OS CRUCÍGEROS: Tornou-se comum de há cerca de trinta ou quarenta anos para cá. Em Portugal, com o alargamento dos lugares falados, o bestiário começou há cerca de dez anos, mais coisa mais menos coisa. Falo da proliferação de opiniões publicadas sobre o Natal, sempre com um grosso rasto de acinte. Os lugares são comuns: época de "consumismo", de "ignorante fervor religioso", de "hipocrisa". Gosto especialmente desta, da "hipocrisia". Estes lamentos são sobretudo ( há excepções) os urros de uma geração de mimados e de desatarrachados. São os filhos das famílias reconstruídas, são os amaciados criados quase sem irmãos neste Portugal de embeiçados. Começam por detestar o Natal que lhes traz memórias de separações, ou pior, de um mundo que cresceu mais depressa do que eles. Depois, com mais ou menos carreira, sentem uma pontinha de fragilidade pela desilusão que lhes foi prometida; a liberdade dos pais ( e a deles próprios) tem um preço bem claro: a solidão. No mais, a treta do consumismo senta-se à mesa com o consumismo da treta que devoram sem parcimónia o resto do ano. Não admira que muitos destes desgraçados sejam hoje violentamente assertivos, que arrumem pessoas em frascos sem uma sombra de dúvida. O meu consolo é que o povo que não os ouve, está sentado à mesa a comer bacalhau com couves servido por uma mãe com um crucifixo ao peito.
posted by FNV on 10:37 da tarde
#
(9) comments
O POPULUS CHRISTIANUS: Já não tem o seu o seu pacifico imperatore, como Leão III, faz amanhã mil duzentos e cinco anos, designou Carlos Magno. A coroa de Carlos significou o início de uma história que nos diz mais do que julgamos: dois mundos, o de Cristo e o de Maomé, ficaram para sempre separados. Como bem resumiu Pirenne, o patrício que protegia Roma tornou-se o imperador que protege a Igreja. Hoje, os patrícios que protegem uma Roma que já não existe, os americanos, nunca lá puseram os pés, os dois mundos vivendo mais separados que nunca. E já não temos Bizâncio...
DAR VOZ: No dia 14 de Setembro escrevi aqui que não votaria em Soares nem em Cavaco por não sentir o povo que sou representado em nenhuma das duas majestades. Escrevi também que Cavaco Silva teria as costas alisadas pela direita mais improvável, que traz perninhas de sapo penduradas dos cantos da boca. Aquela, precisamente, a quem falta autoridade moral para criticar Soares por se candidatar contra Cavaco, pois apenas apoia Cavaco contra Soares. Não me enganei. Acho que a recusa da "soberba" e da "arrogância" (o nosso FNV chama-lhe "jactância") da imagem transmitida pelos dois candidatos, como então escrevi, se aplica hoje, também, a Manuel Alegre. Ao contrário de alguns dos seus apoiantes, gosto da poesia de Alegre e parece-me ser um homem sério. Mas, tal como os outros dois, não vejo que vínculo possa ter com a minha realidade. Confesso que o meu voto branco tremeu, cerca das 19.00 horas, quando ouvi a entrevista de Garcia Pereira à TSF. Garcia Pereira sempre me foi uma pessoa simpática, é um homem inteligente, com um discurso articulado, e - pormenor importantíssimo - nunca teve motorista. Diz o que os outros calam e faz mais pelos direitos políticos e sociais do que uma bancada parlamentar inteira. É, desse ponto de vista, o mais republicano de todos os candidatos. Claro que tem um passado ideológico onde não me revejo; mas grande parte dos actuais arautos da democracia do establishment também o tem. Gosto de gente assim, sem vergonha de reivindicar o que é seu. Se não votar nele, fica um pequeno contributo para... dar voz.
SAUDAÇÕES: Há já uns tempos arredado da postagem, agradeço - com uma semana de atraso - ao LNT e ao CMC, velhos vizinhos do Tugir, a inclusão do Mar Salgado na lista do Tugir em Português, que muito nos honra. Mil anos de vida gloriosa para ambos. Outros tantos para o venerável masson, que nos deu o prazer e a graça de ver de novo este junco na sua selecta anual.
