REPETIR: Se Deleuze tem razão ( é sempre difícil acreditar que um tipo com aquelas unhas pode ter razão em alguma coisa, mas enfim...) , isto vai funcionar. Hoje, ao fim da tarde, vou escrever que "Fernando Santos é sócio do Benfica há 42 anos", até que a mão me doa.
posted by FNV on 4:20 da tarde
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COMME IL FAUT: Tenho escutado atentamente Mário Soares, pois muito me interessa o problema argumentativo com o qual ele se depara. Soares tem feito o possível para ligar a actual administração americana e o infame capitalismo/ pensamento neoliberal/ neo conservador ( são os termos que Soares utiliza indistintamente) a todos os males do mundo. Sou humano, também por vezes tento meter o Rossio na Betesga, por isso procuro aprender. Ontem, na SIC-N, Soares disse que após a queda do Muro estavámos todos na expectativa de anos bons, mas, infelizmente, tal não aconteceu. E não aconteceu porque Bush se estreou nas lides prsidenciais, naturalmente. O salto sobre a década de 90 foi um magnífico tour de force: o genocídio no Ruanda ( de onde a ONU saiu com o rabo entre as pernas) e os massacres étnicos na ex-Jugoslávia não contaram. O que se matou e morreu na zona quente do Médio-Oriente durante esse tempo, idem. E o 11 de Setembro, que tem tantas "causas sociais e económicas ", ocorreu ainda o sátrapa do Bush estava a conhecer os cantos à casa. Aprendi muito.
SANEAMENTO BÁSICO: Quando se fala da "crise do futebol português" (só comparável, em gravidade e multiplicação de bitaites, à "crise da justiça"), é normal disparar contra os árbitros, a Liga, Madaíl, os empresários de jogadores, a PJ, a Senhora de Fátima, eu sei lá. Pois eu acho que as próprias equipas deviam mostrar o caminho da verdade. A título de exemplo, o Sporting: várias medidas conduziriam a um futebol mais higiénico. 1) Cortar as orelhas a Liedson, evitando o espectáculo deplorável do homem a coçar-se, por trás das ditas, cada vez que marca, ou pensa que marca, um golo. 2) Excluir todos os jogadores que ganham um lugar no onze à custa de nomes inventados e impronunciáveis, que o treinador põe a jogar sem verdadeiramente o querer (exemplo: "de início, jogam o 'coiso' e o 'coiso 2' "; depois o pessoal acaba por tirar à sorte). 3) Vender o J. Moutinho para o casting do próximo "O Nazareno", rentabilizando a sua allure (há alguém que não se sinta configurado na dor do J. Moutinho, num qualquer momento do jogo?) e, sobretudo, a sua extraordinária expressão facial (hélas!, não nos será novidade o esgar no momento da crucifixão).
posted by PC on 11:22 da tarde
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MAL: Ribeiro e Castro fez um trocadilho com o referendo ao aborto, dizendo que se devia fazer também um referendo às IVP ( Interrupções Voluntárias de Promessas) eleitorais. Se a intenção foi desvalorizar o referendo ao aborto, que depois não se queixe do resultado; se a intenção foi alfinetar Sócrates, ficou um tom popularucho muito discutível. Ribeiro e Castro já não está na direcção do Benfica de Vale e Azevedo.
posted by FNV on 6:57 da tarde
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TGV: No momento em que já há planos concretos para o TGV luso, não seria também altura de apresentar os responsáveis pelas dezenas (centenas?) de milhões de contos gastos em comboios pendulares incompatíveis com as linhas férreas que existiam na altura? Se a história se repete...
posted by Neptuno on 5:47 da tarde
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LION SAFETY MATCHES: O Conde de Ficalho narra, em 1888, um episódio que lhe foi transmitido pelo seu primo, o 3º Conde de Mafra, e passado nas margens do Incomati, em Moçambique. O Conde pediu lume a um cafre e esperou que este se pusesse a esfregar pauzinhos. Para espanto do Conde, o negro saca de dentro de uma bolsinha de pele de antílope uma caixa de phosphoros amorphos marca "Lion Safety Matches". O ponto do Conde de Ficalho é ilustrar o mal português: "não há nada de mais irritante, de mais discordantemente vulgar do que uma lambuzadela de verniz civilizacional". Anos mais tarde, em 1936, Brito Camacho escrevia no seu "Política Colonial" que temos de "civilizar " ( os pretos), o que significa criar necessidades, mas procedendo assim o branco cercearia os seus lucros de exploração, que em muitos casos é mais do homem do que da terra. A ironia do nome da marca dos fósforos ( Lion Safety ) em terra de predadores é atraente, mas a justaposição dos dois ( Ficalho e Brito Camacho) ainda é mais: um é aristocrata e pessimista, o outro é empreendedor e visonário.
