O artigo de Gregory Paul e Phil Zuckerman, Why The Gods Are Not Winning, na Edge deste mês. Sempre que nos desenvolvemos perdemos a fé ( Freud já o tinha explicado) , os ricos são dados ao sobrenatural, os fanáticos preferem manter os seus rebanhos em condições miseráveis. Obviamente.
posted by FNV on 6:29 da tarde
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MAUTHAUSEN-GUSEN:
Foi há 63 anos que o complexo nazi com este nome foi libertado. Nele morreram cerca de 60.000 prisioneiros, sobretudo comunistas, combatentes espanhóis contra Franco, homossexuais e ciganos. Fuzilamentos, maus tratos e, numa última fase, gás, foram os métodos preferidos. O campo foi libertado pelo 41º Esquadrão de Reconhecimento da 11ª Divisão Blindada do 3º Exército dos EUA. 2744 prisioneiros morreram no mês seguinte à libertação. Como havia poucos judeus em Mauthausen-Gusen, talvez esta memória seja deixada em paz.
posted by FNV on 5:27 da tarde
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BAPTIZADOS COM ÁGUA QUENTE:
Desde que o PCP amuou, Lisboa nunca mais se governou. João Soares, sozinho, não conseguiu, Carrilho também não. O PSD serviu para apoiar Abecassis, o CDS-PP para mudar os cortinados e o BE para interpor providencias cautelares. Voltem, camaradas !
SEU BRINCALINO…: Mário Lino parece ter querido entrar também na brincadeira. Evocar a sua qualidade de Engenheiro Civil inscrito realmente na respectiva Ordem para justificar a Ota como opção para o aeroporto está boa. Deve ir uma galhofa, lá para as bandas do governo…
A Liga da Temperança ainda não conseguiu explicar por que motivo proibir o sr. Zé de abrir um bar só para fumadores ( ao lado de dezenas de outros que cumprirão a lei) desprotege os não-fumadores. E como não conseguem explicar, lá vão, entediados, dizendo que isto é uma discussão estúpida. Têm toda a razão: quando assumirem que o que se pretende é acabar com o hábito de fumar, a discussão termina.
posted by FNV on 2:56 da tarde
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UMA EXPERIÊNCIA HUMILHANTE:
Tenho duas contas em dois balcões do Millenium separados por 800 metros, no centro de Coimbra, e pretendi juntá-las no mesmo. Cuidei ser um procedimento simples. O funcionário dá-me um papel que começa por "Solicito que...". Estranhei a solicitude imposta, mas lá preenchi o pedido. É então que o funcionário me diz que tenho de justificar os motivos pelos quais pretendo juntar as duas contas no mesmo balcão. Recusei e cancelei o pedido.
Na minha ingenuidade pensava que um cliente não tem de justificar as razões pelas quais quer uma conta neste ou naquele balcão. Pensava que a banca não se intrometia na organização dos trajectos pedestres dos seus clientes. Da próxima vez que ouvir um arauto das virtudes do mercado, tapo as orelhas. Entretanto vou mudar... de banco.
posted by FNV on 10:56 da manhã
#LEOPARDICES (VIII):
Ainda por falar nos leões de Tsavo, a história do grego Temístocles Pappadimitrini. O homem também trabalhava na construção da ponte ferroviária sobre o Tsavo ( era comerciante) e estava um dia a dormir na sua tenda quando um dos leões entrou. O bicho ainda era inexperiente e em vez de levar o servo de Zeus ( por acaso o seu ilustre antepassado nem era filho de mãe grega) levou um colchão de palha. Temístocles não festejou muito tempo. Passadas umas semanas foi até ao sopé do Kilimanjaro comprar gado e na volta perdeu-se. Ficou sem água e morreu. Moral da história: os leões tentam, o destino acerta.
"Lição de democracia é o que Israel dá ao mundo", diz Ana Gomes no Causa Nossa a propósito do relatório Winograd. Nazi-sionista, filo-judaica ou cripto-genocida? É aborrecido, não é?
Dizem que o dr. Santana Lopes se vai candidatar a Lisboa. Espero que sim e espero que ganhe. A Figueira da Foz tem recuperado lentamente ( este ano voltarei lá) e agradecia que não a incomodassem.
O hidden persuader, no seu post "Um aperto desafogado" (http://bichos-carpinteiros.blogspot.com), tira a conclusão certa: que raio de aperto financeiro é este que continua a devorar hi-fi, plasmas, viagens e quejandos?
posted by FNV on 10:26 da manhã
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A VIDA COMO ELA É:
Os nossos cavaleiros armados contra os seus cavaleiros, as nossas quadrigas contra as sua quadrigas ( Eurípedes) . É o cenário diante da porta Electra, é o cenário de uma trégua ( para que se sepultem os argivos mortos). Estranho ? Muito. Nos nossos dias os mortos são enterrados na televisão e não valem uma trégua.
Na História das drogas, tabako seria o nome que os cubanos pré-Fidel e pré- Colombo davam às folhas do dito enroladas e prontas a fumar. Seria: nesta área há muitos criativos. Esperei o debate público e parlamentar sobre a proibição do coiso para ver se destapavam a careca. Em vão. O aspecto que me interessa não é médico nem legal, isso fica para quem sabe. O que me interessa são os fundamentos da estratégia. Não por acaso, a coisa começou nos EUA, berço dos quadros experimentais do controlo cognitivo dos comportamentos. Asch, Sheriff, Hollander e muitos outros trabalharam, a partir dos anos 50, os factores que levam as pessoas a adoptar novas atitudes face a velhos problemas. Isto cruza os estudos sobre o conformismo com os da inovação minoritária e é, evidentemente, muito abrangente. E a careca é brilhante: por que motivo não se continua a permitir a existência de dens públicos ( reaturantes, discotecas, cafés) para fumadores, onde os santinhos estão dispensados de entrar? A resposta é evidente: não se trata de proteger os ex-fumadores, trata-de de extinguir, pura e simplesmente, o acto de fumar. O pessoal irrita-se com o lado holístico da coisa, mas a verdade é que não poderia ser de outro modo. Estes cruzados foram minoritários no início, e só continuaram porque seguiram a cartilha: não há excepções. Quanto mais difícil é batalha de mudança de atitudes e de comportamentos, mais essencial é convencer as pessoas sobre a natureza radical da mudança. A permissão de santuários nicotínicos daria sempre a ideia de que eles estão disposto a negociar. Não estão: se o fizessem, perdiam.
Um bom livro para leopardos é o Le Festival des Cadavres. É escrito por um professor de literatura grega na Universidade de Caen, o sr. Bernard Deforge, e já tem uns anitos ( Belles Lettres, 1997 ). Os cadáveres são sempre bem tratados pelos devoradores de homens : não sobra nada. Deforge fala de um goût de mort, mas, como é dado à psicanálise, exagera. Há para aí locais com muitos corpos desperdiçados, o que é perigoso pois foi assim que os leõe de Tsavo aprenderam o tal goût de mort. A Lunatic Line ( que o Império lançou de Mombaça até ao meio de lugar nenhum) esgotava os trabalhadores indianos cujos cadáveres eram atirados para o mato ( o elegante estilo brittish tão do agrado do Prof. Espada) . Os dois famosos leões aprenderam e passaram a exigir sempre o prato do dia.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.