INCÊNDIOS? QUE INCÊNDIOS? Se o Primeiro-Ministro está satisfeito pela "forma competente e empenhada" como o MAI tem dirigido o combate aos incêndios e até o homenageia, deverão os portugueses ficar descansados quanto ao assunto?
posted by VLX on 4:17 da tarde
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GAZA III: Vão ao Blog de Esquerda II e leiam, a propósito do post de José Mário Silva, os comentários que lá estão. Depois digam-me se há esperança.
posted by FNV on 12:14 da tarde
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SUB-SPARTACUS: Péssimo momento benfiquista, a leitura do comunicado de arrependimento de Miguel. Se se portou mal pedia desculpa em privado, se não fez nada de condenável não dava conferência de imprensa nenhuma. Claro que logo após a leitura do comunicado, Miguel desdisse tudo, rematando da melhor maneira a ópera bufa que ninguém encomendou. A responsabilidade é do presidente do SLB e/ou de José Veiga, como é bom de ver. Tenho o Benfica em todas as sinapses, mas não me agrada ver adoptados métodos de coacção ( embora ainda sem a componente física) aperfeiçoados noutras paragens. Mesmo nada.
PROCURA-SE: (i) Governo no meio das chamas e não se encontra; (ii) imprensa que retrate a ausência do governo e, particularmente, do primeiro ministro e também não se encontra; (iii) presidente isento, que abra a boca sobre as tragédias do país e respectiva (des)governação sem fazer fretes aos camaradas e... claro, também não consta.
posted by Neptuno on 4:45 da tarde
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GAZA II: Interessante artigo ontem publicado no Daily Times por Shlomo Avineri, professor na Universidade Hebraica de Jerusalem e ex-director-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel. Avineri estabelece uma comparação entre o conflito Israel-Palestina e o Kosovo, a Bósnia e Chipre. Em Gaza a solução parece passar mais por uma política de apaziguamento unilateral, sem acordos ou tratados necessariamente formais. Ambas as partes, diz Avineri, terão de fazer o luto pelas negociações permanentemente falhadas e passar ao terreno. Isto é tão mais interessante quanto a diplomacia clássica sempre teve como certo que a boa solução é a solução possível, ou dito de outro modo, "a verdade é aquilo sobre o qual chegamos a acordo". A prática de pequenos passos unilaterais ( às vezes não tão pequenos quanto isso...) terá a vantagem de não criar expectativas excessivas, e obrigará os actores a pensar sobre o que se passa, e não sobre o que se deveria passar.
posted by FNV on 12:19 da tarde
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NÍVEL ZERO DA POLÍTICA: Quando Mário Soares nos diz que a sua candidatura à Presidência da República se deve quase unicamente a impedir que a candidatura de Cavaco Silva seja um "passeio" ou um "plebiscito", revela-nos igualmente que a política e a democracia portuguesa desceram tão baixo que mesmo ao nível das candidaturas à chefia do Estado, a coisa se resume a meros ajustes de contas e ódios pessoais. É esta a democracia de Mário Soares.
Este ajuste de contas pessoal que MS pretende jogar com o seu inimigo de estimação - mesmo que para isso se tenha de servir do país como tabuleiro descartável - é-nos exactamente revelado pela dita justificação que MS tornou pública ("evitar o passeio"), na qual se não pode acreditar porque o mesmo MS não se coibiu de efectuar uma feliz passeata aquando da sua segunda candidatura e não me recordo dele dizer, na altura, que isso seria mau para a democracia. Por outra via, o próprio MS está convencido de que a sua actual candidatura será um passeio através do qual ele conquistará o troféu final dizendo umas larachas e banalidades aos jornalistas embasbacados, passeando-se em almoçaradas várias pelo país real durante a campanha e dando-se ares de pai de todos. De forma que o argumento por ele utilizado não pode ser levado a sério (como, de resto, quase tudo o que ele tem dito). A sua candidatura justifica-se, portanto, apenas pelo facto de MS não querer ver o outro tipo em Belém e de MS julgar que, ele sim, irá em passeio de novo para lá.