"O ORIENTALISTA": Da autoria de Tom Reiss, é a biografia do escritor Lev Nussimbaum, judeu natural do Azerbeijão que se converte em muçulmano, que é obrigado a fugir de Baku devido à revolução bolchevique e que posteriormente, em Berlim, é "apanhado" pela "revolução" Hitleriana. Mais do que o personagem central, o livro é extremamente interessante do ponto de vista histórico, ilustrando com mestria - à boleia de Lev - a Europa central do primeiro terço do Século XX. Entre outros episódios, relata-se a forma como em 1932, em Berlim, depois de anos seguidos de tumultos, os nazis e os comunistas decidiram dar o golpe de misericórdia à democracia alemã. "Quando os trabalhadores da rede de transportes de Berlim entraram em greve, nos finais de Novembro, num acontecimento que ainda parece demasiado grotesco, por mais que possa ser compreensível do ponto de vista lógico, Joseph Goebbels e Walter Ulbricht (o futuro líder comunista da Alemanha de Leste) manifestaram-se, em conjunto, contra o governo municipal burguês; comunistas e nazis colocaram-se lado a lado, uns a gritar "Frente Vermelha" e os outros "Heil Hitler!"
posted by Neptuno on 11:17 da tarde
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OMNIPRESENTES: Na Hungria, os manifestantes são todos de extrema-direita. Nas manifestações anti-globalização, os meninos de passa-montanhas enfiados na cabeça e molotovs nas mãos, são "manifestantes anti-globalização"; ou como dizia Boaventura S. Santos, "provocadores de extrema-direita infiltrados". Gente organizada, esta extrema-direita.
posted by FNV on 12:20 da tarde
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JOGO SOMA NÃO-ZERO: As chuvadas e os temporais inclementes também são um espectáculo perturbador. Felizmente, os pluviófilos, pobres excluídos que se emocionam com a borrasca e com as sirenes dos bombeiros, não podem mandar chover. Tanto pior para a psicologia.
posted by FNV on 12:10 da tarde
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VÁ PARA FORA CÁ DENTRO: A função pública combinou, para Novembro, uma greve com um fim de semana prolongado. Acho bem. Já que um funcionário público vai fazer greve, por que razão há-de ficar em casa a meio da semana, a ler os panfletos da CGTP ou a ver chover? Ele há azeitona para apanhar e muito centro comercial novo para descobrir.
posted by FNV on 11:35 da manhã
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MONTALE, SEMPRE: Hoje sobre chuva e greves gerais ( inevitável):
"Piove da un cielo che non ha nuvole. Piove sul nulla che si fa in queste ore di sciopero generale."
posted by FNV on 11:23 da manhã
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COM A TELHA: Uma bela borrasca, sim senhor. No meu escritório, um sotão de um pequeno prédio no centro de Coimbra, choveu bem. Os outros condóminos defendem a teoria orwelliana segundo a qual o telhado está assim porque eu tenho substituído telhas. É uma teoria interessante: se não tivesses entrado no hospital, não terias morrido.
BUDAPESTE: Há cinquenta anos, a população húngara tentou livrar-se do jugo totalitário comunista e instituir um regime parlamentar democrático. O movimento foi literalmente esmagado pelos tanques da União Soviética, desse modo ilustrando uma vez a velha máxima do Pacto de Varsóvia de que a força faz a união. Ainda existem partidos hoje em dia e com representação parlamentar que nunca condenaram a tirania soviética - porque a admiram - e nem mesmo as atrocidades de Estaline. Preferem beber umas taças de champanhe em honra do povo amigo (ainda que esfomeado) da Coreia do Norte e solidarizar-se com a sua resistência aos avanços imperialistas naquela região do globo. É gente que vive emboscada na democracia à espera que anoiteça.