posted by PC on 10:48 da tarde
#
(1) comments
OBVIAMENTE, DISCORDO: Do entrevistado do Público, Carlos Machado ( não percebi de que restaurante). Diz o senhor que no caso de se demolhar ao mesmo tempo os lombos e as postas baixas do bacalhau, deve-se colocar as últimas em cima. Como pode ser facilmente comprovado, a concentração de sal no recipiente de demolha é maior no fundo, pelo que as postas grossas devem ser colocadas em cima; caso contrário, praticamente não demolham. Quanto à cozedura, já toda a gente sabe que o bacalhau não é para ser cozido. Leva-se a água ao ponto de ebulição, desliga-se a fonte de calor, introduz-se o peixe, tapa-se e espera-se vinte minutos. Se quiserem variar, experimentem colocar uma boa posta legítima de cura amarela num pequeno tacho com azeite ( pode ser o do nosso lobo do mar PC). Elevem a temperatura do binómio até um pouco abaixo do ponto de ebulição e mantenham assim a coisa durante 10 minutos. Na parte final aromatizem com um alho encamisado e talvez com um ramo de carqueja. A carqueja liga muito bem com o bacalhau, noutros tempos tinha como função ( hoje assumida pelo papel absorvente) acolher os pasteis de bacalhau depois de fritos.
BRIOSA: Lamento dizê-lo mas, a minha equipa é das que pior joga no nosso campeonato. Desde os jogos na zona centro da 2ª Divisão, contra o Nazarenos ou contra o Oliveira do Bairro que não assistia a exibições tão cinzentas (i.e, negras). Se o Pai Natal pudesse por um fiozinho de jogo no sapatinho do treinador...
posted by Neptuno on 11:44 da tarde
#
(5) comments
HOMEM RICO, HOMEM POBRE: O debate entre Lord Soares e o plebeu Cavaco veio aumentar a minha convicção de que a estratégia do primeiro é errada e, tal como a respectiva postura, datada. Até pode ter razão no que diz mas, certamente, haverá formas mais "republicanas" de fazer passar que Cavaco não é a pessoa certa para tomar chá com a rainha de Inglaterra. Para além das diferenças evidentes de personalidade, ficou ainda mais evidente que a motivação do Lord não é outra que não impedir que o plebeu chegue ao poder. E que lhe mete nojo aquela banalidade de pessoa. E que o plebeu é, naturalmente, culpado por ser um plebeu.
posted by Neptuno on 11:34 da tarde
#
(0) comments
"SOMOS DIFERENTES ATÉ NA LINGUAGEM" II (resposta a um comentário): Caro Luís M. Jorge, Não percebo a carapuça porque eu não sugeri que você fosse tolo, nem pouco nem muito; assumi até que eu é que me poderia exprimir mal e é provavelmente por isso que continua sem me compreender. O ponto do meu post anterior não é saber quem ganhou ou perdeu, só lateralmente é político e em momento algum pensei em Álvaro Cunhal quando o escrevi. O post tem apenas a ver com civilidade. Ci-vi-li-da-de.
O Luís M. Jorge deve ter gostado da postura de Mário Soares no debate, eu não. Eu acho que quem quer ser Presidente da República não deve ir para um debate como se aquilo fosse uma peixeirada ou uma rixa de rua. Admito que Mário Soares ganharia facilmente a Cavaco Silva num campeonato de cacetada, canelada ou fisga e até de bisga mais longe mas aquilo era um debate entre duas pessoas que se julgam capazes de ser o Chefe de Estado neste nosso país, pelo que se pretendia minimamente civilizado.
A forma como Mário Soares se comportou, as interrupções, as constantes alusões e ofensas pessoais, as permanentes desconsiderações pessoais não constituem uma atitude louvável ou digna, nem aqui nem na China. Apenas demonstram a personalidade de Mário Soares e a forma inconcebível de como ele se julga neste país que lhe dá trela e protege. Repare-se que, em 1991, por muito menos, a devota comunicação social que agora aplaude queria linchar Basílio Horta pelo que este disse a Soares.
Tivesse Cavaco Silva descido ao nível da mão na anca de Mário Soares e o debate teria certamente terminado com Soares enxovalhado até ao ridículo com o episódio da Universidade de Coimbra, a ouvir a acusação de que os problemas do país também se não resolvem entre o almoço no Gambrinus e a sesta da tarde, no meio de fumaradas de charuto, e a ameaça de Cavaco Silva de ir para os jornais contar tudo o que já lhe disseram de Soares, o que não seria seguramente coisa pouca. Não, sei, caro Luís M. Jorge, se agora me fiz compreender.
Mais uma achega: não me recordo de lhe ter dado a possibilidade de, através de qualquer escrito meu, poder considerar que eu me incluísse em algum grupo que considerasse ser Cavaco Silva o "nosso salvador", até porque só ontem senti que passei a simpatizar mais com a sua pessoa. Mas posso estar enganado ou esquecido.
