D. Dolce & S. Gabbana sobre um país subjugado ao dictact das moraleiras excitadas : " A Espanha está um bocado antiquada". Sempre foi assim, pelo menos desde que o Duque de Alba e o seu séquito fizeram questão de vestir de negro no casamento da filha de Henrique II ( de Orleães).
posted by FNV on 9:18 da tarde
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" NUMA ALDEIA HÁ UM BARBEIRO QUE FAZ A BARBA A TODOS OS HOMENS QUE NÃO SE BARBEIAM A SI PRÓPRIOS " *:
O "Público" de hoje investe de novo na primatologia trendy. Terreno escorregadio. Nos anos 60 e 70, a primatologia serviu de suporte ao exército pós-modernaço: estudos pós-coloniais, area & cultural studies , estudos sobre feminismo, etc. A ideia, requentada, era simples: os macaquinhos - como outrora os nativos de Margaret Mead - não conheciam a moral de dominação burguesa e por isso viviam felizes. Depois foram-se descobrindo umas coisas, e o célebre episódio de um "genocídio" imperialmente simiesco, filmado algures na África Ocidental, fez ruir a esperança. Agora o jogo é outro. Aqui ao lado, na Espanha campeã da moral por decreto, têm surgidos movimientos "civis" e académicos que pretendem colocar os macacos no humano patamar ( os próximos são os touros). Por cá, recordam-se certamente do artigo no qual se dizia que os chimpazés preferiam fêmeas mais velhas, seduzindo-as com o ar especado do Chuk Norris e um pénis erecto. A intenção era evidente e paradoxal: são mais burros mas mais meiguinhos. No artigo de hoje descobre-se que afinal os macacos batem nas fêmeas quando elas expressam o desejo de experimentar o prazer sexual com outros machos instrutores de body fitness. Seria de esperar que os ciumentos, desprezados pelas jovens esposas, se voltassem calmamente para o prazer carnal que uma velha sogra pode proporcionar. Aguardam-se novos desenvolvimentos. Paradoxais.
Comparar o estilo autárquico do Porto com o de Lisboa é um bom exercício. Rui Rio, o "ignorante", o forreta que desafiou o FCP e o "calvinista", governa em minoria * uma câmara que herdou em péssima condição financeira. Lisboa , pelo contrário, tem sido um fartote de subsídios - daqueles que garantem boa imprensa e mau futuro - e de negociatas. Aguardemos para ver como ficará Gaia - a tal que " aproveita tudo o que Rio deixa cair " - depois de Meneses sair.
* correcção: " governou ".
posted by FNV on 7:53 da tarde
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OS "PAIS" DE ALBERTO JOÃO: Todos os actuais políticos, comentadores e imprensa em geral se referem actualmente a Alberto João como um produto "autónomo" (e autonómico!). Como uma velha raposa, astuta e ardilosa que se aproveitou de alguém e que, de per se, passou a vida a usar fundos a que não tinha direito, inventando dinheiro e gastando-o, acabando por enviar a factura para Lisboa. Ora, se isso é verdade, o que também é verdade é que Alberto João é um mero produto da partidocracia vigente nos últimos trinta anos, a qual sempre condescendeu com os seus (dispendiosos) pecadilhos, por medo pessoal ou mera conveniência político-partidária - e raramente por razões de Estado. Alberto João é um "menor" traquinas e sagaz que conseguiu sempre triplicar a mesada a que tinha direito. Mas, os seus "paizinhos" que tudo lhe permitiram vivem no continente. Por sua vez, o continente também está cheio de "menores" traquinas, que também receberam e recebem chorudas mesadas do Estado e da Tia Europa. A diferença é que, goste-se ou não do personagem, se formos à Madeira conseguimos ver onde é que Alberto João gastou o dinheiro.
posted by Neptuno on 3:38 da tarde
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I CANNOT AFFORD TO KEEP A CONSCIENCE :
É por estas e por outras que Schopenhauer tem lugar cativo na árvore do leopardo. A sua fórmula da conscientia spuria (Os Fundamentos da Moral, 1860 ):
1/5 de superstições 1/5 de crenças religiosas 1/5 de preconceitos 1/5 de vaidade 1/5 de hábitos adquiridos.
COMO SE ESTRAGA UM PROGRAMA: Está um tipo (não lhe conheço a cara e apanhei o programa a meio) na RTP 1 a explicar o que é a "inclíta" geração. Voltei logo para o computador. Se é assim que se tenta esclarecer as pessoas, talvez não seja pior o big brother. Aproveito para opinar sobre o programa: ele até podia ser divertido mas a tentação de prolongar esta coisa dos grandes portugueses (e nem vou dissertar sobre as estranhas motivações que levaram a isto) tirou-lhe completamente a graça que pudesse ter, a indefinição que pudesse haver, o suspense que poderia prender as pessoas. Estragou tudo.