posted by Neptuno on 4:33 da tarde
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TEORIA DOS JOGOS: O que aconteceu em Paços de Ferreira foi um jogo de soma-zero: entra uma fábrica, sai uma reserva ecológica.
posted by FNV on 4:26 da tarde
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O "BOM" CAPITALISMO: A Irancell é o primeiro operador privado iraniano de telemóveis e foi apresentado ontem pelo ministro da Informação, Masoud Fatah. Vai lançar 300.000 " SIM cards " ( a minha ignorância em matéria destes aparelhómetros não me permite descodificar o que são) para um público alvo de 10,7 milhões de utilizadores ( num total de 70 milhões de habitantes) . O dinheirinho veio da sul-africana MTN, que entrou com 366 milhões de dólares, substituindo o parceiro inicial, a Turkcell, outro gigante do capitalismo consumista.
posted by FNV on 12:16 da tarde
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LEITURA OBRIGATÓRIA; Os relatos da censura que Pacheco Pereira tem publicado no www.abrupto.blogspot.com fazem mais pela compreensão de um país, em que qualquer discussão ( coisa incomodativa fora da blogosfera e dos cafés) busca obsessivamente o consenso, do que um camião de manuais. Tenho algumas dúvidas quanto à publicação de nomes, mas não sou historiador ( às vezes sou, mas desgraçadamente amador) .
RIVOLEI: Um grupo de advogados trancou-se (ainda pensaram em acorrentar-se mas acharam que não valia a pena estragar os fatinhos) e barricou-se dentro de um edifício de escritórios onde funcionava a sua sociedade, perante a ordem de despejo decretada pelo não pagamento de renda. O seu único cliente era o Estado e, desde que este prescindiu dos seus serviços, a sociedade entrou em dificuldades financeiras. Sendo incapaz de captar nova clientela e não tendo outros meios de subsistência, a sociedade já não tem capacidade para acorrer aos seus pagamentos, incluindo a renda do escritório. Dado o relevante papel dos advogados para o funcionamento da justiça, pede-se a intervenção do Ministro da Justiça.
posted by Neptuno on 5:52 da tarde
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ORDEM DOS MÉDICOS: Diz o seu Bastonário, no Público de hoje, "... que os médicos que façam abortos de acordo com a lei não serão perseguidos." Deveremos concluir que se admitia como possível a perseguição - seja o que for que isto traduz - de médicos que cumprissem a lei? Sempre pensei que poderia haver algum conflito jurídico se um médico se recusasse a fazer um aborto por motivos de consciência. Agora que um médico que decida cumprir a lei possa ser objecto de perseguição disciplinar pela própria Ordem...
posted by Neptuno on 5:42 da tarde
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NOTAS (II): O argumento mais irritante contra a realização do referendo sobre o aborto é o da "falta de oportunidade". Oportunidades não têm faltado desde que o primeiro movimento para despenalização do aborto foi lançado nas páginas do "Jornal Novo", nas vésperas das eleições para a Constituinte: 24 de Abril de 1975.
posted by FNV on 11:41 da manhã
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NOTAS (I): Santana Lopes liderou um governo que tomou posse em Julho, foi de férias em Agosto, e no regresso declarou o fim da crise. Não me parece que tenha autoridade para falar em batota política a propósito de SCUTS ou taxas moderadoras: é que a crise, afinal, não tinha acabado.
SCP vs. FCP: Ao contrário de outros jogos anteriores, em que a escuta durante a semana dispensaria a visualização do jogo, este pareceu genuíno...
posted by Neptuno on 11:18 da tarde
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AS SCUT: Entendamo-nos, sempre fui contra as scut. Sempre considerei que a ideia não tinha pés nem cabeça, que estávamos a contrair dívidas para os nossos filhos, que não fazia sentido nada pagar pela utilização das auto-estradas, nem que fosse algo simbólico, que economicamente a coisa não se sustentava e que era até prejudicial, do ponto de vista da sinistralidade, não existirem portagens, que sempre servem para controlar o sentido das entradas e saídas das auto-estradas.
De forma que não me ofende por aí além o fim de três scuts, mesmo que as três me afectem muito particularmente e negativamente, pois estou no centro das três. O que me revolta são os argumentos do Senhor Primeiro-Ministro, que deve imaginar que somos todos como aquele seu ministro a quem tudo passa ao lado.
