Corre na blogosfera uma urgentíssima discussão sobre o sexo anal. Envolve o Pedro Picoito, a Fernanda Câncio, a Patrícia Lança, o Daniel Oliveira e até a Maluquinha de Arroios. Não pretendo intrometer-me, até porque o toiro está entre tábuas, mas deixo uma ou duas notas. Um rabo feminino é uma dávida da natureza que deve ser respeitado, ou seja, intensamente desejado. Se seguirmos Tertuliano já estamos em maus lençóis. É suficiente, creio bem. Um rabo extraordinário deve ser cortejado com temple e minuciosamente estudado: não se bebe qualquer coisa, não se janta com qualquer um. Quem conversa com as plantas percebe o que eu quero dizer. A partir daí, tudo o que acontece depois observa as regras da politesse. Quanto ao problema homossexual não posso dizer nada, ainda não estive preso. Se quiserem conversar sobre pernas, esse prolongamento da felicidade, então podem contar comigo.
Que ainda não é desta que o PSD se encontra. É o único partido no qual me filiarei quando tiver maturidade suficiente ( aguentar jantares em pavilhões, reuniões e essa coisada toda). É o único partido moderno e popular, porque foi criado quando o país chegou ao século XX e porque assentou na gente que respirou essa mudança. Sofre com Sócrates como é natural que sofra com qualquer rival pragmático, mas tem a vantagem de ver o PS sofrer também. O que é deveras assinalável. Será porventura soberba minha - ignoro os intestinos do processo - mas parece-me que hoje os barões não querem saber do partido. Os barões eram importantes quando viviam o partido: aumentavam o nível, assobiavam de longe, tocavam o sino. Exerciam influência e só ocasionalmente exigiam poder. Agora apenas existem pequenos prebostes atarefados e enérgicos, e as pessoas ( não só os militantes) sentem-se desorientadas. Se o líder socialista é pragmático e só pensa no amanhã, cabe ao PSD fazer precisamente o contrário: estudar, pensar e, se preciso for, dar de barato uma corrida eleitoral. Insistir, mesmo sabendo que aquilo que se pretende não funciona, é um princípio ( confucionista) para os tempos difíceis. E os próximos tempos serão difíceis.
Oa reis punham a arte de falar ao serviço da prudência, ensinava Sinésio de Cirene nos Relatos Egípcios. Os ministros do sr. Brown dizem agora que foi um grande erro terem experimentado canabis no tempo em que não tomavam banho. Não. Grande erro foi terem-se tornado ministros.
Anda muito popular na direita portuguesa, advinham-lhe grandes feitos. Tem os olhos um bocadito separados demais e ainda assim excita os orfãos da liderança forte. Seja como for, até agora apenas organizou uma ou outra course à bagues. Nada que justifique o parentesco napoleónico. Bateu a candidata socialista ? Malraux recebeu de De Gaulle um bom conselho sobre a natureza das vitórias: "vitórias que são só vitórias não levam longe" ( o mesmo se aplica a António Costa). O general pensava em Maurice de Saxe, que ganhou tudo - da Silésia à Boémia- mas nunca igualou, na memória dos franceses, o derrotado Napoleão. Resta que suspeito que Sarcozy, na primeira oportunidade, trocará as bravatas e os amigos americanos por uns pontos extra nas sondagens. E quanto mais próximo das eleições, pior.
Como a opulência está nos costumes e não nas riquezas ( Montesquieu), endividamo-nos cada vez mais. Um televisor de plasma sempre faz mais vistaça do que uma prestação do crédito à habitação à solta pela casa. No sexo e no amor o burro vai pelo mesmo trilho: costumes opulentos, coração penhorado.
DEMOCRACIA E ESTALINISMO: Via quase em português, chego a este post de João Gonçalves. Todos sabemos que uma lei, por sê-lo, não é necessariamente boa: há leis boas e leis más, e faz parte da liberdade democrática criticar as leis de que não gostamos, chamando-lhes boas, más, péssimas, nojentas, etc. Quanto a isso não há questão. Só não podemos é chamar "estalinista" (sem aspas no original) a uma lei cujo conteúdo foi objecto de referendo, votada pela maioria dos representantes do povo e promulgada pelo Presidente da República. Porque aí já não estamos a criticar a lei: estamos a insultar a democracia. O que nunca é uma boa maneira de tirar desforço - a não ser, claro, para os estalinistas verdadeiros.