JÁ AGORA: Não sou do PSD, nunca votei no PSD, dificilmente me imagino a votar algum dia no PSD. Ainda que vivesse na Madeira. Mas eu acho que Alberto João Jardim tem toda a razão na atitude que tomou, era exactamente a que eu tomaria, fosse por opção, fosse por meras razões políticas. E até lhe desejo sorte. Sorte, muita, mesmo não sendo do meu partido e mesmo que não votasse nele se fosse eleitor na Madeira. Mas também o advirto para ter extremo cuidado com a comunicação social do continente, pois tudo indica que lhe vão mover a maior das guerras, só comparável à que recentemente fizeram a outra opção que não a politicamente correcta.
posted by VLX on 11:47 da tarde
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“TU ‘TÁS TRAMADO COMIGO!” Ou a comunicação social anda a dormir ou está mesmo com este governo socialista, colada ou dependente. E a oposição só pode estar a dormir. A violenta reacção do Ministro da Saúde às manifestações no norte do país pelo encerramento das urgências só poderia resultar numa indignação geral mas está tudo estranhamente muito caladinho. O Ministro avisa os autarcas das regiões em causa (que nada mais fazem do que defender as suas populações) de que vão ter problemas; o Ministro clama que acabou o diálogo (se é que alguma vez este existiu); o Ministro ameaça, ponto final. Este Ministro que afirma ter dinheiro suficiente para fazer os abortos a pedido que forem precisos pretende fechar maternidades e urgências por todo o país. Não me recordo de tamanho egoísmo face ao resto do país (leia-se interior), não me recordo de tamanha prepotência face às aspirações das populações e à manifestação das suas angústias, mas está tudo caladinho. Pois eu acho que mais do que a possibilidade de se fazerem abortos, o interior do país necessita de urgências abertas, maternidades a funcionar, e muitas coisas mais que evitem a sua desertificação. Mas eu não preciso de votos para nada e o Ministro precisa dos da capital.
CARNAVAL: Tento compreender tudo o que me rodeia mas o que levará uma garota de 13 ou 14 anos a pavonear-se no centro de Guimarães, num domingo à tarde, vestida de prostituta? E que razão terá a sua mãezinha avantajada para a acompanhar, embevecida e orgulhosa, atrelada ao caniche irritante? E a quem estará ela a telefonar animadamente? Há coisas que me transcendem, confesso.
posted by VLX on 11:20 da tarde
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NARCO-ANÁLISE ( II):
A ONU estimava em 1998 a existência de 3 milhões de heroinómanos no Irão e de 2 milhões no Paquistão. Entre 1983 e 2003 morreram, em confrontos com traficantes, ao longo da fronteira afegã, 2700 polícias iranianos. A recordação destes números serve dois propósitos:
1) O ópio afegão é um problema na Europa e nos Eua como o é na zonas adjacentes à área de produção.
2) O Irão ( e não só ) paga um preço que nenhum país ocidental seria capaz de suportar em matéria de luta contra o narco-tráfico.
Posto isto, e no seguimento do primeiro post da série, comecemos a explicar por que motivo bastaria conhecer um pedacito da história recente do ópio, no designado Crescente Dourado, para abandonar a ideia pateta da política de erradicação forçada. Os taliban foram os primeiros a optar por esse método e, ao contrário do que muitas vezes é difundido, não o fizeram pela primeira vez com o célebre decreto de 27 de Julho de 2000. Dois anos antes, o Mullah Omar, que vinha imitando Khun Sa ( da Birmânia dos anos 70) na pretensão de vender as colheitas aos EUA, preparou a operação de 1999 que destruiu 200 cozinhas, 34 laboratórios e umas centenas de hectares na província de Nangrahar. O único resultado palpável foi o de deslocar a produção para Laghman, Logar e para o sudoeste, no Helmand; nenhum traficante foi preso, todos os warlords que taxavam o ópio com o usher ( 10% da colheita) continuaram a trabalhar. No norte, o ópio de Badakhshan fez as delícias da Aliança do Norte quando o Mullah Omar emitiu o célebre decreto de 2000. Depois, com a chegada dos EUA, Hazarat Ali, o patrão de Jalalabad, passou a deter o exclusivo do narco-tráfico ao longo da fronteira paquistanesa. Ainda pior, se no ano agrícola afectado ( 2001) a produção caiu de 4.042 toneladas para 81, o problema só aumentou. Como dizia Abdul Rashid, o chefe dos serviços anti-droga de Kandahar em 1997, não é possível banir o ópio sem tramar o povo que trabalha a terra. E enquanto os taliban conseguiram, durante pouco tempo e à custa de muita violência, proibir o cultivo, o comércio não parou: o ópio, meus amigos, é um produto não-perecível e existe um stock imenso pronto a escoar ( sensivelmente dois anos da produção média da zona nos últimos dez anos). Entretanto, o caos e a raiva reinavam nas zonas onde os agricultores faliam numa dimensão que um europeu já não consegue imaginar ( sem subsídios nem segurança social ) . Por saber tudo isto, o regime tinha acabado de levantar a proibição quando os americanos lhes entraram porta adentro. Existem muitas teorias acerca da facilidade com que os taliban cairam, e uma delas aponta o decreto de Julho de 2000 como uma das principais causas.