O que lhe posso afiançar é isto: compreendo perfeitamente que Cavaco Silva se recuse a fazer mais debates com Soares pois as pessoas sérias não têm de ouvir coisas deste tipo. Eu, confesso, não só não teria paciência para discutir neste plano como não me sujeitaria mais a situações deste género. Da mesma forma que não discutimos com um arrumador de carros mais arreliado: apenas lhe viramos as costas e o deixamos a falar sozinho, já que ele não sabe discutir civilizadamente. Tão simples quanto isto.
posted by VLX on 4:01 da tarde
#
(7) comments
FINE: O assunto presidenciais está resolvido, o resto do campeonato é para cumprir calendário. Ainda bem para mim, que assim me liberto de escrever sobre o tema e sobre o Manel. O toque final foi o nome da novela que suplantou em audiências o debate de ontem: "Ninguém como tu". Nem mais.
posted by FNV on 12:07 da tarde
#
(1) comments
"SOMOS DIFERENTES ATÉ NA LINGUAGEM!" Se porventura tivesse de destacar uma frase no debate que opôs Soares a Cavaco, seguramente que seria esta discreta mas fundamental afirmação de Cavaco Silva. Ela demonstra claramente o que tem distinguido estas duas pessoas: Cavaco Silva conseguiu manter a calma e o respeito mesmo sob os mais ferozes e soezes ataques; Mário Soares foi vulgar e ofensivo como só ele sabe. Registo que, para além das constantes interrupções a que se permite (e lhe permitem), não deve ter passado despercebido às pessoas que Soares se referia sempre a Cavaco Silva como "ele". "Ele" isto, "ele" aquilo, "ele" aqueloutro, numa arrogância pessoal enorme e inqualificável que, se fosse feita por qualquer outra pessoa (ou se fosse feita por Cavaco Silva a Soares), cairia o Carmo e a Trindade. O respeito entre candidatos presidenciais exige-se, a falta de respeito de Soares deve ser criticada e a ausência de resposta ao mesmo nível por parte de Cavaco Silva deve ser elogiada.
Como deve ser elogiada a contenção de Cavaco Silva quando Soares veio socorrer-se das suas aulas na Universidade de Coimbra: violasse Cavaco Silva as regras do Marquês de Queensberry, como Soares se fartou de fazer durante o debate, e fizesse Cavaco a simples advertência de que existe um diferença abissal entre quem dá aulas por ser convidado e quem as dá por ter prestado provas académicas, e Soares seria arrasado. Realce-se que Soares não se bastou com a simpatia dos entrevistadores, que evitavam referir-se ao outro candidato como "Sr. Professor", como seria natural; Soares quis ser também, embora em biquinhos de pés, professor universitário. Pronto(s). Mas fica a dever a Cavaco uma, por este não o ter enxovalhado ali mesmo.
Soares não se ficou por aqui. Para o lado, ainda se queixou de Cavaco Silva ler dossiers mas não ler livros - tecla que repisa ignobilmente sem aquilatar da sua veracidade -; pesporrente, acusou-o de lhe faltar cultura; deselegantemente, referiu-se a supostas conversas desagradáveis que os seus amis teriam tido consigo sobre Cavaco Silva; chegou ainda a fazer comparações com Marcello Caetano e isto tudo numa animosidade pessoal inconcebível e à qual, com uma contenção que não imaginei ser capaz, Cavaco Silva sempre se recusou responder. Fiquei a admirar Cavaco por isso porque eu não seria capaz.
Da maneira como Soares colocou as coisas, aquilo a que assistimos hoje não foi um debate presidencial: parecia antes uma discussão monologuenta num botequim vulgar ou numa tasca infecta em que, já tarde da noite, uma pessoa decente que por acaso ali foi parar com dois convidados se vê abordada por um pobre desgraçado, tombado sobre a mesa e zangado com a vida, e tem de estar ali a aturar o rezingão, sem lhe responder nem lhe dar as duas valentes bengaladas que merecia, conversando com os outros enquanto o táxi chamado não chega.
Mário Soares, numa atitude inqualificável, tem-se arrogado uma superioridade sócio-cultural sobre Cavaco Silva. Ficou hoje demonstrado (para quem não sabia) que foi Mário Soares quem não tomou chá em pequenino. Se eu tivesse algumas dúvidas, a diferença na linguagem dissipou-as por completo.
