Há que não aprecie um projecto enfadonho e faz muito bem. Dispensará um arquivo inteiro de discusões familiares ( só possível se os personagens permanecem) e fará uma aliança com o trabalho, com o cão, com os amigos. De alguma forma tentará que o mundo de hoje se pareça um bocadinho com o mundo de ontem.
posted by FNV on 10:15 da tarde
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ODI ET AMO ( XV):
Mais do que o amor, a aliança. A inteligência ( não a "emocional" dos psicólogos mas a simples, a da sobrevivência) reconhece o tempo como aliado. Saber esperar por diferentes instantes e versos, saber viver neles. Se só quisermos petiscar, devemos variar. Escolher um restaurante diferente todos os dias não exige um córtex muito descascado.
posted by FNV on 9:27 da tarde
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MAIS DO MESMO:
Não engolem e engasgam-se. Alexandra Prado Coelho escreveu ontem no Público ( uma notícia e não um artigo de opinião, note-se...) que " os franceses estão irritados com Cécilia Sarkozy". E baseou-se numa sondagem? Visitou ela própria centenas de milhares de lares? Não: leu a citação que a BBC fez das participações de alguns ouvintes num programa da rádio Europe1. Jornalismo da mais fina água.
O amor fede. A pólvora, a promessas, a juras descabidas, fede sempre. Um bom perdigueiro traz à mão porque foi ensinado.
posted by FNV on 9:16 da tarde
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ODI ET AMO (XIII):
Elas cruzam os braços sobre os joelhos recolhidos. São infelizes e sempre crianças. A estas mulheres recomendo Clemente de Alexandria: quanto mais não seja distraiem-se do umbigo. Falam baixinho e sofrem muito. A estas mulheres recomendo blogues: quanto mais não seja confundem os dedos.
posted by FNV on 9:11 da tarde
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ENGENHARIA DOS PATETAS:
Faz-se uma grande equipa vendendo o capitão e autor de 75 golos.
Marques Mendes condenando, sem reservas, a bandalheira madeirense e recusando-se a comparecer no Chão da Lagoa. Somos as escolhas que fazemos e ele sabe-o.
OPOSIÇÃO?: Uma das grandes tragédias da vida política portuguesa prende-se com os motivos pelos quais o "partido da oposição" (seja o PS, seja o PSD - sendo esta bipolarização outra tragédia) nunca consegue cumprir o papel que lhe estava destinado. E o principal motivo é o facto do líder do partido da oposição ter sempre enormes "rabos de palha" em todas as matérias em que teria, em condições normais, excelentes armas de arremesso contra o Governo. Neste aspecto, Marques Mendes - com as suas décadas de palco político - é o exemplo patológico desta igualmente patológica situação. Sempre que abre a boca contra o Governo - e, hoje em dia, já parece ter medo de o fazer - é imediatamente recordado de acções ou declarações contraditórias com o seu discurso e que esvaziam completamente o efeito político que se poderia retirar da justiça objectiva das suas críticas. O efeito é tão perverso que o Governo e o PS nem precisam - nem querem, nem podem - de responder ou explicar situações que fariam abanar qualquer governo no mundo civilizado: basta-lhes "atacar" no plano subjectivo - e com sucesso - a credibilidade política de quem profere as declarações incómodas. Quem perde com isto? Certamente que não são os partidos visados nem sequer os seus líderes ou a hierarquia partidária, os quais vivem de uma lógica interna que, aparentemente, é impermeável à realidade do país.
O IMPREVISTO PREVISÍVEL: José Mourinho sabe que o faro dos holofotes procura o imprevisto. Se desse, agora, mais uma entrevista outrageous, poucos ligariam. Decidiu, por isso, que "this year I will be more mellow, yes, mellow" (revista de imprensa cortesia da Micha). Mais lá para a frente, previsivelmente, arranjará outro imprevisto. Fica um presente para o grande estratega: Billie Holiday & Lester Young, Fine and Mellow. Acho que Mourinho também não desgostará da letra.
O dr. Fernando Charrua parece ser o melhor candidato a líder do PSD. Pelo menos é o único que incomoda.
posted by FNV on 10:06 da tarde
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ODI ET AMO (XII):
É evidente que não foram as vitórias legais dos homossexuais que destruiram a família tradicional. Isso é orgasmo de costureira. A liberdade de relacionamento é que nos voltou a pôr diante de um dilema: prole assistida ou felicidade breve? As duas coisas são naturalmente incompatíveis. O velho Freud, o dos textos tardios e sombrios, avisou a tempo: é tudo remédios. Gente normal não lobriga qualquer vantagem em criar filhos até ao fim, porque eles criam-se de qualquer maneira. A troca, um potlach de plástico, é vantajosa: eu fico com os meus instintos, vocês ( baterias de psicólogos, assistentes sociais, professores, juristas) cuidam das crianças.
Evolui, infecciosamente, a rábula do "sou de esquerda na política e conservador nos costumes". O declarante padrão é normalmente alguém que suspirou pelo Che em novo, agora suspira pelo Mercedes novo que nunca mais chega e amanhã suspirará de alívio se não encontrar preservativos na malinha da filha de 16 anos. Como sou do contra, costumo declarar na alfândega que "sou conservador na política e de esquerda nos costumes". Seja lá o que isso queira dizer.
Não quero que julguem que existe algo de heróico na durabilidade de uma ligação. É só sobrevivência, pode é ser mais inteligente. Muitas coisas podem terminar com um automobilista alcoolizado, muitas coisas acabam com uma TAC bem feita. O tom certo é a cor da descendência: dar-lhes um mundo que possam estragar é mais razoável do que estragar-lhes um mundo que não podem consertar. O resto é um saco de amendoins.
posted by FNV on 11:20 da tarde
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ODI ET AMO (X):
E depois há morte, as relações produzem bactérias. O velho Reich, que acreditava na felicidade sexual, beberia um café e voltaria para a tumba perante o diorama. Tudo acasala com quem quer, mamas e rabos ao léus são tão raros como areia no deserto e ainda assim a fluoxetina é que manda. Quando postulámos que as meninas seriam felizes se casassem com quem quem quisessem e se pudessem dar bom uso ao botãozinho, estávamos certos. Esquecemo-nos, no entanto, que tal arranjo implicaria um rearranjo essencial: a solidão teria de ser a alavanca. Se queremos sossego para nos masturbarmos não podemos esperar aplausos.
Querer ficar com alguém até ao fim da vida é um projecto megalopata. Hoje ( desde os anos 50) pensa-se que a ousadia reside na experiência sucessiva. Nada mais errado. Descobrir todos os dias motivos suficientes para não deixar o outro - uma facilidade obrigatória - é uma tarefa que faz de Sade um menino de coro. Dor e recompensa, o abandono sempre no horizonte, dá uma tesão insuportável.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.