixar aqui um sentido obrigado aos generosos companheiros de navegação bloguística do Causa Nossa.
P.S. - Neptuno: ai vais fazer companhia aos tubarões, vais...
posted by NMP on 4:16 da manhã
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UMA SAUDAÇÃO QUENTE e veraneante para o Causa Nossa, que em 6 meses se tornou num farol de inteligência e combatividade no nevoeiro da blogosfera lusa. O Causa Nossa foi particularmente simpático com esta nau, honrando-nos com uma nomeação para os seus prémios.
O tripulante destacado (Neptuno), devido certamente a ponderosas razões, talvez não tenha sido capaz de representar esta barca na bem merecida festa do Causa Nossa. Vai ter de andar na prancha.
posted by NMP on 4:08 da manhã
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CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM: A Al-Qaeda resolveu cortar mais uma cabeça. Desta vez a um sul-coreano. Co direito a filme e tudo. Circulei um pouco pelos locais onde o clamor de indignação com as torturas de Abu Ghraib se fez ouvir (e bem) com estrondo. Nem uma palavrinha.
Os sul-coreanos, bem se vê, estavam a pedi-las - amiguinhos dos americanos (ainda se fosse do Norte). Ainda por cima (quase que me esquecia) eliminaram-nos do último Mundial. Esta gente põe-se a jeito...
posted by NMP on 3:59 da manhã
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HUMANISMO PENAL EUROPEU: Por falar em indignação selectiva, não é que o senhor Dutroux, um autêntico monstro é certo, foi condenado a prisão perpétua na Bélgica. No coração da Europa humanista. Da Europa que passa a vida a dar lições ao resto do Mundo, especialmente à América, sobre a sua violência penal.
Apetece dizer, abusando da frase de Bertrand Russell sobre a humanidade, que a Europa tem uma moral dupla: uma que prega, mas não pratica, outra que pratica, mas não prega.
P.S. - Para que conste, sou totalmente contra a pena de morte em qualquer situação. Penso ser uma consequência lógica e natural desta posição ter de ser contra a prisão perpétua. Não que me comova com o destino de um facínora, mas questões de princípio não são para apregoar ao sabor dos ventos (ou das ideologias e simpatias políticas).
posted by NMP on 3:33 da manhã
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MAIS UM LACAIO: Durante meses uma discussão ocupou ablogosfera sobre o ressurgimento do anti-semitismo em todo o Mundo particularmente na Europa. Quando levantámos esta questão ou mencionámos este fantasma fomos muitas vezes apelidados de lacaios de Sharon e dos radicais judeus. De apenas pretender com estas denúncias branquear a repressão dos palestinianos (como se estas duas discussões tivessem uma coisa a ver coma outra).
Pois agora a vasta conspiração mundial judia e pró-Sharon encontrou mais um aliado. Nada mais, nada menos que o Secretário-Geral da ONU, como se lê nesta notícia.
Aguardamos as reacções chocadas dos profissionais da indignação selectiva.
O PESO DAS SOMBRAS: Quando a campanha para as eleições americanas parecia estar lançada a todo o gás, dois acontecimentos fizeram o passado dominar a agenda mediática presente. A morte e exéquias de Ronald Reagan e o lançamento, amanhã, do livro de memórias do ex-Presidente Clinton, My Life.
Esta obra volumosa de 950 páginas ainda não está à venda e já tem mais de 2 milhões de encomendas. As portas das livrarias estão cheias de filas de gente que aí se perfilou de véspera, à chuva ou sob o sol tórrido, para amanhã ter a certeza de que comprará o livro. Um pouco à semelhança do que se passa a esta hora na sede da FPF para os bilhetes para o jogo Portugal-Inglaterra. Este fervor pela leitura é aparentemente estranho, num povo de incultos e consabidamente intelectualmente inferior, como nos é ensinado desde pequenino na Europa, pelas inteligências locais do costume.