CONFIRMADO: Medeiros Ferreira, na SIC-N, preferiu falar da Fonte Luminosa e entrevistar José Miguel Júdice em vez de discutir as estratégias que os candidatos levaram para o confronto ( "é lá com eles", tartamudeou). Foi honesto e confirmou o óbvio: o debate correu muito mal a Mário Soares.
posted by FNV on 11:38 da tarde
#
(3) comments
ENIGMA: O Soares de que eu gosto não se teria lembrado das tiradas finais de infinito mau gosto "eu sei o que me diziam de ti mas não digo" e "eu até fui professor da Universidade de Coimbra". Mas pelo que fui percebendo, ouviu demasiado os meninos (e meninas) jactantes e sobranceiros, contudo infantilmente inseguros, que o acompanharam nesta viagem. Mas por que o fez?
posted by FNV on 9:41 da tarde
#
(8) comments
PASSADO A FERRO: Soares ficou sem um vinco.
posted by FNV on 9:29 da tarde
#
(0) comments
ANACRÓNICO: Mário Soares, que continua com a sua candidatura anacrónica, vem agora reclamar mais debates na televisão. Ainda não percebeu que é exactamente disso que as pessoas estão fartas: da política que se esgota no próprio debate, na conversa ou mesmo na promessa - como vem sendo habitual - na palmada nas costas ou no beijinho na bochecha ranhosa de uma qualquer criancinha que se cruze com a comitiva na rua. Entretanto, Cavaco vem passando, com êxito, uma imagem de seriedade, rigor, competência e pouca conversa e mais acção. Independentemente da bondade dos debates em democracia e independentemente de Cavaco incarnar ou não alguma das referidas características, o que me parece indubitável é que Cavaco acertou na estratégia eleitoral.
posted by Neptuno on 4:53 da tarde
#
(4) comments
JÁ FALOU COM O ENGENHEIRO?: Manuel Alegre continua com o seu "problema partidário" mal resolvido, mal assumido e eleitoralmente contraproducente. No último debate com Jerónimo de Sousa afirmou que "as pessoas têm medo de represálias, há medo de perder o emprego, medo que o filho não seja colocado." Que tal tirar daí as devidas ilações? É este o limite da sua autopropalada independência? Gosta do partido mas não gosta de quem manda? Ou não gosta dos dois? Ou gosta dos dois mas eles não gostam dele?
posted by Neptuno on 4:48 da tarde
#
(0) comments
OXALÁ O LUÍS NORTON DE MATOS SE CRUZE CONTIGO UM DIA DESTES: Leiam o segundo parágrafo da crónica de Miguel Sousa Tavares hoje publicada em A Bola.
posted by FNV on 3:15 da tarde
#
(1) comments
BARBAS DE MOLHO: O hidroclorido de metadona, sintetizado na Alemanha nos laboratórios Mallinckrodt provavelmente entre 1940 e 1941 ( ninguém sabe ao certo), foi inicialmente designado por dolofina, dizem as más línguas que em homenagem a Adolf Hitler, dizem outras que em justiça da sua função apaziguante da dor ( dolor). Apesar de muita gente estar familiarizada com a droga ela é um dos opiáceos mais recentes. Só nos finais dos anos sessenta o programa Dole-Nyswander a recuperou como terapêutica de substituição, sendo que desde então tem sido efectivamente estudada. Como acontece com qualquer opiáceo de substituição, é altamente recomendável que não seja misturado com outros opiáceos ( heroína ou derivados de morfina) dado que os neuroreceptores são malta sensível. Mas um dos problemas mais comuns é até a sobredosagem de metadona. Seja porque no início do tratamento o grau de tolerância do sujeito foi mal avaliado, seja porque naturalmente se manipulou inconvenientemente a dosagem: isto não deverá acontecer se as doses forem sempre tomadas na presença de pessoal clínico, impedindo assim a acumulação para pequeno tráfico. Seja como for, e pelo que li na imprensa ( prudentemente digerido...) os sintomas que o sobrevivente do grupo apresentava - vagamente designados como problemas respiratórios - são comuns em sobredosagem de metadona: depressão respiratória, que pode acarretar a paragem respiratória num intervalo de 2 a 4 horas, broncoespasmos, hipotensão, edema agudo do pulmão, etc. O que é intrigante neste caso - o da morte quase simultânea de três presos em Custóias que tinham em comum o facto de estarem integrados num programa de tratamento de substituição com metadona - é a reacção oficial: antes das autópisas feitas já se afastaram várias possibilidades, orientando-se o público para o possível consumo, por parte dos reclusos, de "um medicamento sintético" (a metadona pode ser considerado um medicamento sintético). Reclusos sujeitos a programas de metadona têm de ser especialmente vigiados, pela simpes razão de que estando sob influência permanente de um opiáceo sintético cujo efeito é apesar de tudo mitigado, estão mais sujeitos a intercorrências letais com outros opiáceos ( diria que mais objectivamente familiares), de circulação consabidamente vulgar nas cadeias portuguesas.
posted by FNV on 12:35 da tarde
#
(0) comments
CIAO! Sabemos quando ele chega, o mal? Sabemos sempre. Se cada pedaço da nossa vida é um ciclo, ele está sempre lá. Pode, por simples probabilidade, ocultar-se na vida de outros qual romancista desatinado. Mas está lá sempre. De cada vez que chega, não saúda nem se despede.