Saudade dos vivos é impotência: deixámo-los partir. Saudade dos mortos é ignorância: eles não podem regressar.
posted by FNV on 11:58 da tarde
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ESPRIT DE PIS FAIRE:
Marques Mendes acaba de dizer ( SIC-N) que tem dado a volta ao país, porque em tempos de oposição não há nada para dar aos militantes. O homem do aparelho foi honesto e os velhos hábitos morrem tarde.
posted by FNV on 10:42 da tarde
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ASSOBIO DE COBRA:
Quanto vale a aposta como, de mansinho, a "deriva autoritária" vai sair da agenda? Os desgraçados que sofreram com o aperto do aparelho socialista, como outros sofreram com o aparelho de Marques Mendes no tempo do cavaquismo ( um dia destes conto umas histórias passadas no CAT de Coimbra), serão abandonados à sua sorte. No PSD, o tempo agora é de melão e de vinho de tostão.
Enquanto o PS apresenta divisões ideológicas ( boas ou de plástico), o PSD exibe competições de cabeleiras. Isto, parecendo que não, enfraquece o partido. Se ainda existe algum interesse pela política, é nos partidos que ele deve ser procurado. Para bicicletas e tiradas gongóricas já nos basta os independentes. O PS tem uma ala ultra-esquerdista ( Ana Gomes, Alegre), uma ameia moderada ( os sampaístas e os soaristas de antigamente), um pequeno bastião conservador ( Jaime Gama) e uma facção "vendida ao neo-liberalismo" ( Sócrates e seus muchachos). O PSD, que também já foi assim, agora só tem uma razoável colecção de penteados e fatiotas. As boas cabeças pensam fora do partido ou partiram para Cápua, deixando o partido entregue a um inevitável discurso de misses .
posted by FNV on 12:45 da tarde
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ODI ET AMO ( V):
Este Verão encapuzado tem as suas virtudes. Os aromas escapam-se menos das xanatas das delegadas do Ministério Público, os escarros e as fezes são varridos dos passeios e bebe-se menos água. A civilização progride quando menos se espera.
O CONJUNTIVO INDICATIVO: Ninguém como Marcelo Rebelo de Sousa utiliza tantas vezes a expressão "se eu estivesse no lugar dele, (...)" em relação a lugares em que, efectivamente, já esteve. E dá ideia de que ninguém ouve os seus conselhos menos do que ele próprio o fazia.
1) O que é bom para Lisboa é bom para o resto do país;
2) Paulo Portas, habillé à la royale, está como Lili Caneças: Portugal é pequeno demais. Encontrar-se-ão nos EUA;
3) O 4º lugar de Ruben de Carvalho seria vital para a democracia e para o bom gosto. Infelizmente, a hárpia neo-independente, com o seu discurso iogurte de bífidos activos, não deixou.
4) Os votos do CDS mais os de Manuel Monteiro dão para aí uns 3%! Podiam fundar um partido.
posted by FNV on 8:04 da tarde
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UM COMENTÁRIO:
Gosto das vitórias das esquerdas: o povo deixa de ser uma turba boçal, ignorante e alvo fácil da chantagem populista. Gosto mesmo.
posted by FNV on 7:47 da tarde
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ODI ET AMO (IV):
Hoje em dia é difícil arranjar uma boa mulher - asseada, ilustrada, neurótica, sexualmente competente, boa mãe - mas é fácil arranjar uma mulher boa : deprimida, técnico-sexualmente avançada, vadia e sem pachorra para conversas de biberons.
posted by FNV on 4:25 da tarde
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NÃO SE VIA ISTO DESDE OS TEMPOS DA PIDE:
Esta chuva está a estragar a agenda fogosa das televisões ( parece que já tinham encomendado fatos de amianto). Mas também está a estragar a agenda de Marques Mendes que já se preparava para, no terreno e em mangas de camisa, incendiar a política de fogos do governo. Os incêndios, de momento, estão a sofrer de pirofobia democrática.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.