Tenho esperança de que não seja assim. Estou convencido de que os portugueses engolem muitas coisas dos políticos (e deste em particular) mas há duas que lhes repugna verdadeiramente engolir: a primeira é a atitude da pessoa que não tem problemas em rasteirar os velhos amigos. Por mais que MS se desfaça em explicações esfarrapadas, aquilo que fez a Manuel Alegre ofende os portugueses, que não gostam de ver traições deste tipo. A segunda é a avidez. Os portugueses não gostam dos que vão com muita sede ao pote, dos que não se vedam, daqueles que têm tamanha ânsia de poder que não conseguem parar. E a candidatura de MS revela-nos isso tudo. Independentemente de considerações sobre a idade (elas também legítimas), os portugueses acham que o tempo de MS já passou (diz o povo: quem andou não tem para andar), que ele devia sair do jogo, largar o tabuleiro.
Por fim, não tenho a certeza de que os portugueses queiram sentar na cadeira do poder pessoa que manifestamente tem revelado apenas enorme aptidão para se refastelar em confortáveis sofás.
A HERANÇA DE RANTANPLAN: Carrilho de carrinho eléctrico e Carmona de táxi: sinto que me querem dizer alguma coisa. Mas o quê?
posted by FNV on 11:16 da tarde
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UNO, DOS, TRES, CATORCE!: Parte desta tripulação passou a noite de Domingo pulando em Alvalade, ao som tremendo dos U2. Como não temos medalhinhas para distribuir (de resto, devemos ser dos poucos gajos em Portugal que ainda não receberam medalhas...) aqui fica a nossa homenagem, na letra de uma das suas mais bonitas canções:
"One
Is it getting better, or do you feel the same? Will it make it easier on you, now you got someone to blame? You say one love, one life, when it's one need in the night. One love, we get to share itLeaves you baby if you don't care for it.
Did I disappoint you or leave a bad taste in your mouth? You act like you never had love and you want me to go without. Well, it's too late tonight to drag the past out into the light. We're one, but we're not the same. We get to carry each other, carry each other... one
Have you come here for forgiveness, Have you come to raise the dead Have you come here to play Jesus to the lepers in your head Did I ask too much, more than a lot You gave me nothing, now it's all I got. We're one, but we're not the same. Well, we hurt each other, then we do it again.
You say love is a temple, love a higher law Love is a temple, love the higher law. You ask me to enter, but then you make me crawl And I can't be holding on to what you got, when all you got is hurt.
One love, one blood, one life, you got to do what you should. One life with each other: sisters, brothers. One life, but we're not the same. We get to carry each other, carry each other.One, one."
posted by Neptuno on 5:20 da tarde
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TODOS OS DIAS SÃO IGUAIS: É um dos mais belos textos estóicos, a 12ª carta de Séneca a Lucilius. Séneca utiliza uma visita à sua casa de campo, na qual constata que as pedra estão gastas e as árvores estão velhas. De início isto faz com que se interrogue sobre o seu futuro, uma vez que as coisas do seu tempo estão degradadas. Depois começa a sublinhar a necessidade de apreciar os frutos, mais preciosos se forem os últimos, tanto quanto reconhece que a velha casa rural declinou lentamente, tal como ele. Assim a velhice é suave e livre da necessidade da busca de novos prazeres. Em Roma, a idade simbólica da velhice eram os 65 anos, e Séneca alude na carta 26 ao facto de já estar muito perto desse limite. Entra assim em cena o personagem central: apaziguamento, suavidade, muito bem. E o medo do último dia? Séneca resolve elegantemente o problema recorrendo a Heraclito de Éfeso, dito O Obscuro: todos os dias são iguais. Heraclito opunha a sua fórmula à de Hesíodo, que nos Trabalhos defendia que o homem deve escolher os melhores ( os mais apropriados) dias para esta ou aquela tarefa. Séneca deambula através das diversas interpretações possíveis ( o dia é dividido em partes iguais, o dia sucede à noite, etc), para no final se reencontrar com a base estóica: cada dia é um ciclo fechado, nada a esperar do dia de amanhã. Para o velho que assim levou a sua vida, é simples: a velhice não existe. Lembrar-me-ei disto, quando estiver dentro de um avião em queda livre.