Nos próximo números: mais umas tintas sobre o desenho e a identificação das principais fontes utilizadas ( se houver espaço).
posted by PC on 3:53 da manhã
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AVISO À NAVEGAÇÃO: Estou sem função "draft", pelo que só posso corrigir os erros e as gralhas do último que publico, e isto se não tiver terminado a sessão. No caso do textinho sobre sapatos e pernas já não pude corrigir o que precisava. As minhas desculpas.
Na página 7 do P2 do "Público" ( edição Porto), ao lado das pernas de uma refugiada estropiada, está algo que se parece vagamente com par de pernas com uns sapatos azuis. Parece que é um desfile da nova tendência. E parecem as pernas de uma maratonista etíope branca que enfiou as pulseiras para o suor no sítio errado. E a maratonista desnutrida parece que calça um tupperware de tampa azul. Tempos difíceis para um apreciador.
Quanto tempo falta para Chavez nacionalizar as consciências dos venezuelanos? Ele há muito açambarcador dessas coisas. Qualquer tiranete que cuspa em Bush atrai uma simpatia patológica ( ou "patoempatia" ou " simpatofrenia " ) que não é de hoje ( sem Bush, claro). Não se aprende, não se aprende.
O Fatum estóico - todas as coisa ocorrem por necessidade - é uma espécie de Providência cega. Calvino, que comentou Séneca antes de se alistar na Reforma, falava de uma máquina celestial para tentar compor as coisas. Não nos cansemos: quem mexe os cordeis sabe muito bem onde eles estão.
posted by FNV on 8:34 da tarde
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NARCO-ANÁLISE (I):
O Banco Mundial publicou em Novembro passado um relatório - Afghanistan's Drug Industry: Structures, Functioning, Dynamics and Implications for Counter-Narcotics Policy - esclarecedor sobre a situação afegã, no qual descreve como um falhanço absoluto a política de erradicação forçada do cultivo da papoila dormideira. Em 2006, dados do UNODC, o cultivo cresceu 59% e a produção 49%. O Banco Mundial alerta para o facto da economia do ópio constituir 1/3 do total da actividade económica do Afeganistão, pese o cultivo da papoila ocupar apenas 4% da área cultivável. Fontes militares britânicas revelaram ao Independent on Sunday ( 21/01/07) que o cultivo da papoila na área do Helmand, onde 4000 soldados ingleses estão estacionados ( é o termo exacto...), cresceu 160% ( !) relativamente ao ano passado. Debaixo das suas barbas, literalmente. A inssureição ( ou ressureição?) taliban apresenta duas faces : uma institucional, ligada às Al Qaedas e a grupos paquistaneses, e outra que tem sido designada como grassroots. Estes últimos são bandos directamente recrutados nas famílias que ficam sem as colheitas de ópio e que acabam por engrossar a guerrilha convencional ( uma invenção moderna). Não admira: os taliban estão a pagar 12 U$ /dia contra os 2 U$/dia que oferece o exército governamental. O método EUA-Karzai-UNODC tem sido de uma estupidez notável: destruindo as colheitas de uma dada zona, cria brigadas de grassroots que reforçam as milícias taliban; de seguida a zona é militarmente perdida, instalando-se os taliban que, por sua vez, reintroduzem o cultivo da papoila à escala agro-industrial. No próximo número veremos como tudo isto era previsível : bastaria ter lido a história recente do ópio na região. Veremos também como os ingleses estão finalmente a compreender alguma coisa e a marimbar-se para os burocratas do UNODC.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.