A auto-estrada que vai do Porto a Freamunde não fez sequer um ano que foi inaugurada e esteve sempre em obras na zona de Alfena, promovendo engarrafamentos monumentais. Esta auto-estrada foi inaugurada há onze meses, com grande propaganda, sublinhando-se o cumprimento do Partido Socialista em manter as scut, em cumprir as promessas que tinha feito, e como forma de desenvolver estas regiões. A pergunta que se tem de fazer é, portanto, de que forma esta scut desenvolveu estas regiões nestes últimos onze meses? Quanto é que estas regiões se desenvolveram e enriqueceram desde o momento em que não havia scut para agora. Ou alguém acredita que há onze meses houvesse motivo para que a auto-estrada Porto-Freamunde não tivesse portagens e agora, passado tão pouco tempo, a scut tivesse provocado tamanho desenvolvimento na região que já não se justifica não ter portagens? Quem dera a Freamunde, Lousada, Rebordosa, Lordelo, Meixomil, Seroa, Raimonda que isso fosse real, provavelmente até não se importariam de pagar as portagens; mas a verdade é que estas regiões ainda nem tiveram tempo de aproveitar qualquer benefício da scut, como é evidente. E o que é manifesto para esta auto-estrada não difere muito do que acontece com a scut da Costa de Prata (que provavelmente passará a chamar-se "do Ouro Fácil") e a que vai para Viana do Castelo, inauguradas há um ano e há dois, respectivamente, se a memória não me falha. Tiveram estas scut tempo de desenvolver as regiões? Como? Quanto? Em que medida? Justificará os elevados preços que, segundo o jornal Público de sexta-feira, estão previstos? Porquê?
Seria a isto que deveriam ser dadas respostas mas, como já nos acostumou, o Senhor Primeiro-Ministro barafusta muito, acusa imenso, profere colossais impropérios contra os que elege como inimigos, tentando pôr todo o resto da malta do seu lado, mas não responde às questões que devia nem justifica nem fundamenta as opções que toma.
O Senhor Primeiro-Ministro lá fará o que lhe der na ministerial gana contra tudo e contra todos (com excepção da grande Lisboa e da comunicação social, para não ferir a sua base de apoio e de propaganda) - está no seu pleníssimo direito e nós temos de alombar com isso. Não queira é fazer de nós parvos.
posted by VLX on 3:26 da tarde
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O CONDOMÍNIO: Este país é um enorme condomínio instalado numa zona ribeirinha. Gostamos das obras na casa do vizinho desde que seja ele a pagá-las. Se for nas partes comuns do prédio, só gostamos das obras se elas nos beneficiarem. Por exemplo, se não utilizamos o elevador, votamos contra a compra de material novo. Claro que, apesar disso, passamos o tempo a rosnar contra a degradação do edifício. Como nos prédios velhos, também há gente que não liga nada a isto. É gente que se entretem a dizer que o que precisamos é de um prédio novo, ou a culpar o construtor que fez o prédio. Alguns são muito simpáticos, mas não pesam nas reuniões de condóminos.
posted by FNV on 12:34 da tarde
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Wang Fu-chih ( II): Ligado a Mêncio ( Meng-tzu), Wang também entendia que o Imperador não devia causar ressentimento no povo. Wang, sabe-se lá se por ter vivido muma época de traição, achava que o Imperador, o Filho do Céu ( tian-tsu) tinha obrigações pouco celestiais: o Imperador é o filho daquilo que as pessoas desejam ( em comum). Um monárquico humanista, dir-se-ia nos nossos dias, com um discurso social-democrata: o governo não é "do" povo ou "pelo" povo mas para o povo. Nem tanto. Mas o Wang filósofo, que rejeita a escola neo-confucionista de Cheng-Chu (e outras), é um optimista e, até certo ponto, opõe-se ao próprio Mêncio, como nos traduz Jee Lee Liu: " Em qualquer momento das nossas vidas podemos mudar a nossa natureza, para o melhor ou para o pior ". Uma espécie desse optimismo, titubeante e particular, no poema Ch'ing-p'ing lo;
" Rain-risen ripples tease the fish to distraction, Invest the clear pool with a duckweed cover. Hard to believe, where turquoise clouds are deepest The setting sun still rests in the horizon."
Um dias destes, o grande T'ao Ch'ien's, o "bebedor rebelde".
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.