VAI DE CARRINHO: segundo percebi, um jornalista da tsf vai andar hoje com Francisco Louça, em campanha. Imagino-os muito bem sentadinhos num automóvel de matrícula belga, alegadamente ao serviço do deputado europeu Miguel Portas. O jornalista podia aproveitar a oportunidade para obter esclarecimentos sobre este tipo de coisas, como o carro atribuído a um deputado europeu servir para ser desgastado na campanha presidencial do amigo.
posted by VLX on 3:56 da tarde
#
(4) comments
CERTAMENTE UM ACTO DE REVOLTA CONTRA A MARGINALIZAÇÃO CULTURAL: Do Diário de Coimbra de hoje: "O emblemático urso do Parque Verde do Mondego, anterior às obras do Programa Pólis, foi regado com gasolina e incendiado na madrugada de ontem, ficando reduzido a cinzas". Na minha rua, no centro da cidade, é uma cabine telefónica por semana. Problemas do "modelo social português"?
posted by FNV on 12:42 da tarde
#
(6) comments
O REMOINHO: Estavamos na praia, a quarenta metros da beira-mar. Ouvimos os primeiros roncos dos helicópteros (ou pelo menos com isso se pareciam) segundos antes de os podermos ver. Eram quatro coisas planas, cada uma com uma hélice numa das extremidades e uma grande na barriga. Puseram-se a pairar em cima do mar, a cerca de 200 metros da praia. Ninguém compreendia nada. Lembrei-me de correr e subir a um pequeno barranco, o que me permitiu ver de cima o que se estava a passar. A certa altura, o remoinho no mar, sob a reunião de máquinas voadoras, começou tomar forma. Elas continuavam o seu trabalho ele cresceu, cada vez mais cavo e profundo. Ao fim de uns minutos os meus olhos, que já eram da cor do mar, fixaram-se noutra cor. As águas separaram-se e o centro do remoinho descobriu o fundo de areia parda. E lá estava, desenhado com longas pedras, enorme, o símbolo. Há quanto tempo eles cá estão? Quando vieram? E agora que os descobrimos, o que nos vai acontecer? Mas sobretudo, por que só agora o sabemos?
COMPREENDE-SE: Vasco Pulido Valente não gosta de Alegre. VPV gosta das virtudes do século XIX nos livros.
posted by FNV on 10:40 da tarde
#
(1) comments
O BAILINHO DA MADEIRA CONVENIENTE: Diz Soares que Cavaco não fala. Mas por que razão o faria? Louçã fala por ele. E bem, e bem...
posted by FNV on 10:35 da tarde
#
(4) comments
PUBLICIDADE: Provei-o há muitos anos em casa do meu amigo e companheiro de Mar Salgado PC. É a melhor água de vida que um irmão especial ( dos muitos que tenho) me podia trazer para amenizar a entrada nos quarenta: Lagavulin, o que nos veste de Diabo.
posted by FNV on 9:15 da tarde
#
(0) comments
DE IMMENSO: Giordano Bruno* é um amigo da Stoa, e nesse texto escrito durante a sua estadia alemã perseverou na teoria estóica segundo a qual os astros se alimentam das exalações húmidas da terra ( que Cícero explora na De natura deorum e Séneca na Naturales quaestiones). Bruno acreditava na lei da vicissitudo, a alternância de períodos de luz com períodos de trevas, tudo a cargo dos seus respectivos profetas, bem entendido. Os estóicos são uns incuráveis optimistas, sufragados pela compreensão dificílima da famosa Ode de Horácio. Não só o nosso desespero terá um fim, mas um fim imediato, que se deitará com o sol. A inteligibilidade do ciclo, chave da fechadura da Stoa, passa pela negação do mesmo: o teu filho corre ao sol, o teu corpo responde-te? Quando souberes o que isso vale, é tarde demais.
* escrito com a ajuda do imenso Miguel Granada.
Adenda: é capaz de não ter sido boa ideia ter escrito isto.
posted by FNV on 8:49 da tarde
#
(1) comments
PARABÉNS A VOCÊ: No Eixo do Mal, que zurra na TV da sala do lado, foi proferida pela milionésima vez a expressão "acho extraordinário". Isto sem contar com a variação "acho absolutamente extraordinário".
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.