À DERIVA: A nau governativa parece um navio em que os membros da tripulação - e os pobres passageiros - presumem que está sempre alguém no leme. Que não se lembrariam ou que seriam minimamente organizados para não dormirem a sesta todos ao mesmo tempo. Um sono profundo que nem a pior borrasca consegue perturbar. Felizmente para eles, as notícias não chegam aos passageiros e estes, na ignorância que lhes é servida, continuam a tomar chá no convés.
posted by Neptuno on 4:52 da tarde
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GAZA I: O Francisco José Viegas do Aviz ( link á espera do PC) tem razão, o acontecimento é quase amordaçante. Ainda assim, duas ou três coisas se podem escapar. A primeira, para já, refere-se ao futuro. A retirada israelita - efeito honrado de negociação - ofusca uma outra realidade, a saber, a da vida prática nos territórios provisoriamente desocupados. Em breve as autoridades palestinianas terão de mudar o disco: se num passado recente tiveram sobretudo de saber garantir a segurança, e cumprir a sua parte do acordo, agora terão de passar a organizar-se. A diáspora palestiniana tem impedido até hoje a execução de uma tarefa essencial à democracia: o censo. Como qualquer um sabe, a própria noção de democracia baseia-se no demos - lugar-onde-se-vive/de pertença. A fábrica da sociedade passa por saber quantos somos, o que precisamos, onde vivemos. O resto, se vier, vem depois.
LA DONZELLA BEATA: O The Philadelphia Press de 26 de Março de 1914 anunciava o casamento de Ezra Pound com Dorothy Shakespear: "Poet in love song extols his bride". Sempre com Hilda no pensamento, "Lily " Pound podia bem ter-lhe dedicado nessa altura o La Donzella Beata:
"Soul Caught in the rose hued mesh Of o'er faith earthly flesh Stooped you again to bear This Thing for me And be rare light For me, gold white In the shadowy path I tread? Surely a bolder maid art thou That one in tearful fearful longing That would wait Lily-cinctured Star-diademed at the gate Of high heaven crying that I should come To thee."
posted by FNV on 8:57 da tarde
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SE SÃO ASSIM COM OS DELES... O FCP , ao que vem sendo noticiado e não desmentido, disse o seguinte a Nuno Valente ( jogador campeão europeu pelo FCP): ou deixas de representar a selecção ou fazemos-te a vida negra. O jogador está com a vida negra, mesmo tendo sido poupado por Scolari nesta última convocatória. O que diria o meu caro PC, jurista, humanista, e o mais feroz adversário das privações dos direitos e das liberdades individuais que esta nau alberga, sobre o caso Nuno Valente? Bem sei que se trata do FCP, e não de Bush, da PSP ou da GNR, mas ainda assim, quando ele ( o PC) voltar, vou perguntar-lhe.
A COR DA INVEJA: Em quinze anos de psicoterapeuta ( dez a sério) nunca encontrei uma alma que admitisse invejar, sem embargo de ter conhecido centenas que admitiram as coisas mais soezes que se possa imaginar. Pois eu invejo, neste mês, duas coisas:
a) Quem vive em Vila do Bispo, por causa dos percebes, os melhores de Portugal ( a medalha de prata vai para os da praia de Paredes de Vitória, lá para os lados da Marinha Grande, sobretudo os da marisqueira do senhor António).
b) O FCP, porque tem o Lucho González.
Ou seja, seguindo a cartilha de Melanie Klein, eu queria mesmo era esvaziar estes objectos das qualidades invejadas, reduzindo-os a nada; a zero. A inveja é mesmo uma coisa muito feia, não é?
posted by FNV on 9:38 da tarde
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EXSICANTE: Está o ar, mas eu estou cheio de frio. Cheio mesmo. É um ar gaseificado, artificial, que me entope as moelas e me obriga a pensar e a escrever. O Verão devia ser obrigatório como o parto natural. Um exame extemporâneo de chinês, esse já deveria ser facultativo. Há poucas melgas este ano: no chão da dispensa esperam abandonadas sem BE para as defender, mil e uma artimanhas líquidas, sólidas e membranosas. Mas as melgas não vieram. Essa gente era uma espécie de solução*.
* cortesia do Mr. Cavafy, claro.
Um abraço, Luís, e obrigado.
posted by FNV on 9:11 da tarde
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UM-DÓ-LI-TÁ: Por que razão "a posição" de Cristina Maltez, ex-secretária da Procuradoria geral da República, lhe permitiu "obter vantagens" nos pedidos de empréstimo que efectuou, como os media não se têm cansado de anunciar perante a indiferença geral? Se é verdade, então os bancos são agências de malfeitores. Se é mentira, não se compreende por que motivo os ditos bancos não desmentem a interpretação que os media têm feito.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.