O livro foi um pouco mal recebido pela crítica (que a ele já teve acesso). O insuspeito New York Times apelida o livro de "aborrecido" e "propenso a adormecer o leitor". Parece ser opinião generalizada dos críticos que já leram o livro que as melhores partes são as descrições da infância no Arkansas.
Isto no entanto não invalida o verdadeiro blitz mediático que esta publicação criou. Clinton desdobra-se em entrevistas - entre as quais uma no programa Panorama da BBC, que passa na SIC Notícias, onde se descontrolou, irritando-se depois de perguntado insistentemente se estava sinceramente arrependido do affair com Monica Lewinsky. Clinton fala compungidamente desse processo, argumentando à sua melhor maneira: o meu comportamento foi errado, mas o processo de impeachment também o foi. Provavelmente tem razão.
Mas o mais curioso é a forma como fala destes episódios, referindo-se ao acompanhamento especializado a que teve de se submeter para explicar o seu comportamento pessoal. Como precisou de aumentar o sue auto-conhecimento para evitar cair em tentações em mentir aos que mais ama e ao povo americano. A explicação psicanalítica, que Clinton não se cansa de repetir, está na sua infância infeliz, sujeito a um pai alcoólico, e na forma como ela o obrigou a compartimentalizar toda a sua vida em mundos separados mas por vezes conflituantes: a política, a família, os amigos e as amantes.
Clinton faz pontaria com mestria a dois mercados: os que gostam de biografias de políticos, cheios de questões políticas maçudas, e os viciados em obras do tipo "Como ser melhor em 30 dias".
Esta excitação mediática a propósito do lançamento do livro lembra-nos como estamos perante um comunicador talentoso e um político carismático. E aí reside provavelmente o maior problema de John Kerry.
posted by NMP on 10:54 da tarde
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CANDIDATO À HIPÓTESE: O nosso Primeiro já esclareceu que não apresentou o seu nome como candidato a Presidente da Comissão, nem passou procuração para o efeito. A verdade é que "o nome surgiu assim, naturalmente". Sim, e pelo que se ouviu ao Presidente do PPE, acompanhado de mais meia dúzia de alternativas. Naturalmente. Pior do que falarem mal de nós...
posted by PC on 10:09 da tarde
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"QU'ATTENDONS-NOUS, AINSI RASSEMBLÉS SUR LA PLACE?...": Já vieram os ingleses, os suíços e os franceses.
Dos bárbaros é que nada.
UMA VITÓRIA LUSA: Os jogadores da selecção portuguesa merecem todos os elogios e mais alguns pelo jogo de ontem com a Espanha. Esforçaram-se, trabalharam e ganharam. Foram um exemplo de entrega, espírito de sacríficio e atitude competitiva. Tiveram sorte, mas procuraram-na. Não parecia a mesma equipa do jogo com a Grécia (talvez porque, após tantas felizes alterações, não é de facto a mesma equipa).
Foi também um jogo disputado nos limites, com raça, garra e os truques típicos dos jogadores latinos - foi o jogo até agora com menos tempo útil do Euro 2004 - até aos 57 minutos os espanhóis demoravam a repôr a bola, a partir daí estranhamente os portugueses foram atacados por artero-esclerose na marcação de livres, cantos, lançamentos da linha lateral e na recuperação de faltas sofridas. Enfim, normal e perfeitamente legítimo.
Mas o pormenor mais engraçado do jogo foi revelado pelo jovem atacante espanhol Fernando Torres. Segundo declarações do jogador ao jornal "Marca", os portugueses, após o golo de Nuno Gomes, começaram a dizer aos jogadores espanhóis que os russos haviam marcado o 3º golo, que não precisavam de correr tanto porque estavam apurados.
Apesar de ter sido um suado, merecido e justo triunfo, não seria uma típica vitória lusa senão incluísse este delicioso truquezito manhoso.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.